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Adalberto Monteiro: Um ramo de hortelã

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Um ramo de hortelã
Num prato vazio
No qual havia quibe cru.


 


O alvoroço da festa
E o incenso
Murchando no fundo da travessa.


 


Recolho o que sobrou da gula,
E purifico-me sorvendo essa hóstia verde
Tão macia quanto a lã.
E como se fora uma cortesã,
Beijo a boca do mundo
Com o hálito perfumado e bom.


 


Adalberto Monteiro
As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
Editora Anita Garibaldi – 1ª edição 2006