Estudantes de SP cobram verbas para educação e festejam fracasso de leilão da Cesp

Três mil estudantes foram às ruas do centro de São Paulo cobrar mais verbas para a educação e fizeram um carnaval fora de época em comemoração ao fracasso do leilão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), que seria privatizada hoje e teve sua vend

Desde às 8 horas, os estudantes começaram a chegar na Praça da Sé para participar do ato, que é parte da Jornada de Lutas das entidades estudantis UNE, Ubes, UEE/SP e UPES. Depois, saíram em passeata até o Largo São Bento, onde, em conjunto com as centrais sindicais, realizaram ato unificado em repúdio à política privatista do governo do estado. Os estudantes comandaram a festa, que teve direito a marchinhas, confete e serpentina e muita animação.


 


''Lançar a jornada de lutas da UNE e da Ubes na cidade de São Paulo teve um gostinho especial de vitória. As passeatas que tomarão às ruas de todo o Brasil até a próxima sexta-feira, relembrando os 40 anos de morte do estudante Edson Luis e exigindo mais verbas para a educação pública, já começam inspiradas na animada passeata que coloriu o centro de São Paulo na comemoração dos estudantes pelo cancelamento do leilão da Cesp'', disse Lúcia Stumpf, presidente da União Nacional dos Estudantes.


 


Ismael Cardoso, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, considera que ''o ato foi vitorioso e teve um caráter de denunciar coisas que a sociedade não sabia, como o jornal e a reforma curricular implementada pelo governo de São Paulo. Além de não ter aceito à recomendação de reincluir sociologia e filosofia no currículo, o governo tucano está retirando, sem conhecimento da população, a disciplina geografia do tuno da noite. O movimento estudantil vai continuar ocupando às ruas contra essa reforma curricular e já temos manifestações programadas para o mês de abril''.


 


Para Augusto Chagas, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, ''a manifestação demonstrou a força do movimento estudantil paulista e deu visibilidade às nossas reivindicações, como a melhoria da qualidade de ensino, mais verbas para a educação e a regulamentação do ensino privado. Além disso, usamos a irreverência da juventude, fazendo um carnaval fora de época para comemorar o fracasso do leilão da Cesp, que ia ser feito praticamente às escondidas pelo governo. Demonstramos que os estudantes são contra o objetivo de José Serra de retomar a queima de patrimônio público em nosso estado''.


 


O movimento secundarista destacou o problema da qualidade do ensino público estadual. O ''jornalão'', cartilha implantada pela secretaria de educação para ''nivelar'' o conhecimento dos estudantes do ensino fundamental e médio, é alvo de ira dos estudantes e tido como símbolo do descaso do governo.


 


Para o presidente da União Paulista dos Estudantes Secundarista, Arthur Herculano, ''o jornal é a maior prova de falta de democracia nas escolas e também da grande incapacidade, inclusive técnica, do ensino hoje no estado. Inclusive porque tira a autonomia do professor na elaboração das aulas e oferece ao estudante um mau conteúdo das matérias''. E continua, apresentando o que na sua opinião é uma catástrofe educacional: O projeto ''São Paulo faz escola'' mostra que os governos tucanos fizeram no estado uma escola sem democracia, sucateada e de péssima qualidade. Sendo o estado mais rico do país, São Paulo faz a segunda pior educação do Brasil''.


 


De São Paulo,


Fernando Borgonovi


Fotos: Vanessa Stropp