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EUA: Maioria dos republicanos rejeita abertura comercial

Os norte- americanos filiados ao Partido Republicano querem que seu candidato presidencial nas eleições de 2008 rompa com as políticas do presidente George W. Bush, e uma grande fonte de descontentamento é o livre comércio.

Uma nova pesquisa Wall Street Journal-NBC News mostra que seis de cada dez republicanos acreditam que o livre comércio prejudicou a economia americana ao reduzir a demanda por produtos de fabricação local, o que eliminou empregos nos Estados Unidos e levou à importação de produtos que podem ser inseguros. Seis de cada dez dizem que concordariam com um candidato republicano que favorecesse regras mais rígidas para limitar as importações.



“Está muito mais difícil vender a mensagem do livre comércio para os [eleitores] republicanos”, diz o pesquisador republicano Neil Newhouse, que realizou a pesquisa WSJ/NBC junto com o colega democrata Peter Hart.


 


De maneira geral, 48% dos republicanos dizem que o próximo presidente deve “adotar uma posição diferente” da de Bush, enquanto 38% querem que ele continue o rumo do atual mandatário. Isso inclui republicanos que apóiam três dos quatro principais candidatos: o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, atual favorito; o senador John McCain; e o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney. Eleitores que apóiam o advogado e ator Fred Thompson, que se tornou o favorito da parcela mais conservadora do eleitorado republicano, estão divididos quanto à manutenção das políticas de Bush.



Giuliani manteve sua liderança em relação aos demais republicanos, com 30% das intenções de voto. Thompson tem 23% na pesquisa, enquanto McCain está com 15%, e Romney com 10%. O ex-governador de Arkansas Mike Huckabee tem 4%. A pesquisa, feita por telefone com 606 filiados do Partido Republicano, foi realizada entre 28 e 30 de setembro e tem uma margem de erro de quatro pontos percentuais.



Impostos



As respostas demonstram um desgaste da ortodoxia do partido em outra importante questão econômica também. Embora 60% dos entrevistados digam que querem que o próximo presidente e o Congresso continuem a cortar impostos, 32% dizem que está na hora de alguns aumentos de impostos para os norte-americanos mais ricos, com o objetivo de reduzir o déficit e ampliar a cobertura médica para os que não dispõem de planos de saúde.



Entre os republicanos que se identificam como moderados ou liberais – cerca de um terço dos eleitores nas primárias do partido –, 48% são a favor de algum aumento de impostos. “É indicativo da preocupação que os americanos têm com a assistência médica (…) independentemente de partidos”, diz Newhouse.



Em parte, a preocupação quanto ao comércio exterior verificada na pesquisa reflete a mudança na composição do eleitorado republicano, na qual os socialmente conservadores ganharam mais influência. Nas perguntas sobre uma série de posições dos candidatos, a única que conseguiu a concordância de uma grande maioria de republicanos foi a oposição ao direito ao aborto.



A segunda mais popular foi o apoio a uma emenda constitucional que proíba o casamento gay, que superou por pouco o apoio a tornar permanentes os cortes de impostos feitos por Bush. Cinqüenta e seis por cento dos republicanos dizem que concordariam “fortemente” ou “parcialmente” com um candidato que favorecesse uma lei que bloqueasse qualquer possibilidade de imigrantes ilegais obterem a cidadania americana, uma posição que diverge da do governo Bush em relação a uma reforma abrangente das leis de imigração.




Agenda econômica de Bush




A pesquisa mostra ainda que importantes pontos da agenda econômica de Bush ainda conseguem bastante apoio dentro do partido. Por 69% a 20%, os republicanos são a favor de contas de poupança para saúde e créditos tributários em lugar da criação de um seguro nacional básico para as pessoas sem cobertura médica, por exemplo.



Giuliani também apóia firmemente Bush no livre comércio. “Nossa filosofia não deve ser de quantas medidas protecionistas podemos adotar, mas como inventamos novas coisas para vender” no exterior, disse ele recentemente ao Wall Street Journal. “Essa é a visão do futuro. O que [os protecionistas] estão tentando fazer é manter as inadequações do passado.”



Mas Giuliani ou qualquer candidato republicano terá de confrontar as suspeitas de gente como John Pirtle, um empregado do Departamento de Defesa em Grand Rapids, Michigan. Criado em Detroit por um pai que apoiava os democratas, Pirtle, de 40 anos, tornou-se republicano em grande parte por causa de sua oposição ao aborto.



“Vemos muitos empregos transferidos para o exterior”, diz Pirtle, cujo pai trabalha na General Motors. Irritado com notícias de problemas de segurança em produtos importados chineses, ele acrescenta: “As coisas que recebemos, tendo em vista todos os recalls, são, pra ser honesto, um lixo.”



Fonte: Valor Econômico