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Diretores da UPES são expulsos de escola em São Paulo

Os diretores da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) Carlos Eduardo Pinheiro e Ismael Mota foram ''convidados a se retirar'', na última terça-feira (11), do prédio Consolação do Colégio Estadual Caetano de Campos, um dos mais antigos da c

Os líderes estudantis, que já realizam um trabalho com os estudantes há mais de um ano, entre eles a construção do grêmio, visitaram a escola com o objetivo de levar à diretora, Maria Luiza, uma proposta de gestão democrática.


 


''Ela nos recebeu, até estranhamos por que já sabemos da falta de democracia nas escolas de São Paulo. Apresentamos uma proposta para ampliar a participação dos pais, alunos e professores'', disse Carlos, que também é Secretário-geral da Umes-SP (União Municipal dos Estudantes).


 


De acordo com ele, a diretora recusou a idéia alegando que o colégio está em processo de ''revisão pedagógica''. ''Nós pleiteamos a participação do movimento estudantil. Acontece que mais uma vez a diretora recusou, dizendo que em um outro momento entraria em contato conosco'', disse.


 


Ele conta ainda que quando o grêmio foi citado como possível participante do processo de revisão pedagógica, a diretora respondeu de forma incisiva: ''O grêmio só me causa problemas''.


 


''Tentamos negociar. A diretora se mostrou irredutível quanto a nossa presença na escola, então falamos que colocaríamos um carro de som na porta da escola para poder fazer o debate com os estudantes. A resposta foi bem clara. ‘Se vocês fizerem isso, vou chamar a polícia’'', relatou.


 


Próximos passos


 


Ismael adiantou à reportagem do Estudantenet que haverá reunião com os integrantes do grêmio do Caetano de Campos marcada para esta semana. O objetivo é elaborar uma série de propostas relacionadas à gestão democrática, para ampliar a participação da comunidade escolar e também pensar soluções para problemas específicos da instituição.


 


''Logo depois das nossas propostas serem acertadas e discutidas com os estudantes vamos dar início as movimentações para instaurar de vez a democracia no Caetano de Campos'', convocou.


 


Violência e tráfico de drogas


 


Ao longo de mais de um ano de trabalho no colégio, a Upes e a Umes-SP fizeram um levantamento dos problemas que um dos mais antigos colégios da região enfrenta. Além do alto preço dos uniformes, que custam R$ 20 e são obrigatórios, da má conservação dos banheiros entre muitos outros problemas, as entidades apontaram o tráfico de drogas como um dos principais.


 


''O tráfico trouxe para dentro da escola um programa chamado Jovens Construindo a Cidadania, o JCC, que consiste no recrutamento feito pela Polícia Militar de pessoas com idade acima de 18 anos para fazer patrulhamento. O JCC já gerou casos de violência contra alunos, segundo relatos que ouvimos''.


 


O EstudanteNet tentou por três vezes entrar em contato com a diretora do colégio. Na primeira vez, um atendente informou que ela não estava em sua sala. Na segunda, atendia a mãe de um aluno. Na terceira tentativa o número deu sinal de ocupado.


 


Histórico anti-democrático


 


Não foi a primeira vez que a escola se recusou a receber estudantes que participam das entidades estudantis secundaristas. Em março de 2000, durante as mobilizações nacionais pelo ''Fora FHC'', a então presidente da Ubes, Carla Santos, foi detida pela PM enquanto mobilizava uma manifestação em frente à escola.


 


''Era cerca de 5h30 da manhã quando chegamos ao colégio naquele dia. Estávamos eu, o então presidente da Upes, o Emerson Martins, e mais alguns diretores da Upes e do grêmio da escola. Já haviámos, clandestinamente, passado nas salas de aula durante a semana que antecedia o dia da passeata e a receptividade foi muito boa. Tanto que, mesmo sem a autorização da diretora, a maioria dos professores autorizavam nossa entrada em sala. Na escola ninguém nos dedurou à direção. Nosso plano era passar super bonder no cadeado da escola e impedir a entrada dos estudantes no dia do protesto, idéia do próprio grêmio que nos ajudou naquela madrugada'', relata Carla ao Vermelho.


 


Porém, o plano não deu muito certo e quando o guarda da escola chegou, abriu o portão sem nenhuma dificuldade. ''Ficamos estarrecidos, nossa experiência não tinha dado muito certo e seríamos obrigados a entrar na escola para mobilizar'', agregou a ex-líder estudantil, ''o que seria um risco muito grande, já que a diretora estava enlouquecida com a nossa presença na escola''.


 


Ameaça e prisão


 


''Foi então que ela ameaçou, por volta das 7h30, chamar a polícia. Saímos imediatamente de dentro da escola e passamos a nos concentrar todos em frente ao portão de acesso, na calçada da Praça Roosevelt, inclusive o pessoal do grêmio, que já vinha sendo perseguido largamente dentro da escola'', disse. ''Foi então que, por volta das 8h, quando nos preparávamos para sair com cerca de 600 estudantes para a Avenida Paulista, que a PM chegou. Sem mais nem menos, arrancaram os panfletos de nossas mãos, nos agredidiram, mas só eu acabei sendo presa. Fui liberada após o término da manifestação'', concluíu Carla.


 


A ex-líder estudantil também relatou que fatos como estes eram comuns na cidade e que, frequentemente, grêmios estudantis de escolas estaduais procuravam as entidades relatando repressão ao movimento na escola. ''Desde aquela época, até os dias de hoje, o PSDB continua aplicando uma política autoritária de gestão democrática o que, com certeza, ceifou muitas lideranças do movimento'', argumenta Carla.   


 


Fonte: da Redação com informações do Estudantenet