25 anos de um massacre: Quem lembrará de Sabra e Chatila?
Há 25 anos, o ex-presidente de Israel e então general de exército Ariel Sharon acrescentava mais um item em seu currículo: o massacre de palestinos nos acampamentos de Sabra e Chatila, em Beirute.
Publicado 18/09/2007 14:20
Entre os dias 16 e 19 de setembro de 1982, Ariel Sharon ordenou ao seu exército a lançar bombas de iluminação sobre os campos de refugiados palestinos, ao sul de Beirute. Vinte e cinco dias antes, combatentes palestinos haviam deixado a cidade, sob a proteção das Nações Unidas, para poupar a capital libanesa dos bombardeios israelenses.
O exército sionista, comandado por Ariel Sharon, havia invadido Beirute Ocidental, um dia antes do massacre, alegando que a OLP (Organização para Libertação da Palestina) havia mantido três mil homens fortemente armados em esconderijos no acampamento de Chatila.
Era a desculpa para que os soldados israelenses cercassem o campo e cerrassem todas as saídas e entradas.
Na calada da noite, em 16 de setembro de 1982, milicianos da extrema direita libanesa e sob proteção, apoio e orientação do Exército de Israel, invadiram os acampamentos de Sabra e Chatila onde havia somente mulheres, velhos e crianças.
Ninguém foi poupado. Um dos piores massacres da história da humanidade havia acontecido. Nem os animais foram poupados. Cães, gatos e cavalos foram eliminados.
As imagens eram indescritíveis. Perto de três mil corpos foram encontrados. Mulheres grávidas tiveram os fetos arrancados.
Tamanha monstruosidade causou comoção até em Israel. Uma comissão foi criada, que concluiu pela culpabilidade de Ariel Sharon.Além dele, foram citados Rafael Eitan, comandante das forças armadas do país e os libaneses de extrema-direita e aliados dos sionistas, chefiados por Eli Hobeika.
Robert Hatem, (vulgo Cobra), assessor especial de Hobeika, ao ser interrogado, confessou que em Sabra e Chatila a execução era comandada por dois homens: Marun Mishaalani e Michel Zuen. Estes ordenavam a seus milicianos que exterminassem tudo que se movia.
Os massacres nos acampamentos palestinos começaram na noite de quinta-feira, 16, terminando apenas no sábado 18 de setembro de 1982, quando não havia mais nenhum sobrevivente. Em seguida, ainda no sábado e orientados por Ariel Sharon, os milicianos invadiram os hospitais de Aka e Ghazza, localizados nos redores dos acampamentos.
Enfermeiros e médicos foram assassinados. Dezenas de pacientes libaneses foram executados nos leitos hospitalares.
Familiares das vítimas recorreram aos tribunais internacionais, mas isso nunca foi adiante, pois toda vez que uma testemunha aparecia, era eliminada. O governo da Bélgica, pressionado pelos governos americano e israelense, mudou suas leis referentes a crimes internacionais para aliviar Sharon.
Isso porque uma rara (talvez a única) sobrevivente chamada Iaad Surur Al Merei e familiares de 28 vítimas acusaram Ariel Sharon de crimes de guerra em tribunais da Bélgica.
Eli Hobeika, intimado a depor, afirmou que iria revelar novos fatos sobre a participação israelense nos massacres. Mas antes que pudesse falar, foi assassinado.
As investigações apontaram para o Mossad (Serviço secreto de Israel) como o responsável pelo assassinato de Hobeika.
Passados 25 anos, um dos crimes mais hediondos da humanidade permanece impune. Até quando?
*Lameh Smeili é jornalista.
Artigo publicado no blog do jornalista Georges Bourdoukan.
Veja também os vídeos sobre o massacre no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=L_srmVe7JIA&mode=related&search=