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Oposição se desespera com investigação da PF sobre dossiê

“Quem não deve, não teme”. A inversão do famoso ditado popular está fazendo os oposicionistas perderem o sono. A gritaria gerada por demos e tucanos após a notícia de que a Polícia Federal investigará quem roubou documentos sigilosos do governo deixa t

A Polícia Federal abriu nesta segunda-feira inquérito para investigar o vazamento do suposto dossiê com informações sobre os gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de ex-ministros da gestão tucana. O inquérito será presidido pelo diretor executivo da PF em Brasília Sérgio Barboza Menezes.



A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, já havia pedido uma providência ao Ministério da Justiça sobre o caso. Momentos antes, o ministro Tarso Genro divulgou nota informando que já havia encaminhado para a PF o pedido de investigação.



A ministra quer que o caso seja investigado com base em artigo do Código Penal que trata de crime de violação de sigilo funcional, já que há suspeita de que o vazamento ocorreu no Palácio do Planalto. A prioridade, de acordo com a PF, será identificar os funcionários que tenham colaborado para a divulgação de informações para a imprensa.



Uma cópia do banco de dados da Casa Civil com os gastos do ex-presidente e de ministros foi retirada da rede de computadores da casa Civil e posteriormente adulterada para divulgação na imprensa como se fosse um dossiê. O jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja sabem quem são os envolvidos no roubo dos dados –pois receberam deles os arquivos que divulgaram– mas alegam o direito ao sifgilo da fonte para não revelar os nomes dos criminosos.



O nome do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) surgiu na última semana como suspeito de estar envolvido na divulgação do dossiê. O senador seria a fonte da revista Veja. Ele reconheceu que teve acesso aos arquivos, mas alegou prerrogativas parlamentares para não revelar o nome de quem lhe passou os documentos.



ACM Neto: “é um absurdo”



Contrariado com a notícia sobre o inquérito da Polícia Federal, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), acusou Dilma de estar usando a Polícia Federal para tentar esconder o “fato principal”. “Vai-se atrás de tentar desvirtuar o fato relevante, que é o crime que ela (Dilma) cometeu”, reclamou.



O deputado considerou ruim verificar que a PF vai gastar tempo para investigar quem vazou o suposto dossiê “com tantos problemas e questões no País para se dedicar”. Maia só não explicou porque então a oposição elegeu o “dossiê” como principal assunto a ser discutido no Congresso. Será que a oposição também não tem “problemas e questões” mais relevantes para se dedicar?



O presidente do DEM sugeriu que, com a investigação da PF, está se usando órgãos do Estado para tentar proteger a elaboração de um dossiê feito para intimidar a oposição.



Além de reclamar da investigação, Maia também se mostrou frustrado com o fato da oposição não ter conseguido seu objetivo, que é o de forçar a saída da ministra Dilma do governo. “A situação da ministra continua insustentável e, assim como Palocci (o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci), ela vai acabar tendo de deixar o governo”, apostou Maia.



O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), foi na mesma linha de Maia. ACM Neto afirmou que a decisão da Polícia Federal significa o uso da máquina pública para atender fins políticos do PT. “É um absurdo e uma falta de bom senso pensar que o vazamento é mais importante do que a elaboração do dossiê”, afirmou.



ACM Neto disse que em primeiro lugar deveria ser investigado quem produziu o dossiê. “A Polícia Federal pode até investigar o vazamento, desde que isso aconteça depois de investigar a elaboração do dossiê, que é onde houve crime. O crime que está caracterizado foi na elaboração do dossiê”, afirmou ACM Neto. “Isso mostra que o governo não tem escrúpulos, nem limite, na utilização do poder do Estado. É mais uma tentativa de intimidar a oposição”, protestou.



O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), também deixou transparecer o medo do que pode ser revelado a partir do inquérito aberto pela PF. Segundo ele, a investigação é “uma farsa”. Ele também repetiu o discurso oposicionista de que a informação que interessa é “quem fez o dossiê. “O governo está preocupado em saber quem viu o assassinato e não quem assassinou”, tentou argumentar o líder tucano. “O que é fato, é fato. Queremos investigar os cartões presidenciais e inclusive quem vazou. Mas, sobretudo, quem fez o dossiê. Investigar apenas o vazamento não satisfaz a nenhum analista de bom senso”, completou.



Tarso: fato determinado


 


O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse hoje que a Polícia Federal vai concentrar as investigações no vazamento do suposto dossiê. Segundo ele, o inquérito não apurar o responsável pela montagem do documento.



Ele argumenta que a PF tem que apurar se houve a invasão dos computadores da Casa Civil para que os dados fossem levantados. “A PF vai investigar delitos. Não vai investigar situações políticas. Situações políticas quem investiga é a CPI. É o debate político entre oposição e governo. Não é essa a função da PF, que não é uma polícia política”, afirmou.



Tarso disse que o delito apresentado até agora é o vazamento. E que por isso a PF vai concentrar as investigações no vazamento. “O item penal que está sendo apontado até agora é o vazamento ilegal. E provavelmente não sabemos se ocorreu a invasão dos computadores da Casa Civil de maneira obviamente ilegal.”



Tarso disse acreditar que a finalidade do vazamento tenha sido política. “A publicação desses documentos por um jornal de circulação nacional mostra que é necessário que se verifique como esses documentos foram vazados, se foi algum funcionário que o fez e a pessoa que o fez vai ter que ser responsabilizada penalmente.”