90% dos trabalhadores dos Correios estão em greve
Agências dos Correios de todo o país amanheceram fechadas nesta quinta-feira (13), primeiro dia oficial de greve da categoria. Após assembléias em vários estados nesta quarta (12), os funcionários da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) decid
Publicado 13/09/2007 12:39
Dos 33 sindicatos da categoria, pelo menos 28 aderiram à greve. Apenas quatro estados ainda não iniciaram paralisação: Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe e Mato Grosso do Sul.
Já, segundo a ECT, as 12.329 agências de todo o Brasil estão abertas, recebendo correspondências e a paralisação é parcial e localizada.
A ECT já suspendeu os serviços de Sedex Hoje (que entrega correspondências no mesmo dia), Sedex 10 (que garante entrega até as 10h do dia útil seguinte ao da postagem) e de Disque-Coleta (de atendimento em domicílio) nesta quinta-feira (13), primeiro dia da greve.
A ECT é maior empregadora em regime CLT do País e dos seus 110 mil funcionários, 56 mil recebem salários inferiores a R$ 800. Um carteiro recebe salário inicial bruto de R$ 524,08.
Reivindicações
Os carteiros reivindicam um aumento salarial de 20%, com a correção de 6,57% referente à inflação a partir de agosto. Exigem também um piso salarial de R$ 931, o atual é de R$ 448. Na rodada de negociações desta quarta, a empresa apresentou proposta de reajuste salarial de 3,74% enquanto que os carteiros querem um aumento real de R$ 200. A essa última proposta, os Correios ofereceram R$ 50, a serem pagos somente em janeiro.
“Ainda é muito pouco. Um carteiro tem salário inicial de R$ 524 e um diretor recebe cerca de R$ 24 mil. Queremos um processo de recuperação salarial”, explicou Jacó.
Além de aumento no salário, os trabalhadores pedem licença maternidade por seis meses e adicional de insalubridade, além da defesa de o setor de correspondências e entrega de encomendas continue estatal.
Segundo o Comando Nacional de Greve, a empresa informou “que não vai discutir” essas outras reivindicações. “Esperamos que o Governo, presidente da ECT, o Ministro das Comunicações Hélio Costa, Ministro do Planejamento Paulo Bernardes e o Presidente Lula tenham sensibilidade para atender as justas reivindicações dos trabalhadores”, diz nota divulgada pela categoria. A nota também destaca que “os trabalhadores dos Correios estão preparados para a luta e a adesão é uma das maiores de todos os tempos.”
Com a greve, quase 35 milhões de objetos deixaram de ser movimentados nesta quinta e cerca de 70% das cargas em aeroportos foram bloqueadas em todo o País, segundo Jacó.
Rio de Janeiro
Mais de 3.500 trabalhadores, de diversas localizações do estado, participaram da assembléia desta quarta que rejeitou a proposta da empresa ECT.
Durante a leitura do informe do Comando Nacional de Negociação, que indicou a paralisação, os trabalhadores vaiaram cada cláusula onde são apresentadas perdas nos direitos sociais. Para a secretária-geral do Sindicato, Ana Zélia, ''a empresa vai se surpreender com a greve, que vai fazer história no Rio de Janeiro''.
São Paulo
Cerca de 34 dos 37 mil trabalhadores do estado já cruzaram os braços nesta quinta. A greve foi decidida na assembléia realizada na Praça da Sé, na região central da capital paulista nesta quarta. Os funcionários da região de Bauru, no interior do Estado, vão esperar nova negociação para decidir sua adesão ao movimento.
Piquetes estão sendo organizados para impedir o funcionamento de agências da ECT, inclusive nos terminais de distribuição de correspondência e encomendas, em Vila Leopoldina, na zona oeste, e até mesmo no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Na manhã desta quinta-feira, entre 8h e 9h30, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), cerca de 60 trabalhadores dos Correios realizaram uma manifestação no acostamento da Marginal Tietê, no sentido Castelo Branco, cerca de 500 metros antes da ponte do Tatuapé. O trânsito não foi afetado.
A categoria deve realizar na tarde desta quinta assembléia no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Eles também defendem que O sindicato da categoria é filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Paraná
No Paraná, cerca de 600 trabalhadores participaram da assembléia realizada em Curitiba, que decidiu pela paralisação por tempo indeterminado. A decisão foi unânime nas assembléias realizadas também em Londrina, Ponta Grossa, Cascavel, Maringá, Foz do Iguaçu, Guarapuava e Pato Branco. Logo após a assembléia, os manifestantes seguiram em passeata até a sede dos Correios, onde passaram à noite acampados.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Nilson Rodrigues dos Santos, cerca de 1,8 milhão de correspondências simples, 60 mil registradas, e 30 mil Sedex deixaram de ser entregues em todo o estado. Ele calcula uma adesão imediata de cerca de 80% dos seis mil funcionários nas 360 agências do estado.
“Estamos sabendo que a empresa está mantendo contato com o Exército para realizar este trabalho, o que consideramos um absurdo”, disse.
De acordo com o sindicalista, a greve ocorre dois meses depois de serem esgotadas todas as tentativas de negociação. O secretário pediu à população que entenda que esse foi o último recurso da categoria na reivindicação dos seus direitos. Para ele, a responsabilidade pelos transtornos deve ser atribuída “a intransigência da direção dos Correios e não aos servidores”.
Pernambuco
Em Pernambuco, de acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa dos Correios e Telégrafos (Sintec-PE), Juarez Araújo, a adesão foi de 90% entre os funcionários da área operacional (carteiros, atendentes comerciais e trabalhadores dos setores internos) e de 20% entre os funcionários dos setores administrativos.
“Nós precisamos explicar à população que a greve tem razões justas. Estamos nesse movimento para ver se melhoramos os salários e conquistamos condições de vida mais digna. Os carteiros, que recebem um salário mensal de R$ 524, trabalham sobrecarregados. Eles precisam de um percentual de periculosidade, já que enfrentam riscos de assaltos entrando em favelas, de atropelamentos e ainda de serem mordidos por cães”, disse Roberto Alexandre da Silva, diretor do sindicato.
Os grevistas programaram para esta quinta a realização de piquetes em frente ao Edifício sede dos Correios, na Avenida Guararapes, onde funcionários da área administrativa da instituição continuam trabalhando.
O sindicato alega que em Pernambuco existe um déficit de 200 carteiros atualmente.De acordo com Aloísio Tenório, secretário geral do Sindicato, com a greve a média é de que 25 toneladas de encomendas fiquem retidas por dia.