Risco de recessão nos EUA pode ser o maior em mais de 3 anos
O risco de uma recessão nos Estados Unidos chegou ao maior nível em mais de três anos e o Federal Reserve (Fed, o BC americano) deveria fazer algo para evitar isso. É o que aponta pesquisa realizada pelo jornal americano The Wall Street Journal (
Publicado 11/12/2007 17:39
O WSJ consultou 52 economistas para a pesquisa. As chances de uma recessão no país agora estão em 38%. No mês passado, a chance de uma recessão no país mostrada pela pesquisa era de 33,5%.
A economista Kathleen Camilli, da Camilli Economics, disse ao WSJ que “a dinâmica interna da economia americana vai se deteriorar e chegar à recessão” neste trimestre. “O crescimento será negativo, o número de empregos criados será revisto para baixo e, até onde posso ver, os gastos dos consumidores estão declinando rapidamente”, disse.
“Todos os consumidores americanos, ricos ou de classe-média, restringem seus gastos quando vêem seus investimentos em imóveis pararem de se valorizar ou começarem a perder valor. Isso já está em curso e se intensificou com o aumento dos preços do petróleo”, afirmou Kathleen ao WSJ.
De acordo com a pesquisa, a expectativa para o mercado de trabalho em 2008 é de um acréscimo de cerca de 84 mil empregos por mês e de uma taxa de desemprego acima dos 5%. Segundo Diane Swonk, economista da Mesirow Financial, o Fed tem de “se mexer para mostrar sua disposição em evitar tanto o risco de uma recessão como estabilizar a crise financeira”.
Para Diane, a ênfase do presidente do Fed, Ben Bernanke, na decisão por consenso no banco “mostrou-se como o ponto fraco em tempos de crise”. Agora, diz ela, “os diretores do Fed têm de mostrar convicção, ao invés de consenso.”
A pesquisa mostrou que 61% dos economistas entrevistados esperam que o Fed reduza sua taxa de juros (hoje em 4,5% ao ano). Destes, 61% esperam por um corte de 0,25 ponto percentual. Outros 27% dizem que o banco central americano deve reduzir a taxa em 0,5 ponto percentual.
O economista do RBS Greenwich Capital, Stephen Stanley, disse que o Fed deveria considerar as expectativas do mercado antes de tomar sua decisão. “Eles (os diretores do Fed) já sinalizaram um corte”, afirma Stanley. “Eles não podem não cortar.”
A pesquisa mostrou que a expectativa dos economistas quanto ao comunicado do Fed, a ser divulgado nesta terça-feira após o anúncio da decisão, é que o banco deve informar que um crescimento econômico menor pode representar um risco de alta da inflação. Isso pode indicar que novos cortes estariam à vista.
O Fed reduziu sua taxa em setembro e em outubro deste ano em 0,5 ponto percentual e em 0,25 ponto percentual respectivamente. O banco fez os cortes devido aos efeitos da crise imobiliária no país, agravada pelo crescimento da inadimplência no segmento de hipotecas de risco. A crise das hipotecas acabou por atingir outros setores do mercado de crédito.
A expectativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nos Estados Unidos foi reduzida para 0,9% no quarto trimestre, contra a estimativa anterior de 1,6%. Três dos economistas ouvidos disseram que a economia americana deve crescer 1,5% no primeiro trimestre de 2008. No mês passado, a expectativa para o período era de um crescimento de 1,9%.
Ainda que a economia no trimestre passado não tenha apresentado sinais de ter sido atingida pela crise de crédito – o PIB americano cresceu 4,9% entre julho e setembro (dado revisado) -, a crise, segundo analistas, ainda deve levar tempo para passar.
Da Redação, com informações da Folha Online