Em Salvador, homenagens a Che tem protesto, cinema e poesia
A diversidade marcou as homenagens a Ernesto Che Guevara, realizadas hoje (9/10) em Salvador. A juventude protestou contra a revista Veja, o monopólio da mídia e pediu a instalação da CPI da Editora Abril. O cineasta Carlos Prozato lançou um documentário
Publicado 09/10/2007 21:41 | Editado 04/03/2020 16:21
Para lembrar os 40 anos da morte de Che, os jovens foram para frente da Câmara Municipal e fizeram um ato de repúdio à revista Veja, que na semana passada utilizou sua matéria de capa para atacar o guerrilheiro, questionando seus feitos e sua morte heróica. Exemplares da publicação foram queimados, enquanto os manifestantes destacaram a importância que Che tem para a juventude. “Cuba sim, Veja não. Viva a Che e a revolução”, gritavam os participantes.
O ato era simbólico, mas segundo o presidente da União da Juventude Socialista (UJS), Juremar de Oliveira, tem grande representatividade para todos aqueles que conhecem a história de Che Guevara e se inspiram em seus ideais para buscar um mundo melhor. “Che morreu lutando por uma sociedade mais justa, onde todos tivessem oportunidades iguais. Não podemos deixar este ideal morrer”, declarou Juremar.
A postura da revista Veja também foi criticada pela Associação Cultural José Marti, entidade de solidariedade ao povo cubano na luta contra o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos da América. Para seu presidente, Deoclides Cardoso, “a revista se opõe a tudo que seja contra os interesses das elites, como o socialismo proposto por Che. Só isso explica aquela matéria”, concluiu. O discurso foi reforçado pelo presidente da seção baiana do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Antônio Barreto, que conclamou a população a participar do protesto contra a Veja e reafirmou a importância de ações como estas para mostrar á sociedade a verdadeira face da publicação.
Arte e Cinema
Enquanto muitos protestavam, bem próximo dali, Che Guevara também era homenageado de forma silenciosa em uma exposição de arte. No salão do espaço Cultural da Câmara de Vereadores, a artista plástica Emérita Andrade expunha entre seus quadros aquele que homenageava a figura máxima de sua mocidade. “Che foi importante até na sua morte, que serviu para acordar os jovens de todo o mundo sobre a necessidade de se combater o capitalismo”, afirmou a artista.
Além de colocar o quadro sobre Guevara na entrada do salão, Emérita dedicou também ao guerrilheiro os seguintes versos: “Por sob as catadupas se levantam uma coragem. Vinda não sei de onde. 8 de outubro de 1967”, declamou emocionada.
Os 40 anos da morte de Che mereceram ainda uma homenagem cinematográfica. No mesmo espaço, o cineasta argentino, radicado na Bahia, Carlos Prozato lançou o documentário “Carabina M2”, que fala dos 11 meses que Che viveu na Bolívia até sua morte em outubro 1967. Batizado com o nome da arma que matou Guevara, o filme traz entrevistas com alguns dos militares que prenderam e mataram Che, além dos depoimentos de guerrilheiros e políticos ligados a ele.
De Salvador,
Eliane Costa