15 de Outubro – Feriado Escolar

Mais um ano se passou e aqui estamos novamente no dia 15 de Outubro. DIA DO PROFESSOR. Dia este, que pelo Decreto 52682, de 14/10/1963, do Presidente da República, João Goulart, fica declarado feriado escolar.

Apesar do decreto, quantos de nós neste dia estamoso a lecionar, sem nenhuma menção, sem nenhuma referência, cumprindo um papel do qual toda sociedade, sem exceção, depende.


 


Além de determinar o dia 15 de Outubro como feriado escolar, o decreto presidencial definia a sua essência e razão no seu artigo 3º: “para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”.


 


Lamentavelmente o professor já não é tratado com o respeito com o qual o decreto o trata. Mas também já não são os mesmos os alunos e, muito menos as famílias.   Estas, transformadas pelas mudanças sociais, pelas alterações no mundo do trabalho, e em nosso País, já não podem acompanhar o dia-a-dia de seus filhos na escola e agregaram às nossas funções de professor, atividades que muitas vezes vão muito além do que deveria ser o nosso papel, como a de substituir a parte educativa que antes pertencia à família.  Mas se é o que o dia-a-dia da sala de aula nos impõe, não nos furtamos a fazer. E isso sem abandonar nossas funções na construção e na socialização do conhecimento.


 


Além da grande carga emocional e de responsabilidade que as transformações sociais nos impõem, para ter um salário digno, que faça frente às necessidades que temos, que vão desde a vestimenta, para que possamos nos apresentar diante de nossos alunos, até a compra de livros, provedores de internet, computadores compatíveis, etc…, somos obrigados a trabalhar em várias escolas, com jornada dupla e até tripla.


 


Além de tudo isto, vivemos num mundo de estatísticas que apontam para o mau desempenho escolar dos estudantes de nosso País. Somos parte do processo, temos responsabilidade, mas, certamente, somos vítimas, assim como também são os estudantes.


 


Precisamos de políticas voltadas para a valorização da educação, dos professores para o desenvolvimento estudantes. Precisamos de maior participação social para estabelecer a Educação como prioridade.


 


O mundo mudou muito nesses 44 anos. Hoje são inúmeras as modalidades de ensino. Temos o ensino presencial tradicional, o ensino semi-presencial, e lá estamos nós em frente a tela de nossos computadores, comprados às nossas custas, atendendo de forma estafante nossos alunos, o ensino à distância e de novo lá estamos nós.


 


A educação mudou, a sociedade mudou, mas a nossa importância continua a mesma. Fomos, somos e sempre seremos de fundamental importância social. Merecemos o decreto presidencial e devemos lutar pelo nosso dia!
 


 


Cláudio Jorge – Presidente em exercício do Sindicato dos professores de Campinas e Região, secretário-geral da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, professor do Colégio Anglo Campinas e da pontifícia Universidade Católica de Campinas.