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Em defesa de Che, UJS queima revista ''Veja'' em frente à Abril

Para protestar contra a capa da revista Veja desta semana, intitulada “Che – A farsa do herói” a União da Juventude Socialista (UJS) fará um ato nesta terça-feira (2), ás 13 horas, em frente à Editora Abril, no bairro Pinheiros da capital pa

A matéria “Che, Há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa”, assinada pelos jornalistas Diogo Schelp e Duda Teixeira, aproveita a lembrança dos 40 anos do assassinato de Ernesto Guevara Lynch de la Serna – no dia 8 de outubro de 1967 na Bolívia – para divulgar um verdadeiro panfleto contra Cuba, Fidel Castro e o socialismo.


 


“Vamos protestar contra a revista Veja que mais uma vez publica uma matéria caluniosa e pejorativa contra um dos lutadores de que a juventude mais se orgulha no mundo. Vamos fazer um contra-ponto a essa ação reacionária que deturpa a história de Che nos 40 anos de sua morte”, explicou ao Vermelho o estudante e professor de história Rodrigo Moreira Campos, 24, também presidente da UJS da cidade de São Paulo.


 


O protesto ainda exigirá a abertura da CPI Abril-Telefônica/TVA no Congresso Nacional, além de pautar a democratização dos meios de comunicação.


 


“A Abril não tem moral nenhuma para falar de figuras como Che, já que agora a editora está envolvida em denúncias que atentam contra a nossa Constituição Federal. Por isso, também vamos protestar pela abertura imediata da CPI Abril-Telefônica/TVA no Congresso e para que no dia 5 de outubro, data que vence o prazo de várias concessões de TV e rádio no país, se faça um debate aberto sobre a mídia, seu papel e a necessidade de maior participação social na definição de concessões”, afirmou Rodrigo.


 


O líder socialista também disse estar empenhado nesta segunda em convidar as organizações que defendem a democratização dos meios de comunicação para o ato. 


 


“Nossa manifestação é aberta a todos e todas que repudiam esta matéria antidemocrática da Veja e desejam que no país ocorra mais pluralidade de opiniões em todos os grandes veículos de comunicação”, agrega Rodrigo.


 


Manipulação


 


Para o jornalista e escritor Celso Lungaretti a matéria da revista passou longe de ser jornalística.


 


“Não houve, em momento algum, a intenção de se fazer justiça ao homem e dimensionar o mito. A avaliação negativa precedeu e orientou a garimpagem dos elementos comprobatórios. Tratou-se apenas de coletar, em todo o planeta, quaisquer informações, boatos, deturpações, afirmações invejosas, difamações, calúnias e frases soltas que pudessem ser utilizadas na montagem de uma furibunda catalinária contra o personagem histórico Ernesto Guevara, com o propósito assumido de se demonstrar que o mito Che Guevara seria uma farsa”, disse Lungaretti em seu blog nesta segunda.


 


O escritor também comparou a posição histórica da revista à adotada pelo fascismo e pela ditadura. 


 


“Típica também – e não por acaso – da retórica das viúvas da ditadura são as afirmações da Veja. [Para a revista] a onda revolucionária que se avolumou na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 teria como causa ‘as concepções de revolução pela revolução’ de Guevara e não a miséria, a degradação e o despotismo a que eram submetidos seus povos. E a responsabilidade pelos banhos de sangue com que as várias ditaduras sufocaram anseios de liberdade e justiça social caberia às vítimas, não aos carrascos”, escreveu o professor.


 


“É o que a propaganda enganosa dos sites fascistas martela dia e noite, tentando desmentir o veredicto definitivo da História sobre os Médicis e Pinochets que protagonizaram ‘alguns dos mais desastrosos eventos da história contemporânea das Américas’”, concluíu.


 


Para Celso Lungaretti a matéria-de-capa não passa de “mais um exercício do jus esperneandi a que se entregam os que têm esqueletos no armário e os que anseiam por uma recaída totalitária, com os eventos desastrosos e os banhos de sangue correspondentes”.


 


Mito e realidade


 


Entre outros problemas apontados pela UJS na matéria está o fato de o texto tentar aliar a figura de Che Guevara com a de um jovem sanguinário.


 


“A matéria tenta emplacar a idéia de que Che era sedento por sangue, que só pensava em matar e menosprezava o ideal socialista em nome da morte. Mas quem conhece a história sabe que Guevara era antes de tudo um humanista, disposto a dar a própria vida em nome de seus ideais e por um mundo mais justo para todos. Ele sempre lutou pela vida e pelo socialismo”, contesta Rodrigo.


 


Já para Gustavo Petta, ex-presidente da UNE, o alvo da publicação é desacreditar Che.


 


“Esse é o alvo da publicação. Desacreditar Che é mais um trabalho ideológico de por fim a luta pelo socialismo. Mas, enganam-se Roberto Civita e sua laia. Não é qualquer matéria dessa natureza que descolará Ernesto Che Guevara dos mais altos ideais de justiça e igualdade, e mesmo se Che esmorecer, a luta pelo socialismo, do qual ele é um símbolo, persistirá. Enquanto houver a brutal desigualdade entre os homens, haverá os que lutam para mudar tal situação”, concluiu Petta nesta segunda em seu blog.


 


Ato em defesa de Che e contra a revista Veja


Serão queimadas dezenas de revistas em protesto
Data : terça-feira (2/10)
Local: Concentração às 11h na sede nacional da UJS (Rua 13 de maio, 1016 – Bela Vista)
Ato às 13h em frente a Editora Abril (Av. das Nações Unidas, 7221 – Pinheiros / próximo a estação Pinheiros de trem e do Shopping Eldorado).