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'As Últimas Horas de Vida de Che Guevara' reestréia na UNE

O Rio de Janeiro está prestes a saber como foram os momentos finais do guerrilheiro Ernesto Guevara, o “Che”. No próximo sábado (6), reestréia a peça As Últimas Horas de Vida de Che Guevara, que fica em cartaz até 16 de dezembro, na sede da União

A montagem dirigida por John Vaz se baseia nas últimas 18 horas de vida de Che em seu cárcere, dentro de uma sala de aula, em La Higuera, Bolívia, há 40 anos – entre os dias 8 e 9 de outubro de 1967.


 


De autoria de Joihn Vaz e Lula Dias, o texto revela como foi a campanha de Che na Bolívia, os acertos e os erros estratégicos, além da reconstituição do interrogatório realizado por soldados e oficiais do exército boliviano e também os diálogos com a professora boliviana Julia Cortez que esteve com Che horas antes do guerrilheiro ser executado.


 


Desde que dois bolivianos, integrantes da guerrilha comandada por Che Guevara instalada na região do Ñacahuazú, a uns 250 quilômetros ao sul de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, desertaram, os militares tiveram quase certeza que aquele a quem denominavam “Ramón” era de fato o Che. Havia dois anos – desde sua carta de despedida, lida publicamente por Fidel Castro, em outubro de 1965 – que ninguém, a não ser o alto comando cubano, sabia do seu paradeiro.


 


Em pouco tempo, assessores militares norte-americanos desembarcaram em La Paz, capital da Bolívia, para instruir o mais rápido possível um batalhão de Rangers, adestrados na contra-insurgência, capazes de sair à caça dos guerrilheiros. As certezas da CIA e das autoridades bolivianas, da presença de Che, aumentaram ainda mais quando capturaram o intelectual francês Regis Debray o argentino Ciro Bustos


 


Debray um agente de ligação de Fidel com Che – daí sua importância. Ele foi preso em Muyupampa, um vilarejo no sul do país, no dia 20 de abril de 1967. Tornou-se evidente que a presença de dois estrangeiros se devia a razões de um plano mais vasto de operações militares. Debray, depois de torturado, confessou que “Ramón” era mesmo o Che.


 


Che já havia dividido em duas colunas seus liderados – formado em sua maioria por cubanos, alguns bolivianos, um par de peruanos e uma mulher, Tânia, uma teuto-argentina que se integrara na luta. Havia, assim, o grupo de Che e o de Joaquim. A frente de Joaquim foi exterminada em Vado del Yeso, quando tentava atravessar os rios Acero e Oro.


 


Já o grupo de Guevara, reduzido a 17 homens, foi cercado, no 11º mês de manobras, num canyon em La Higuera, pelas tropas do capitão Gary Prado, no dia 8 de outubro de 1967. Depois de intenso tiroteio, com sua arma avariada e com a perna trespassada por uma bala, Che Guevara rendeu-se. Sua aparência era assustadora, parecia um mendigo, magro, sujo e esfarrapado.


 


Levaram-no para um casebre em La Higuera que servia como escola rural. Lá, na tétrica companhia dos cadáveres de dois jovens guerrilheiros cubanos, ele passou sua última noite. Foi interrogado pelo tenente-coronel Andrés Selich – e é exatamente a partir desse ponto que começa o espetáculo. Após varias tentativas de interrogatório, e os diálogos com a professora Cortez no dia seguinte, 9 de outubro, por rádio, veio a ordem de La Paz para que o executassem.


 


Félix Rodrigues, o agente cubano-americano da CIA, desejava levar Che como prisioneiro para o Panamá e interrogá-lo – mas o general René Barrientos, presidente da Bolívia, fora muito claro.Coube ao sargento Mário Terán disparar uma rajada de balas quando Che ainda estava deitado no chão batido da escola. Morreu aos 39 anos.