Seminário Paulo Freire leva mais de mil pessoas à Unicamp

Os adeptos de Paulo Freire não medem esforços para seguir seus passos. Eles formavam uma verdadeira corrente humana para disputar um espaço no Centro de Convenções da Unicamp, no VI Seminário Paulo Freire, evento organizado pela Biblioteca que leva o seu nome em Campinas. Os participantes passavam dos mil.
A jovem Marta Riach revelou que participou de quase todas as edições do seminário e que fica atenta às divulgações sobre o educador. “Mantenho um arquivo com fotos e pensamentos de Freire. Para mim, é o grande modelo. Era tão especial que é único. Encontrar alguém semelhante, só levando muitas décadas. Além de tudo, amava profundamente as pessoas excluídas socialmente”, comentou.

Idealizador da Biblioteca Paulo Freire, Francisco Genézio deu as boas-vindas aos participantes. “Estou feliz porque esta Universidade continua abrindo as portas para Paulo Freire. Quem de vocês não o conhece”, indagou. “Também a Secretaria de Educação de Campinas pela primeira vez nos apóia, juntando esforços para dar continuidade ao trabalho do educador.”

Além de amigo pessoal de Paulo Freire, Eduardo Coelho, diretor-geral da Metrocamp, foi uma das pessoas a acolhê-lo na cidade quando retornou do exílio. Para Coelho, o sucesso da metodologia de Freire baseia-se muito em sua inteligência moral. “Ele assumia o que pregava e não aceitava a educação da época. Sempre teve coerência com o seu discurso”, pontuou. Coelho acredita que as escolas públicas devem destacar seus alunos. “Esta também é uma forma de promover mudanças sociais.”

O coordenador-geral da Unicamp, professor Fernando Costa, na solenidade de abertura do seminário representando o reitor José Tadeu Jorge, concluiu que este evento é diferenciado por representar uma importante relação com a sociedade. “Como estamos numa instituição de excelência e com tradição de pioneirismo, tal Seminário reforça estes indicadores. Paulo Freire foi um educador que levou o nome do Brasil para outros países e foi professor titular da Faculdade de Educação da Universidade por uma década”, recordou.

O secretário municipal de Educação de Campinas, Graciliano Oliveira Neto, comentou que as idéias de Paulo Freire, contidas no livro “Paulo Freire: Uma História de Vida”, são uma declaração de amor que conseguiu ser levada a outras esferas. “Ele personificou a 'amorosidade' e defendeu a inclusão social. Excluir um aluno significa não lhe dar a chance de se desenvolver”, afirmou. No período da tarde o evento contou com a presença da viúva de Freire, Anita, que divulgou e autografou livro de sua autoria.

De Campinas,
Com texto de Isabel Gardenal, fotos de Antoninho Perri e edição de imagens de Natan Santiago.