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Chegada de dengue tipo 4 é questão de tempo, diz ministro

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse na segunda-feira (22) que a entrada no país do vírus tipo 4 da dengue é uma questão de tempo. Segundo ele, no entanto, essa variação da doença não causa complicações mais graves.

O ministro disse também que neste ano a doença ainda não vai representar um problema. No entanto, ele não descartou um surto da dengue tipo 4  no ano que vem.



“A dengue tipo 4 vai chegar, é só uma questão de quando ela vai chegar. Hoje, com o encurtamento das distâncias, com as viagens de avião, comércio internacional e o turismo, é praticamente impossível evitar que uma pessoa com o vírus 4 entre no Brasil”.



“Não há motivo de alarde”



A possível chegada ao Brasil da dengue tipo 4 não deve ser motivo de alarde. De acordo com o médico epidemiologista Vicente Amato Neto, professor da Universidade de São Paulo (USP), a variação é apenas “um complicador a mais” para tratar da doença e não representa risco de surto.



Segundo ele, embora essa modalidade do vírus já tenha sido identificada na Venezuela e em uma das Guianas — países próximos aos estados da região Norte brasileira —, não há como precisar quando chegará ao Brasil.



“Basta que um paciente com vírus tipo 4 chegue aqui”, afirma, ao acrescentar que essa variação da dengue não deve preocupar frente ao atual quadro de infecção no país, “que já está intenso”.



Amato Neto diz que o vírus tipo 4 não pode ser considerado “mais grave ou virulento” que os demais, exigindo o mesmo tratamento que os outros três tipos.



Apesar de afastar o risco de epidemia, ele explica que, se chegar ao país, o vírus tipo 4 vai encontrar pessoas que nunca foram infectadas por ele e que, por isso, podem não ter defesas contra ele.


 


Complicador a mais



O professor lembra que o mais grave não é modalidade clássica da dengue, mas a forma hemorrágica, que pode levar à morte. Neste caso, estão mais suscetíveis as pessoas que já contraíram alguma das variações de dengue.



“Quem já teve a infecção por um certo tipo pode ser infectado por um outro. A forma hemorrágica não é obrigatória, mas é mais fácil se já existiu uma infecção anterior”, esclarece.



De acordo com o professor, se o vírus tipo 4 chegasse ao país, aumentaria a probabilidade de ocorrem mais casos da forma hemorrágica. “Apareceria um complicador a mais. Entraria mais um componente para facilitar essas combinações”.



O epidemiologista avalia que as primeiras manifestações da dengue tipo 4 no Brasil podem ser difíceis de serem identificadas. Mas alerta que a única forma de tornar a dengue hemorrágica menos grave, independentemente da variação do vírus, é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. “Isso não é fácil. Várias regiões do país não têm médicos e instalações preparadas”.