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Bloqueio de Israel desloca ao menos 700 mil em Gaza

Centenas de milhares de palestinos da faixa de Gaza, submetida a um desumano bloqueio israelense há uma semana, continuam a cruzar a fronteira com o Egito para abastecer-se com mantimentos. Ao menos 700 mil cruzaram a fronteira, de acordo com a ONU.

Nos últimos dois dias, moradores de Gaza cruzaram a fronteira com o Egito, em busca de alimentos, combustíveis e outros artigos escassos ou caros no território por conta das restrições devido ao bloqueio à região imposto por Israel na semana passada.



A medida seria uma retaliação aos lançamentos de foguetes Qassam [de fabricação caseira] vindos da região contra alvos israelenses, principalmente nas regiões de Negev e Sderot. Mas há vários dias não se tem notícias de novos lançamentos. Mesmo assim, Israel continua impondo seu criminoso bloqueio.



A abertura da passagem de Rafah –que estava fechada desde junho de 2006– permitiu também que a população reencontrasse com familiares que vivem do outro lado da fronteira.



Israel manifestou preocupação de que a livre travessia de palestinos para o Egito poderia propiciar a entrada de armamentos em Gaza –controlada pelo grupo radical islâmico Hamas desde junho passado. O governo afirmou que cabe ao Egito a tarefa de normalizar a situação na fronteira.



Controle de Gaza



O vice-ministro israelense da Defesa afirmou nesta quinta-feira que seu país pretende diminuir gradualmente o controle sobre a faixa de Gaza, agora que a fronteira com o Egito foi aberta. O Egito rejeitou a possibilidade, dizendo que a fronteira logo “voltará ao normal”.



Não ficou claro se o vice-ministro, Matan Vilnai, expressou uma opinião oficial de Israel ou um ponto de vista pessoal. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Arye Mekel, expressou opinião semelhante, dizendo que “já que os moradores de Gaza estão buscando mantimentos em outros países”, não há necessidade para que Israel os forneça.



O Egito, no entanto, rejeitou com veemência a idéia de Israel. “A fronteira [com Gaza] voltará em breve ao normal”, disse o porta-voz do Ministério egípcio de Relações Exteriores, Hossam Zaki, dizendo que seu país não foi consultado a respeito de um mudança de status de Gaza.



“Essa conclusão é errônea”, disse Zaki, a respeito das declarações de Vilnai. “A situação atual é uma única exceção, e tem causas temporárias”, acrescentou.



EUA



Em Washington, a Casa Branca qualificou de “grave” a situação na fronteira entre Gaza e o Egito, mas não tomou nenhuma medida a favor do povo palestino. Pelo contrário, impediu que a ONU se pronunciasse de forma mais incisiva a respeito da tragédia provacada pelo estado judeu.
 


Em Tel Aviv, o subsecretário americano de Estado, Nicholas Burns, culpou o Hamas pela crise em Gaza, e disse que o Egito é responsável por restaurar a ordem em sua fronteira.



“Obviamente, dependerá do governo egípcio levar a ordem à região da fronteira”, disse ele durante uma reunião com o ministro israelense Shaul Mofaz.



O empresário Abu Omar Shurafa recebeu um carregamento de 100 toneladas de cimento, que irá manter em estoque para o caso de a fronteira ser fechada novamente.



“Todos estão tentando montar estoques para seis ou sete meses. Nós encontraremos uma maneira de continuarmos vivendo”, afirmou.



Alguns palestinos queriam apenas sair da região, nem que fosse por algumas horas.



“Queremos apenas liberdade”, disse Adel Tildani, que levava a sogra do Egito para Gaza para que ela conhecesse o neto. “Eu não quero comprar nada. A liberdade é mais importante”.


 


Com informações da Folha Online