Ato público convoca para plebiscito da Vale em BH
Tentar recuperar uma riqueza do povo brasileiro. É com esse sentimento de nacionalismo e soberania que centenas de pessoas estão se preparando para o Plebiscito da Popular “A Vale é Nossa” em todo o país. Em Minas, a mobilização levou os movimentos sociai
Publicado 31/08/2007 20:04 | Editado 04/03/2020 16:52
A empresa foi privatizada no governo do Fernando Henrique Cardoso e o processo coleciona uma série de denuncias de irregularidades. Agora, os movimentos sociais clamam a população para juntos garantir a retomada da “empresa que foi dada de presente prar grupos estrangeiros, e que o dinheiro foi financiado pelo nosso Banco Nacional de desenvolvimento”, como explicou a deputada federal Jô Moraes (PCdoB) durante sua fala no ato público em Belo Horizonte.
As urnas do Plebiscito estarão em todo o Brasil entre os dias 1 e 7 de setembro. “Mais do que ninguém os mineiros sabem a importância que tivemos para a construção da empresa Vale do Rio Doce. Uma empresa que buscou transformar a matéria prima viva em minério para desenvolver a estrutura do país” acrescentou a deputada.
A tentativa de reestatização não é a toa. Há uma possibilidade de reverter o leilão na justiça, já que desde 2005 uma decisão do Tribunal Regional de Brasília resolveu retomar o julgamento de anulação da privatização, pedida por uma Ação Popular. Desde então, muita esperança foi depositada nessa possibilidade e as lideranças que foram as ruas nesta sexta-feira falaram sobre isso. “Esse plebiscito traz uma reflexão profunda do povo brasileiro no que diz respeito a herança deixada pelo governo tucano. Um dos atos mais absurdos contra o patrimônio do povo brasileiro foi a entrega da Vale. Por isso, este ato é um instrumento que irá mobilizar e unificar os movimentos sociais ” convocou o vereador de Belo Horizonte, Paulão (PCdoB).
A CVRD, avaliada na época do leilão em R$ 10 bilhões, foi vendida por R$ 3,3 bilhões (valor correspondente a 45% das ações ordinárias com direito a voto). O especialista em energia, Bautista Vidal, disse na época da privatização que estudos independentes estimaram o real valor da empresa em mais de R$ 1 trilhão. A subavaliação da empresa no momento da venda foi fruto da desconsideração do valor patrimonial de seu complexo empresarial e dos direitos de lavra de minérios. Foram apreciados no cálculo apenas os valores das ações da Vale no mercado.
A pergunta do plebiscito será se a Companhia deve ou não continuar nas mãos do capital estrangeiro. O resultado vai ser entregue para o poder Executivo, Legislativo e Judiciário, como mecanismo de pressão pela nulidade do leilão da Vale. O estudante André Peixoto, que deixou o seu voto durante a mobilização da praça sete argumentou que essa semana será decisiva para reconquistar a empresa. “É muito importante que a população venha colaborar para a anulação do leilão. É a esquerda brasileira se posicionando contra o erro cometido por FHC”.
De Belo Horizonte,
Gabriela Nascimento e Mariana Arêas