Mulheres estudam mais em Fortaleza
O que pode parecer simples vantagem, sinaliza a busca por igualdade. Nesse caminho, a mulher deu passos largos.
Publicado 29/09/2007 09:25 | Editado 04/03/2020 16:37
Das mulheres entre 25 e 39 anos que trabalham em Fortaleza, 31,2% são “pessoas de referência do arranjo familiar”, ou seja, principais provedores da casa. Na mesma idade, 41% dos homens são chefes de família. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio (Pnad), publicada na última semana. Na mesma faixa etária, 34,4% dos homens do país são chefes de família e 26,7% são mulheres.
Na Região Metropolitana de Fortaleza, entre os homens que trabalham, 5,3% ocupam cargos de dirigentes. Entre as mulheres, o índice é de 4%. “Você nota que essas diferenças estão reduzidas. Em termos de participação no trabalho, as mulheres têm crescido mais” diz a presidente da Rede Feminista de Núcleos de Estudos Sobre a Questão da Mulher (Redor), Gema Galgani. Um dos fatores que explicam o fato da mulher ainda não ter se equiparado ao homem nos cargos de chefia é a sobrecarga de responsabilidade. “Ela não quer abrir mão do tempo com os filhos. A construção social diz que ela é mais responsável pela família e pela educação dos filhos do que o homem”, diz Gema.
No Brasil, 35,8% das mulheres entre 15 e 49 anos têm três filhos ou mais. No Ceará e Nordeste são 42%, em Fortaleza, 35,5%. O SIS também mostra que as mulheres estudam mais. São maioria na universidade. Na Região Metropolitana de Fortaleza, 44,4% dos alunos são homens e 55,6% são mulheres. No Brasil, a diferença é maior. As mulheres ocupam 57,5% das vagas e os homens, 42,5%. No Nordeste, o número de mulheres universitárias é 20,6% maior que o de homens. As mulheres que trabalham estudaram em média um ano a mais. Na Região Metropolitana de Fortaleza a diferença é a mesma. Enquanto os homens estudaram 7,7 anos, as mulheres estudaram 8,7.
No Nordeste a diferença é de um ano e meio. No Ceará, de 1,4. Dois fatores explicariam a aparente vantagem. A tentativa de melhorar o currículo para buscar salários equivalentes aos dos homens e a pressão exercida sobre eles. Ainda vistos como principais provedores, os homens precisam começar a trabalhar mais cedo. “A mulher entra no mercado de forma discriminada. Isso faz com que se qualifique mais, para tentar compensar a diferença salarial. Como a lógica da sociedade é a de que o homem é o principal provedor, muitos abandonam a escola para trabalhar”, diz Gema.
Quando o foco é o número de homens e mulheres em atividade no mercado de trabalho, a diferença aumenta e quem aparece na frente são os homens. Em Fortaleza e Região Metropolitana, na faixa etária de 20 a 29 anos, 76,1% dos homens trabalham. Do total de mulheres com a mesma idade, 53,8% estão no mercado formal.
Fonte: O Povo