Sem categoria

Constituinte deve desmontar modelo neoliberal, diz Correa

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta segunda-feira (1º/10) que o triunfo eleitoral conquistado pela aliança governista nas eleições para a Assembléia Constituinte deverá resultar no desmonte do modelo neoliberal existente no país.

Segundo o presidente, uma das prioridades dos constituintes será acabar “com as barbaridades que existem na economia e desmontar o atual modelo econômico, em benefício dos setores com menos posses de nossa pátria”.



Correa disse, em entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, que o Equador tem uma urgente necessidade de estabelecer uma política monetária clara, que permita destinar mais fundos ao gasto com questões públicas e sociais.



Mudanças e integração



Correa enfatizou também que o resultado das urnas avaliza o desejo da população por mudanças drásticas e pela integração sul-americana. “Foi ratificada mais uma vez a vocação integracionista do nosso povo, que sabe que temos na região um passado comum. A população está dizendo, nas urnas, que é a hora de buscar um destino comum para a região”, afirmou Correa.



De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, o bom resultado divulgado neste domingo pela boca-de-urna é ainda melhor do que o esperado pelo presidente. Segundo a pesquisa de boca-de-urna no instituto Santiago Pérez, a aliança que apóia o governo teria conquistado entre 77 e 80 cadeiras na Constituinte. Uma sondagem feita pelo movimento independente Participación Ciudadana mostrava a mesma tendência.



Carta do povo



Correa fez questão de ressaltar nesta segunda-feira que a nova Constituição não terá influência de qualquer Carta de outros países – o comentário veio em resposta à influência política do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sobre o país.



“Não será uma Constituição de Rafael Correa ou do Acordo País, mas sim uma Carta do povo equatoriano. Vamos fazer uma Constituição para todos, e não-somente para preparar o país para os próximos anos de governo, mas sim para as próximas décadas”, disse o presidente.



Eleições antecipadas



Correa também deu indicações nesta segunda-feira de que podem haver eleições antecipadas no Equador em 2008, após a realização dos trabalhos dos constituintes, que devem mudar as regras para a escolha de cargos executivos no país, inclusive o de presidente.



“Haverá uma nova Constituição, e com uma nova Constituição um novo sistema de representação, pelo menos essas eleições de presidente, vice-presidente e legisladores”, disse Correa a correspondentes estrangeiros. Ele assumiu a Presidência em janeiro para um mandato de quatro anos, junto com os membros do Congresso.



A Constituinte, que deve se instalar ainda em outubro, terá 180 dias, prorrogáveis por mais 60, para elaborar a vigésima Constituição da história do país. As eleições gerais poderiam ser realizadas no segundo semestre de 2008.



Respaldo ao governo



Correa também declarou para a imprensa que o êxito de sua aliança na votação deste domingo é um grande respaldo para o governo. “O resultado de ontem nos ajuda muitíssimo. Não pensava que o êxito seria tão grande”, disse Correa, que dispõe de uma popularidade de cerca de 75%, segundo levantamento realizados em setembro.



Ao mesmo tempo, o presidente disse ter recebido o resultado “com grande humildade, porque o triunfo é de todo o povo” e negou que o resultado favorável provoque uma centralização do poder. “Dizem que isso vai dar mais poder ao presidente. Se acham que posso impor minha vontade, é totalmente falso”, afirmou.



Da redação, com informações da Prensa Latina