Messias Pontes:  Até quando os pobres pagarão a conta?

Historicamente, desde o surgimento da capitalismo, os pobres sempre arcam com o ônus de tudo: são eles que produzem, mas as riquezas produzidas ficam com os ricos; nas crises cíclicas do capitalismo, são os trabalhadores e os países pobres que pagam a con

Os pobres não investem em bolsa de valores e nem se beneficiam quando estas estão em alta, mas quando elas caem, são eles que pagam. É assim em todo o mundo capitalista, cuja lógica é o lucro máximo e o deus é o dinheiro.


 


 



Com o desastre da administração do terrorista norte-americano George W. Bush, os países pobres vêm pagando a conta da irresponsabilidade da política guerreira, já que as guerras do Iraque e do Afeganistão já consumiram nos últimos seis anos mais de dois trilhões de dólares, sem contar os milhares de yanques e as centenas de milhares de iraquianos e paquistaneses mutilados e mortos. 


 


 



Essa nova crise do capitalismo está causando pânico e freando o crescimento dos países emergentes e aumentando o desemprego e a pobreza dentro e fora dos Estados Unidos. O Brasil não sairá impune dessa turbulência, embora os danos sejam menores que durante o desastre tucano-pefelista.


 


 



Durante a ditadura militar (a terceira grande tragédia) os generais governaram para as elites, reprimindo com selvageria os protestos das classes trabalhadoras. Nesse período (1964 a 1985) a concentração de renda no País cresceu assustadoramente com o aval dos ditadores de plantão que argumentavam ser necessário fazer o bolo crescer para dividir depois. Só que essa divisão nunca aconteceu, pelo contrário, os ricos ficaram bem mais ricos e os pobres muito mais pobres.


 


 



Nos últimos cinco anos os brasileiros pobres continuam pagando a conta da quarta tragédia que o Brasil enfrentou, desta vez provocada pelo desgoverno tucano-pefelista (1995 a 2002) que desmontou o Estado, desnacionalizou a economia, institucionalizou a corrupção e a impunidade e concentrou mais ainda a renda, agigantando o fosso entre ricos e pobres.


 


 



A diferença é que com a ascensão das forças democráticas e populares em 2003, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente, o quadro é bem diferente, já que os programas sociais tiraram 20 milhões da faixa de pobreza e os colocaram na classe média, participando ativamente do mercado consumidor, levando a economia a um círculo virtuoso.


 


 



Essa política de inclusão social do atual governo vem causando grande mal-estar aos tucanos e pefelistas/demos, e estes tudo têm feito para impedir o crescimento da nossa economia e o bem-estar do nosso povo. A não prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF, tungando R$ 40 bilhões do Orçamento da União deste ano (R$ 160 bilhões em quatro anos), é o mal menor que a oposição liberal-conservadora e irracional pode causar.


 


 



O presidente Lula, mais do que nunca, precisa ouvir a voz das ruas e dizer à canalha traidora neo-udenista que os pobres não vão mais pagar a conta. O rombo de R$ 40 bilhões deve sair o do bolso das elites, notadamente dos grandes empresários e banqueiros que são os que mais ganham e mais sonegam neste País. A oposição anti-povo já disse que não aceita o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre Lucro Líquido – CSLL – dos banqueiros, e muito menos do Imposto sobre Operações Financeira – IOF. Nada que beneficie o povo e fira os interesses da elite branca, racista e golpista é aceita pelos demo-tucanos.


 


 



Neste momento de mais uma crise cíclica do capitalismo, com o seu epicentro no império do Norte, o presidente Lula deve aproveitar a oportunidade e o grande apoio popular que desfruta para encaminhar ao Congresso Nacional propostas das reformas que o Brasil necessita e que não podem mais ser postergadas. Precisamos estar preparados e fortalecidos para enfrentar as turbulências externas que se prenunciam.


 


 



O País necessita com urgência de uma reforma política que amplie os espaços democráticos e fortaleça os partidos, principalmente com o financiamento público e exclusivo de campanha; de uma reforma tributária justa e progressiva, taxando a herança e as grandes fortunas, com os ricos pagando bem mais e os pobres bem menos.


 


 



É inadiável uma verdadeira reforma agrária que garanta terra de boa qualidade, assistência técnica, crédito barato, saúde, educação, lazer, moradia, garantia de armazenamento e preço mínimo para o que for produzido, estradas para escoamento da produção e outros instrumentos para sua consecução.


 


 



A reforma urbana também não pode mais ser protelada, já que milhões de brasileiros vivem em condições degradantes na periferia das grandes cidades, sem saneamento básico nem acesso à educação e à saúde, totalmente marginalizados e muitos forçados a delinqüir.


 


 



Também está na ordem do dia a necessidade de uma reforma da educação com a universalização do ensino em todos os níveis, mais assistência aos estudantes e melhores salários e condições de trabalho para os professores e servidores técnico-administrativos.


 


 



O Brasil não pode mais conviver com o monopólio da mídia que tanto mal tem causado ao País, com meia dúzia de famílias ditando normas e comportamentos, endeusando e demonizando quem lhe convém, elegendo e derrotando quem quer, mentindo, omitindo, deturpando, manipulando e impondo o pensamento único à Nação. É imprescindível que a democratização dos meios de comunicação seja assumida pelo governo, já que ele conta com o necessário respaldo da esmagadora maioria da sociedade.


 


 



Chegou a hora das elites – que se locupletam das benesses do poder há cinco séculos – pagarem a conta. Os pobres não podem e nem devem pagar por crises que eles não produziram, e tampouco ficar sem um bom quinhão da riqueza que produzem. 


 


 



A hora é de decisão, já que o que mais assusta e incomoda não é o grito dos maus , mas o silêncio dos bons. Ninguém tem o direito de se omitir!


 


 


Messias Pontes é jornalista