Publicado 12/09/2007 10:29 | Editado 04/03/2020 17:19
As lutas operárias tem várias fases. Mas a principal sem dúvida alguma, é a mobilização consciente. A atual conjuntura, que para muitos é das mais difíceis, mostra um cenário de diminuição de postos de trabalho. E por outro lado, há uma renovação de quadros.
A cada ano são milhares de pessoas que buscam um emprego para sua sobrevivência, entrando pela primeira vez no mercado de trabalho cada vez mais competitivo. E vai confrontar com trabalhadores mais antigos.
A classe patronal se beneficia dessa possibilidade, pois é um fator de divisão, de colocar dificuldades na mobilização. E consequentemente diminui o poder de pressão para a manutenção de direitos ou para novas conquistas. É preciso citar também que o jovem, na sua vida estudantil, não discute a questão importante que é conhecer a história do movimento operário.
Ao conseguir o emprego, tem algumas questões que ele desconhece por completo, como os direitos trabalhistas. Não é incomum a atitude de considerar tais direitos como uma concessão patronal.
Qual a saída para o grande problema? Como promover a mobilização? Como motivar os trabalhadores não apenas para lutar por modificações, mas em alguns casos, até para garantir os direitos existentes.
Vejamos alguns casos. Se começarmos pela avaliação da estrutura sindical por local de trabalho vamos encontrar um quadro extremamente frágil. Com rarissimas exceções, o sindicalismo brasileiro não se faz presente no chamado “chão de fábrica”.
Temos uma verdadeira aberração na formação sindical, que não exige para a constituição de uma diretoria, a distribuição de representantes por local de trabalho. E mais ainda, diretores de Sindicato que estão exercendo suas atividades profissionais habituais, quase sempre desconhecem questões elementares. E são mesmo desconhecidos na empresa onde trabalham.
Há ainda outra situação, ou seja, o chamado vanguardismo. São grupos que dão mais ênfase à ação determinada pelo seu partido político. E promovem ações nem sempre debatidas com as bases. E consequentemente, sem repercussão positiva na politização dos trabalhadores.
São momentos de agitação, de ação de diretores e não da massa trabalhadora, às vezes surpreendida pela manifestação promovida pelos dirigentes do seu sindicato. As reivindicações não são devidamente esclarecidas, os encaminhamentos são confusos. Os resultados nesse caso não são nada animadores.
Este tema, organização sindical é muito complexo. E exige debates, avaliações, estudos de suas variáveis e a busca de caminhos que permitam mudar o quadro atual.
É preciso por exemplo pensar seriamente na reforma sindical, levando em conta a forma de estrutura mais adequada a cada categoria em termos de composição de sua direção. É preciso pensar como formar a organização em cada local de trabalho. Mas não pode ser esquecida a preparação teórica, a motivação para que o militante tenha o preparo suficiente para ser uma referência e por conseguinte valorizando a Entidade que está representando.
Há outros pontos a serem discutidos. Uma evidência é que quanto mais o assunto for adiado, mais derrotas teremos para a classe operária. Portanto, as direções ligadas às políticas sindicais precisam assumir o papel de incentivadoras da busca da verdadeira estrutura sindical que precisamos. E quanto mais tempo o debate e o envolvimento do trabalhador for adiado, mais dificuldades surgirão.
Uriel Villas Boas – Coordenador da CSC – Baixada Santi