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Florbela Espanca: Mentiras

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Ai quem me dera uma feliz mentira
que fosse uma verdade para mim!
J. Dantas


 


 


Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar pousa no meu?
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
Qual a imagem que alberga o peito meu?


 


 


Ai, se o sei, meu amor! Em bem distingo
O bom sonho da feroz realidade…
Não palpita d’amor, um coração
Que anda vogando em ondas de saudade!


 


 


Embora mintas bem, não te acredito;
Perpassa nos teus olhos desleais
O gelo do teu peito de granito…


 


 


Mas finjo-me enganada, meu encanto,
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!


 


 


A mensageira das violetas
Florbela Espanca
Seleção e tradução de Sergio Faraco
Editora L&PM Pocket– edição 2002