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Paraguai: a um mês das eleições, governistas seguem em crise

O Partido Colorado, há 60 anos no poder, segue mergulhado em uma profunda crise a menos de 40 dias das eleições presidenciais paraguais, além de enfrentar a rejeição pública de sua candidata, Blanca Ovelar.

A crise se deve ao racha gerado pelas eleições primárias do partido, uma vez que o candidato perdedor, Luis Castiglione, denunciou ser vítima de uma fraude e protesta na Justiça a impugnação dos votos de Blanca.



Blanca Ovelar aparece em todas as pesquisas de intenção de voto atrás de Fernando Lugo (candidato por uma aliança de partidos e movimentos sociais opositores), por ser a candidata do presidente Nicanor Duarte Frutos, desaprovado por diversas pesquisas de popularidade.



“O tempo é desesperador”, disse nesta quinta-feira (13) o deputado Aristides da Rosa, pessoa próxima a Duarte Frutos, referindo-se à falta de apoio de Castiglioni e de seu companheiro de chapa, o candidato a vice-presidente, Javier Zacarias Irún, importante dirigente da região leste do país.



“Nem morto vou aprovar a Blanca”, prometeu Irún, embora tenha dito que deixou seus eleitores livres para que tomassem as decisões que desejassem.



Enquanto isso, a candidata colorada recebe mostras de desaprovação dentro de seu próprio partido. Nesta semana, durante uma reunião de dirigentes, um deles propôs “a mudança de chapa” para que o partido possa ganhar as eleições.



“Não adianta chorar”



O ex-vice-presidente da República e destacada figura do partido, Angel Seifart, disse que “não adianta chorar” caso o Partido Colorado perca o poder no Paraguai após seis décadas ininterruptas.



Disse ainda que Blanca “venceu mediante uma fraude” e, portanto, “sua vitória não é legítima”. Mario Sapriza, comissário na reserva, ex-policial e atualmente político, declarou que “falta fervor à campanha colorada”.



A Justiça Eleitoral deve decidir em uma semana se vai aceitar as impugnações apresentadas contra Castiglioni por suposta fraude, o que não deve acontecer, uma vez que a maioria dos magistrados age de acordo com o governo colorado.



Muitos dirigentes do “castiglionismo” foram, porém, atraídos pelo governo através de altos cargos oferecidos pelo presidente Duarte Frutos.



As eleições ocorrerão no próximo mês, dia 20 de abril, em um turno único. Além de Lugo, com cerca de 31% da preferência popular, o ex-general Lino Oviedo também aparece à frente da candidata governista, com cerca de 25%. Blanca, no melhor dos cenários, tem cerca de 24%.



Fonte: Ansa Latina