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Globo pressiona e MEC retirará livro didático das escolas

Expressões como ''Mao Tse-tung foi um grande estadista que amou inúmeras mulheres e foi correspondido''; ''A Revolução Cultural chinesa foi uma época em que se lutou contra velhos hábitos, velha cultura, velhas idéias, velhos costumes''; e ''a derrocada d

Foram distribuídos quase 1 milhão de exemplares, que o alçaram ao posto de mais adquirido na área pelo Ministério da Educação.


 


Só em 2007, a pasta gastou R$ 944 mil nessa compra. A partir de 2008, a obra não estará no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), segundo Jane Cristina da Silva, da SEB (Secretaria de Educação Básica), já que, em abril, a comissão que o avalia viu nela ''problemas conceituais''.


 


Mídia contra o livro


 


O jornal Folha de S. Paulo apoiou a causa defendida pela Globo. ''Com uma leitura esquerdista quase maniqueísta e erros de português, o livro condena o capitalismo por visar 'o lucro' e enaltece a 'teoria marxista-leninista', que buscaria o 'bem-estar social'. Elogia a Revolução Cultural chinesa, sem se referir aos assassinatos e abusos da disputa pelo poder no Partido Comunista Chinês'', afirmou o jornal nesta quinta (19).


 


Conforme o MEC, as obras do PNLD são avaliadas a cada três anos por especialistas escolhidos pelas universidades federais a partir de critérios da pasta.


Terminada a avaliação, as escolas recebem um catálogo de resenhas e escolhem as que querem usar. Sem interferência do MEC, disse o ministro Fernando Haddad.


 


Trechos de Nova História Crítica foram publicados pela primeira vez na terça (18) pelo jornal O Globo, que condenou veementemete o uso do livro. Quem assinou a matéria foi nada mais, nada menos, do que Ali Kamel,  o poderoso executivo da Rede Globo.


 


Afirmando não conhecer a obra, Haddad disse que, em tese, ''o livro didático deveria zelar para não emitir juízos de caráter ideológico''. Nas avaliações de 2002 e 2005 do PNLD, a obra havia sido aprovada ''com ressalvas''. O catálogo distribuído aos professores há dois anos dizia que ''os recursos usados para facilitar a apresentação de sínteses explicativas resvalam no maniqueísmo e em uma visão muito simplificada dos processos e contradições sociais''. Mas viu ''grande potencial pedagógico'' nos recursos da obra, ''se bem aproveitados pelo professor''.


 


''Direita raivosa''


 


''Estes livros já estão no mercado há mais de dez anos, não entendo por que essa crítica agora'', disse Arnaldo Saraiva, editor da Nova Geração.


 


''É lógico que o livro tem um posicionamento político, todos os livros têm'', afirmou. ''O livro do Mário é perseguido há mais de dez anos pela direita raivosa.''


 


O autor se manifestou sobre o assunto em artigo publicado nesta quinta pelo Vermelho. Segundo o autor, a campanha da mídia contra seu livro omite as críticas que o mesmo faz as processos revolucionários que descreve.


 


Além disso, o autor lembra que a escolha do livro didático é feito por um conjunto de professores e não pelo governo federal.


 


''O livro não é o  único nem o primeiro livro didático brasileiro que questiona a  permanência de estruturas injustas e que enfoca os conflitos sociais em  nossa história.  Entretanto, é com orgulho que constatamos que nenhuma  outra obra havia provocado reação tão direta e tão agressiva de uma das maiores empresas privadas de comunicação do país como provocou na Globo de Ali Kamel'', escreveu Mario Schmidt.