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Para marcar 68, UNE encena a Batalha da Maria Antônia 

Nesta quarta-feira (14), os estudantes paulistanos reviveram um dos momentos mais tensos de 1968, a Batalha da Maria Antônia. No dia 3 de outubro de 68 – fruto de um confronto entre estudantes da universidade Mackenzie e integrantes do CCC (Comando de

Naquele outubro sangrento o prédio da Filosofia, Ciências e Letras da USP, que ficava na rua Maria Antônia do bairro paulistano Santa Cecília, foi invadido e depredado por alunos da vizinha Mackenzie e integrantes do CCC . Ocorreu quebra-quebra, confronto com policiais e diversos automóveis foram incendiados.


 


O artista plástico Cláudio Tozzi, 58, participou ativamente daqueles dias conturbados, que colocaram a cidade de São Paulo no clima do que estava ocorrendo no resto do mundo, sobretudo na França.


 


''A Maria Antônia era o nosso Quartier Latin'', afirma Tozzi, referindo-se ao boêmio bairro parisiense que, em maio de 68, viveu verdadeiras batalhas campais.


 


A encenação foi exatamente no local do assassinato do secundarista José Guimarães e, assim como ocorreu em 68, contou com expressiva participação dos estudantes de ensino médio, mobilizados pela Upes (União Paulista de Estudantes Secundaristas) e a ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).


 


Com a mesma combatividade dos jovens que 40 anos antes, eles vivenciaram a batalha, lutando com sonhos e emoção. Bombas de farinha, apitos, e “bombinhas”, fizeram as vezes das bombas caseiras, armas de fogo, entre outros, utilizados pelo CCC e os estudantes durante o confronto.


 


Teatro de rua


 


A encenação ficou com o grupo de teatro e ponto de cultura, Tá na Rua. Segundo Vanessa Borba, do Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE (Cuca), a opção pelo teatro de rua não foi gratuito.


 


“O teatro de rua permite que o povo fique à vontade para expressar o artista que mora dentro dele. O objetivo é buscar a teatralidade que existe no povo, por que a gente entende que o teatro reproduz a vida e não o contrário”, afirma.


 


Ela também destacou o desafio de mexer com a memória. “Mexer com a memória é importante, principalmente para que possamos perceber a continuidade do tempo, que a história não é linear. Mas tivemos a preocupação de olhar o passado com os olhos do presente, afastando qualquer possibilidade de fazer análise saudosista”, explica.


 


Aula pública


 


Antes de reviver o outubro de 68, os estudantes também tiveram a aula pública “Os sonhos não envelhecem” com o jornalista Bernardo Joffily.


 


“Apesar de anos como 68 ocorrerem poucas vezes na história é preciso que a juventude saiba que ela pode fazer muitos 68 acontecerem”, disse ele.


 


Por ironia ou acaso do destino, enquanto Joffily falava, uma jovem que não quis se identificar e que observava de longe atividade, levantou um cartaz com os dizeres “volta CCC”.
 


Ao comentar a atitude da jovem, o jornalista falou: “hoje é possível você se manifestar, mas por outro lado os dizeres do seu cartaz não têm mais espaço nos nossos dias.”


 


Além do Tá na Rua e do Cuca, promoveram a atividade o Instituto Pavanelli (coletivo de oficinas de circo) e o Política do Impossível (coletivo de intervenção urbana que faz oficinas com cuca).


 


Simbólico e singelo, o ato desta chamou a atenção dos transeuntes que paravam para, em conjunto com os estudantes, relembrar os tempos da resistência e sonhar com novos e históricos embates em defesa do país, da democracia e da liberdade de expressão.
 


Fotos 2008: Vanessa Borba