PCdoB/DF divulga Resolução Política

Aprovada na 14ª Conferência do PCdoB/DF, a resolução política dos comunistas da capital do país aponta os rumos e o projeto político do Partido.


Divulgada esta semana, a resolução destaca  que “as eleições municipais que se realizarão em t

Veja a íntegra da Resolução Política:


 


 


14a CONFERÊNCIA DO PCdoB-DF



 


Parte I – Projeto Político do PCdoB-DF para o triênio 2007-2010


 


 


I. O PCdoB-DF em sintonia com os desafios nacionais


 


01 – Em primeiro lugar, é fundamental referenciar nosso debate nas formulações  que  nosso partido faz sobre a questão nacional. o Comitê Central do Partido Comunista do Brasil analisando o quadro político derivado das eleições de 2006 entende a reeleição do presidente Lula como uma grande vitória do povo e das forças democráticas do país. Esta vitória projeta-se além das fronteiras nacionais, sendo um forte estímulo ao movimento vitorioso, democrático e de esquerda em curso na América Latina.


 


02 – Esta avaliação do quadro político, após a eleição de Lula, leva o Comitê Central a  propor um linha de ação baseada  em seis pontos referenciais:
a) Lutar para que os compromissos programáticos declarados (Programa de Governo 2007-2010) sejam aplicados;
b) Tornar mais afirmativa a participação do Partido nessa nova fase, apoiando a formação de uma equipe de governo comprometida com o Programa aprovado;
c) Aprofundar a intervenção partidária no movimento social e ampliar sua relação com as massas pobres do povo;
d) Preparar o Partido para assumir novos compromissos e responsabilidades de governo perante o povo, aprimorando sua experiência de administração pública;
e) Defender o desenvolvimento acentuado com distribuição de renda e inclusão das camadas marginalizadas, conformado por planos de uma educação massiva e de qualidade, em conjunto com os instrumentos imprescindíveis da cultura, comunicação, ciência e tecnologia.
f) Defender igualmente a ampliação da democracia, o aprofundamento da inserção soberana do país no mundo e estabelecimento de um sistema integrado que garanta a segurança da população.


 


 


03 – Com bases nestas referências e na linha adotada pelo Partido nacionalmente consubstanciada na resolução “Tática mais afirmativa e audaciosa do Partido” (Resolução de 10 de março de 2007, CC), documento constitutivo desta conferência, devemos traçar o Projeto Político do PCdoB do Distrito Federal.


 


 


II – O PCdoB e a luta política no DF


 


04 – A vitória de José Roberto Arruda (DEM) alterou a configuração política do Distrito Federal ao romper a dualidade anterior entre PT e PMDB, criando condições para a formação de novos pólos. Arruda aproveitou bem a divisão do campo conservador, a demora na unificação da esquerda, provocada sobretudo pela visão hegemonista de parte do PT.
Arruda venceu as eleições de 2006 com um programa recheado de promessas. Em seus primeiros cinco meses, tomou um conjunto de iniciativas, algumas delas polêmicas.  Demitiu quase 20 mil servidores terceirizados, reduziu pela metade as secretarias de estado, dinamitou obras inacabadas, suspendeu o pagamento de dívidas contratadas na administração anterior, anunciou ajustes nos serviços de transporte público com o controle do transporte alternativo e um programa de obras em que parte delas já está em curso.


 


05 – Politicamente Arruda buscou fazer um governo com ampla base de apoio. Atraiu para isso um leque de partidos que vai do DEM, o PSDB, PMDB, PHS, PMN, PAN, PRB, PR, PPS, PDT, PV, até o PSB. Esses últimos componentes do espectro da esquerda no DF.


 


06 – Mesmo com todas essas medidas, Arruda atraiu para si o desgaste com as demissões de servidores terceirizados e as pressões dos proprietários de vans. A reforma administrativa que juntou todas as secretarias no mesmo ambiente não tem dado agilidade desejada às ações de governo. As demandas dos servidores públicos por reajustes salariais esbarram na linha dura imposta aos trabalhadores. A relação com a Câmara Legislativa, onde dispõe, aparentemente, de ampla base de apoio, revela fragilidade, devido as pressões das bases dos próprios parlamentares e às práticas fisiológicas reinantes.


 


07 – Na crise envolvendo o senador Joaquim Roriz, Arruda agiu com discrição. Mas quando se tratou do rombo de mais R$ 50 milhões do BrB admitiu de forma equivocada a idéia de privatizar o Banco de Brasília. O PCdoB tem uma posição muito clara em defesa do banco público como instrumento de desenvolvimento do DF.


 


08 – No plano nacional, o partido de Arruda se encontra no campo de oposição ao governo do Presidente Lula. Mesmo assim o governador busca manter uma relação amistosa com o governo federal. O projeto político de Arruda ainda não está definido. Ele poderá disputar a reeleição, o senado ou mesmo um espaço majoritário nacional como presidenciável ou vice numa composição com o tucanato.


 


09 – Tudo isso demonstra que o governo e a base política de Arruda têm imensas contradições internas e pontos potenciais de instabilidade. A evolução dessas contradições podem abrir fissuras, sobretudo nas relações com setores próximos a Roriz e mesmo com os partidos que têm tradição de esquerda ou de centro esquerda como PDT, PSB, PPS, PHS e PV.


 


10 – Desta forma,  diante do exposto,  em relação ao GDF o Partido entende que  o governo Arruda tem perfil conservador. Assim, O Partido se oporá  às medidas políticas e administrativas que prejudiquem a população do Distrito Federal.


 


11 – No senado, mesmo com graves denúncias de irregularidades nas eleições, Joaquim Roriz toma posse, todavia é obrigado a renunciar após ser denunciado. Foi pego em gravações eletrônicas partilhando R$ 2,23 milhões. As denúncias de envolvimento do ex-senador, Joaquim Roriz, em atividades corruptas são antigas, porém, desta vez, foi sua voz que o entregou. Seu suplente Gim Argelo, também envolvido em denúncias de corrupção, foi empossado e já atua para manter seu mandato.


 


12 – O PCdoB deve mergulhar intensamente na luta política em curso. Cresceu aparentemente a distância entre Arruda e Roriz. As divisões nas forças conservadoras  abre espaço para um melhor posicionamento do PCdoB. Em relação ao caso Roriz, o PCdoB ainda aguarda o julgamento da representação que fez no Tribunal Regional Eleitoral. Desse julgamento poderá resultar a posse de Agnelo Queiroz como senador pelo DF. Outra hipótese, caso haja a renúncia de Gim e de seu suplente, é a convocação de nova eleição para a vaga de senador pelo DF. Em qualquer desses casos o PCdoB precisa agir com maturidade e eficiência.


 


13 – O PCdoB deve acompanhar com extrema atenção as repercussões e os desdobramentos das denúncias de irregularidades no BrB e as investigações em curso. Este é um elemento novo que terá forte influência na conjuntura política local.
14 – Outro elemento importante da luta política é ação exclusivista de setores importantes do PT. Enfraquecido nas eleições de 2006 onde ficou fora do segundo turno para o governo e perdeu metade de sua bancada federal e 1/3 da bancada distrital, o PT busca, num movimento internalista, sua auto-estima e reconstrução. Parte de suas lideranças já encenam a luta interna pelam candidaturas majoritárias, solo, para 2010. É pequeno o diálogo desse partido com as outras legendas de esquerda ou mesmo as que formam a base do governo Lula no Distrito Federal;


 


 


III – O PCdoB DF e as eleições de 2008


 


 


15 – Nas eleições de 2006 avançamos nas disputas majoritárias no DF. O projeto inicial era a disputa pelo Governo do Distrito Federal. O ajuste tático, feito no prazo final do registro das candidaturas, resultou da insuficiência de preparação efetiva do Partido para a batalha. Seja política, orgânica e material. Não tínhamos a estrutura necessária para dar sustentação à campanha, não dispúnhamos de uma coligação forte capaz de disputar a eleição ao senado, vagas na Câmara dos Deputados e uma chapa própria e competitiva para a Câmara Distrital (vide texto “avaliação das eleições 2006”).


 


16 – Outra lacuna era a carência de quadros capacitados para coordenar todo esse movimento. Ao lado disso, enfrentamos uma guerra de posições com o PT que exigia sempre e incondicionalmente a cabeça de chapa e a oscilação de outras legendas que legitimamente queriam mais garantias da viabilidade para seus projetos partidários.                                                                  


 


17 – O resultado da eleição para o Senado foi de que de cada dois brasilienses que votaram para senador praticamente um votou em Agnelo. Fizemos uma importante votação para a Câmara dos Deputados e projetamos lideranças com a disputa para a Câmara Distrital.


 


18 –  Porém, a derrota eleitoral sofrida pelo PCdoB agrava a nossa situação, potencializando e ampliando nossas dificuldades de construção de uma perspectiva política e organizativa. Necessitamos extrair as lições que levaram ao enfraquecimento do partido e de nossas direções. Fragilidades foram expostas pela falta de unidade em torno de uma perspectiva coletiva. No entanto, o patrimônio político acumulado nos posiciona em boas condições para fortalecer organicamente o PCdoB-DF e preparar nosso projeto, inclusive as eleições de 2010.                                                                                                                         


 


19 – As eleições municipais que se realizarão em todo país em 2008 serão um grande embate político que ajudará a definir a disputa na capital do país em 2010. O Partido no DF deve priorizar e conduzir o acompanhamento das eleições nas cidades de Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas, Novo Gama, Valparaíso e Cidade Ocidental. Junto com as direções nacional e a de Goiás deve preparar essas disputas majoritárias próprias ou de aliados e buscar eleger vereadores do PCdoB, com ou sem nominatas próprias de vereadores;                                                                                


 


20 – O Partido deve se empenhar na construção do Bloco PSB, PDT, PCdoB, PMN, PAN, PHS e PRB no âmbito regional, nas regiões administrativas do DF e no Entorno de Brasília. Ter presente que o PT é um aliado importante, manter vínculos e compromissos políticos com esse partido e com os demais partidos da base de apoio ao governo Lula, desde que garantidas as condições de vantagens recíprocas. Nesse trabalho dar especial atenção aos contatos com o PSB, PV, PRTB e PTN, parceiros de primeira hora nas jornadas de 2006;


 


21 – Para as eleições de 2010, o Partido deve ter no horizonte a disputa por um cargo majoritário, o lançamento de candidaturas competitivas a deputado federal e distrital, inclusive com a construção de uma chapa própria para a Câmara Legislativa;


 


22 – Lutar para manter e ampliar a projeção e a liderança de Agnelo Queiroz no Distrito Federal buscando potencializar o capital político conquistado com a candidatura ao Senado em 2006 onde obteve a importante marca de 44% dos votos válidos para o Senado Federal. Importante também será a luta por espaço institucionais que dêem projeção, qualifiquem melhor as nossas lideranças e que permitam melhores condições a construção de nosso projeto político.


 


23 – Estudar e montar um projeto estratégico de desenvolvimento para o DF e entorno e acompanhar criticamente as políticas governamentais do GDF e do governo federal;


 


24 – Incentivar a ação política e partidária dos camaradas que foram candidatos a deputado federal e distrital. Valorizar a votação e ação desses camaradas pois são partes fundamentais de nosso patrimônio político;


 


 


IV – As Diretrizes Orgânicas


 


 


25 – Crescer e fortalecer o partido com a filiação de novas lideranças políticas. Atenção especial para as lideranças que se aproximaram das candidaturas em 2006, das lideranças políticas, sindicais, juvenis e populares que vêem no PCdoB a alternativa para a luta transformadora no DF e no país;


 


26 – Fortalecer a unidade e renovar as direções das cidades, a direção regional, a Comissão Política e o Secretariado com os melhores quadros disponíveis.


 


27 – Discutir as prioridades de estruturação partidária e realocar os quadros do partido.


 


28 – Enfrentar a grave situação financeira, planejar e executar uma política de finanças de forma que responda às pendências atuais, estabelecer mecanismos de cobrança eficazes para a construção de nosso projeto político. Capacitar a equipe administrativa do Partido e reorganizar o sistema de arquivo, banco de dados e correspondência;


 


29 – Em relação ao movimento social devemos ampliar nossa presença. O partido deve estabelecer prioridades de categorias, universidades, escolas e segmentos sociais que deve investir em planejamento, propaganda, acompanhamento, formação e pauta de reivindicações. Consolidar a CSC, fortalecer a UJS, estruturar melhor o trabalho da UBM e da Unegro, bem como, fortalecer nossa influência e identificação com os movimentos filosóficos – religiosos, particularmente, as expressões de matriz africana, afro-brasileira e indígena. Com base nisso estabelecer uma política de quadros que priorize a ação estratégica do partido nestas áreas.


 


30 – Reestruturar o IMG, reforçar o trabalho de formação e a biblioteca.


 


31 – Organizar a Secretaria de Comunicação do partido. O trabalho com “A Classe”, o Portal Vermelho e a Revista Princípios e consolidar uma Comissão de Comunicação;


 


 


Parte II – Avaliação do Período 2005 a 2007


 


 


01 – O PCdoB/DF acertou no essencial na sua linha política no período. Fizemos oposição ao governo Roriz. Mas foi uma oposição praticamente restrita aos movimentos institucionais, sobretudo de expectativa de um julgamento e condenação de Roriz pelos crimes eleitorais fartamente documentados e comprovados. O PCdoB e as forças de esquerda não conseguiram levar para as ruas a luta pela cassação de Roriz.


 


02 – Neste período apoiamos decididamente o governo Lula, mantivemos relações políticas de aliança com o PT e o PSB e trabalhamos pontualmente com o PDT, PPS e outros partidos da base aliada do presidente Lula. Apoiamos, mobilizamos e estivemos presentes em todas as iniciativas da direção nacional na capital do país tanto em eventos partidários como também nos eventos que envolviam o apoio ao governo Lula, reforma política, vida partidária, entre outras. Nos movimentos sociais o Partido atuou com equilíbrio, apoiando o governo, mas demarcando posição em questões que considerou essencial. Essa atuação repercutiu positivamente no DF e colocou o partido em nova situação de protagonismo político.


 


03 – Fato marcante foi a presença do deputado federal Agnelo Queiroz no ministério do esporte. Com os programas desenvolvidos no ministério Agnelo projetou-se nacionalmente e ampliou e consolidou sua liderança política no DF. No entanto, paralelo ao desempenho ministerial, não houve um correspondente crescimento político e orgânico do Partido em seu conjunto. Não foi construída uma sintonia entre a atuação nacional e a política local a partir do partido, trazendo graves prejuízos ao projeto político planejado de disputa majoritária.


 


04 – Nesse período avançamos na compreensão da formação sócio, econômica a cultural do DF. Estudamos melhor a realidade local e na preparação do programa de governo na pré-candidatura de Agnelo ao GDF reunimos informações, interpretações e estudiosos do DF, entorno e região geoeconômica.


 


05 – Na área da formação o trabalho também foi produtivo. Realizamos mais de uma dezena de cursos com ampla participação, participamos de todos os cursos nacionais e regionais e a direção local ministrou aulas em outras unidades da federação num esforço conjunto com a direção nacional do Partido.


 


06 – Em relação ao projeto político eleitoral decidimos com relativa antecedência nosso projeto político. Lutaríamos por uma candidatura ao GDF, encabeçada por Agnelo, liberamos as articulações e medidas em torno da candidatura de Fredo a deputado federal no início de 2005 e chegamos a especular sobre a possibilidade de montar chapa própria para a Câmara Distrital. Mas não houve condições políticas, envolvimento da direção e ousadia suficiente para essa iniciativa. Nesse caso o prejuízo político ficou evidente na hora da montagem da coligação para a disputa majoritária.


 


07 – Nas condições dadas lutamos decididamente para levar adiante nosso projeto político. Diante de adversidades e insuficiente preparação nos forçou a ajustar a tática para a disputa ao Senado. O balanço eleitoral apresentado a esta conferência explicita melhor essas questões.


 


08 – Nesse período o partido cresceu organicamente. Incorporou mais de uma dezena de quadros oriundos do Partido Comunista Brasileiro-PCB. Várias deles inclusive assumindo tarefas de direção local e regional. O Partido expandiu-se para Ceilândia, Brazlândia, Santa Maria e Sobradinho. Melhorou sua atuação em Brasília, Guará, Planaltina, Taguatinga e Gama.


 


09 – O partido fez progresso entre a juventude. Melhoramos nossa atuação na UnB atingindo além dos estudantes um trabalho inicial entre professores e pós-graduandos.  Retomou o trabalho em universidades importantes como Católica, Uniceub, Iesb e outras unidades da rede privada. Constituiu uma Direção da UJS mais madura e experiente. O partido também melhorou sua inserção entre os esportistas de diversas modalidades, destacadamente o atletismo, judô e a capoeira.


 


10 – Nesse período também amadurecemos nossa aproximação com o entorno de Brasília. O entorno tem mais de hum milhão de habitantes e estreita relação econômica, política e social com o DF. Nos últimos anos ampliamos a parceria com a direção regional de Goiás. Esse esforço conjunto já deu resultado em 2006 e agora nos preparamos para elevar nossa contribuição política nessa região em 2008.


 


11 – No movimento sindical assumimos a direção ou mantivemos presença destacada ou participação em diversas entidades sindicais, dentre elas destacam-se os professores da rede privada, correios, servidores do DER, professores da rede pública, servidores públicos, auxiliares de ensino, bancários e agências reguladoras. Retomamos as atividades de mulheres e negros.


 


12 – Mas a questão essencial desse período é que o PCdoB/DF antecipou a tática da ousadia preconizada pelo Partido nacionalmente. Focamos a disputa pelo Poder no DF, o executivo local, e isso projetou o partido em novo patamar. Abriu portas, atraiu lideranças, ampliou as relações políticas com amplas forças sociais reunindo desde trabalhadores, lideranças religiosas, empresários, pesquisadores, enfim, forças políticas e sociais que desejam uma alternativa nova e diferenciada para o Distrito Federal.


 


 


As lacunas e insuficiências do trabalho partidário


 


 


13 – A par da modesta expansão do partido e do crescimento de sua influência política permanecem importantes gargalos políticos que travam o crescimento partidário. É importante listar esses problemas que se complementam e se mesclam nas diversas frentes de atuação.


 


14 – O PCdoB no DF, apesar dos avanços, ainda tem uma visão limitada da complexa sociedade que se forma na capital do país e falta um projeto político consolidado para o DF. Devemos conhecer a história, a formação sócio, econômica e cultural da região. Coloca-se desafios ao estudo e compreensão da rede que envolve a capital do país, o entorno e o centro-oeste brasileiro. Esse temário precisa ser incluído nos cursos de formação, bem como, na realização de palestras, colóquios e debates sobre temas específicos que ajudam a mobilizar e formar os militantes e quadros dirigentes. Debater a questão da saúde do trabalhador, do meio ambiente, do transporte coletivo, da questão dos condomínios, da poluição visual, da segurança e da educação, dentre  outros temas, são fundamentais para avançarmos nossa compreensão sobre os problemas do povo do DF.


 


15 – A vida política do partido nas cidades é pequena, parte disso se deve ao fato de que nossas lideranças e dirigentes trabalham em Brasília (Plano Piloto) e tem pouca vivência na vida social das cidades. Via de regra essa vivência está restrita a eventos esporádicos de finais de semana. Mesmo entre esses quadros dirigentes há pouco discernimento entre o trabalho profissional e a ação partidária. Muitos confundem seu trabalho remunerado com a tarefa partidária, renunciando, assim ,a militância fora do horário de serviço.


 


16 – Outro aspecto importante é que a influência de nossas lideranças não resulta em crescimento partidário. Não há um movimento coordenado de convite para o ingresso e desenvolvimento de uma militância política nas hostes partidárias. A maioria das lideranças que se aproximaram de nossos candidatos ou de lideranças de massas permanecem como área de influência desses e não há uma mobilização para que ingressem no partido.


 


17 – No movimento sindical cresceu a influência do partido. Mas é muito difusa. A maioria absoluta de nossas lideranças trava a luta sindical distante da organização, estruturação e da construção partidária. Temos lideranças de peso em várias categorias sem que isso se reverta em crescimento partidário e formação de novas lideranças. O movimento sindical atua meio a margem do partido. Pouco reúne e pouco discute questões políticas fora da pauta econômica ou eleitoral das entidades. Esses casos também se observam em outras esferas da atuação institucional do Partido.


 


18 – Na juventude permanece o desafio de um trabalho mais sólido. Apesar da presença e da influência dirigimos poucos DCE’s, CA’s e grêmios. Também é pouca nossa organização entre a juventude fora do movimento estudantil. O Partido precisa encontrar condições organizativas para estar junto aos jovens trabalhadores,   desempregados e excluídos dos  bens de cidadania em geral, consolidar sua influência no Movimento estudantil  e ampliar a  representação de jovens nas bases do partido.


 


19 – Na área de finanças a situação é grave. Há pouca regularidade na contribuição militante, inclusive por parte da direção regional, desorganização da parte contábil, déficit crescente e arrecadação limitada. Há uma enorme dívida financeira que compromete gravemente a ação e a estruturação partidárias. Não deve nos conformar a capacidade de mobilizar finanças para as campanhas eleitorais com a quase incapacidade de dotar o Partido de uma maior e mais estável condição financeira.


 


20 – A comunicação do Partido ficou praticamente restrita aos eventos. Não tivemos uma comunicação regular com as direções e as bases partidárias. Durante o ano de 2005 editamos vários números de um jornal do partido, mas em função das limitações financeiras e da ausência de um ou mais responsáveis pela tarefa a publicação foi suspensa. A ausência de uma comunicação eficaz restringe as informações e debates aos presentes às reuniões e emperra a ação política do Partido.


 


21 – No aspecto da organização as lacunas são enormes. A direção regional precisa interagir mais com as direções locais. Planejar essas ações a partir das cidades. À parte a compreensão teórica é fundamental ir a fundo e ver de perto as realidades locais estudando in loco os métodos, formas e medidas para construir o partido.


 


22 – Outro fator limitador da ação partidária é a ausência de quadros dirigentes liberados para o exercício da direção partidária. Junte-se a isso a ausência de um corpo de funcionários maior e com mais gente com maior qualificação. A limitação drástica de recursos financeiros também inibe a montagem de uma estrutura operacional capaz de responder as demandas de ação partidária.


 


23 – Na área dos movimentos sociais tivemos avanços, mas há ainda pouca inserção do Partido. Permanece o desafio de enfrentar as lutas em curso e se preparar para uma atuação mais ousada e consistente.


 


24 – O trabalho da direção também precisa ser avaliado. A participação de boa parte da direção nas reuniões e eventos partidários deu-se de forma decrescente. A média de presença nas reuniões da Direção Regional, da Comissão Política e do Secretariado foi de 80%, embora 1/3 dos dirigentes tenham faltado a 1/3 das reuniões. Alguns dirigentes também deixaram a direção do partido em função de transferência para outro estado.


 


25 – Esse é o balanço geral, mas ao apresenta-lo é preciso que cada um dos dirigentes avalie sua atuação em particular. Todos nós devemos levar as mãos à consciência e junto ao trabalho coletivo sobre o que fizemos neste período. Não podemos terceirizar a avaliação ou a responsabilidade por nossas tarefas e atribuições.


 


26 – Com esse balanço aqui apresentado e a orientação política proposta esperamos criar as condições para uma atuação mais elevada do PCdoB no Distrito Federal somando-se a ação partidária em todo o país.


 


 


Considerações Finais


 


 


O Partido vive um momento singular que possibilita um salto na acumulação de forças. Isso passa necessariamente por alcançar novo patamar quanto à estruturação partidária em cada cidade, imprimindo “audácia e determinação”, como conclama o Comitê Central já no título da sua resolução de março passado. “Isso aponta para uma mudança de fase na vida partidária, relativa à ação política nas esferas institucionais e de massas, bem como, da estruturação no campo ideológico e organizativo”, afirma a Resolução.


 


Neste sentido, são necessários esforços e iniciativas cuidadosamente controlados por parte das direções de cada cidade. Como passo inicial, é essencial que o partido tenha seu funcionamento regularizado, em conformidade com as normas estatutárias. O PCdoB prima pelo seu caráter democrático; por ser um Partido “sem donos”, cuja força reside no seu funcionamento coletivo. Democracia, assim, requer a possibilidade de que os membros de cada organismo tenham a oportunidade de tomar conhecimento das questões em curso, de debatê-las fraternalmente, de tomar decisões devidas e definir as responsabilidade de cada um. Se não houver reuniões regulares, o partido se paralisa, perde eficácia e a democracia partidária fica comprometida.


 


É tarefa, de grande envergadura preparar desde agora as condições para a disputa eleitoral de 2010, bem como, e aprimorar a ação política junto ao movimento social e alcançar maior vínculo com as camadas populares, devendo ser alvo de um planejamento realista, com fixação de metas, prazos e responsabilidades.


 


A tradução das duas resoluções de março do Comitê Central implica que o partido, em cada cidade, deve buscar inserir-se no curso político real e nas atividades do movimento social concreto. O partido deve atuar tanto nas organizações tradicionais do povo ( sindicatos, associações comunitárias, entidades estudantis,etc) como todas outras formas que aglutinem amplas parcelas da população ( esporte, cultura, meio ambiente, e outros movimentos). Os comunistas, ao participar das lutas, reivindicações e empreendimentos populares, devem contribuir para a elevação da consciência política do povo, descortinando novos horizontes de luta por um projeto de desenvolvimento nacional com valorização do trabalho e apontando para a construção da nova sociedade socialista.


 


Um característica do PCdoB, que deve ser reforçada, é a de ser um partido em ação permanente, não apenas um partido meramente eleitoral. Com certeza, a frente eleitoral destaque-se nos dias atuais, até por que precisamos enfrentar a constatada defasagem eleitoral, procurando transformar a nossa influência e  respeitabilidade junto à população em votação nos candidatos comunistas. Porém, não pode ser absolutizada, até por que a nossa capacidade de angariar votos é resultante também da nossa presença e dos vínculos consolidados nos seio dos movimentos sociais.


 


 


 


Brasília, 01 e 02 de setembro de 2007.
14º Conferência do Partido Comunista do Distrito Federal PCdoB – DF