Acre acerta os ponteiros com o Brasil

Hoje a população acordou mais cedo para uma rotina que, para acompanhar, basta seguir os ponteiros do relógio. Isso porque as secretarias, órgãos, instituições e demais setores do Estado também já estão com seus ponteiros ajustados com uma hora de diferen

À meia-noite de ontem o acreano adiantou seu relógio uma hora. A partir disso, o Acre passa a ter uma hora de diferença em relação a Brasília, e não mais duas, como ocorria antes. A lei nº 11.662, de 24 de abril de 2008, que estipulou a mudança, foi criada pelo senador Tião Viana (PT) e corrigiu um erro histórico cometido há 95 anos.

Hoje a população acordou mais cedo para uma rotina que, para acompanhar, basta seguir os ponteiros do relógio. Isso porque as secretarias, órgãos, instituições e demais setores do Estado também já estão com seus ponteiros ajustados com uma hora de diferença. A mudança será mesmo biológica, à qual o cidadão terá que acostumar sair da cama mais cedo e, se preferir, aproveitar maior tempo do sol à tarde para praticar esporte ou lazer.

Pensando na dificuldade de adaptação dos estudantes e funcionários ao novo horário, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) decidiu que haverá um período de tempo de tolerância para os atrasos nos primeiros dez dias da lei em vigor. “As pessoas irão precisar de período de adaptação do ‘relógio biológico’ e esse prazo de tolerância surge para não prejudicá-las”, explica o gerente do setor de Ensino Médio da SEE, Josemir Calixto.
O assessor de Comunicação do governo do Estado, Itaan Arruda, adiantou que as demais secretarias e setores de atendimento ao público como Saúde e Segurança também estarão com o horário ajustado para tratar de suas demandas diárias. “Aos poucos o acreano se adaptará à mudança no horário”, acrescenta.

Com relação às instituições financeiras, a presidente do Sindicato dos Bancários, Edjane Batista, diz que inicialmente os bancos seguem o novo horário com o atendimento das 9 às 14 horas. “Temos a proposta do Banco do Brasil de mudar o horário de atendimento para o período das 10 às 15 horas, mas isso será discutido com a categoria em uma reunião marcada para o dia dez de julho”, lembra.

Com exceção do próprio fuso, não haverá alteração no horário comercial no Estado, e segundo a Infraero, os horários de embarques e desembarques no Aeroporto de Rio Branco também permanecerão os mesmos. Desse modo, de acordo com os especialistas em saúde, nem o sistema biológico da população sofrerá prejuízo com a mudança.

Além do Acre, seis cidades do Amazonas também ajustam os ponteiros de seus relógios com o Brasil. São elas: Atalaia do Norte, Boca do Acre, Benjamin Constant, Eirunepé, Envira e Ipixúna. Com o novo horário, todos poderão ter uma redução na conta de energia elétrica, assim como a diminuição da emissão de gás carbônico das usinas térmicas que atendem a região. Entre os benefícios está ainda uma melhor integração com o Centro-Sul, sistema financeiro e transporte de comunicação.

Corrigimos um erro, diz Tião Viana

O ajuste no horário foi defendido no Congresso Nacional pelo senador Tião Viana (PT). Segundo ele, a mudança corrige um erro histórico que durou mais de noventa anos. Na época em que a antiga lei foi sancionada (1913), o Brasil tinha um horário apenas, e depois de uma convenção internacional o Acre ficou com o atraso de duas horas em relação a Brasília.

“Naquela época não houve quem intercedesse em favor do Acre e dissesse que essa mudança era um erro. No entanto, o que se perpetuou por quase um século finalmente foi corrigido”, declara Tião Viana. O senador se refere ao fato de a Região Nordeste ter tido a oportunidade de dizer não naquela ocasião e ficado com horário único.

O parlamentar lembra que a necessidade de mudança nos ponteiros do relógio é sentida quando se observa o amanhecer, o pôr-do-sol e o horário de trabalho dos acreanos. Para ele, a partir de agora, a comunidade vai se aproximar de uma vida mais adequada. “O que eu fiz foi regulamentar o fuso do Acre e de seis cidades da Amazônia que tinham um horário que prejudicava a vida das pessoas.”