Lideranças paranaenses reagem à nova censura imposta a Requião
Deputados, líderes comunitários e partidários defendem liberdade de expressão
Publicado 25/06/2008 13:40 | Editado 04/03/2020 16:54
A nova multa de R$ 200 mil imposta pela Justiça ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que utilizou a televisão estatal para emitir sua opinião crítica acerca do judiciário e do aumento da violência, desencadeou uma onda de protestos de lideranças políticas e da sociedade civil em defesa da liberdade de expressão e contra a censura prévia. O presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), seção Paraná, José Agnaldo Pereira, observou que a Justiça deveria zelar pela Constituição Federal e não atacá-la, como vem fazendo, ao impor a censura prévia ao governador do Paraná. “Acho um absurdo que a Justiça ataque frontalmente o Artigo 5º. da Constituição Federal ao desconsiderar a liberdade de expressão, item muito caro aos democratas brasileiros”, declarou o dirigente sindical.
As bancadas do PMDB na Assembléia Legislativa e na Câmara dos Deputados levantaram-se também contra mais este ato de censura à livre manifestação representada pela multa ao governador Roberto Requião. O presidente do PMDB do Paraná, deputado Waldyr Pugliesi, lembrou do regime de exceção ao defender a livre manifestação no país. “Muitos até morreram na luta para construir o regime plenamente democrático que impera hoje no Brasil e nele a censura não tem mais lugar”, declarou Pugliesi, ao analisar a multa contra o governador Roberto Requião.
“Nós do MDB e PMDB lutamos desde sempre para construir este regime democrático. Ao multar o governador Requião, abre-se um precedente para a volta da censura em nosso país”, acredita. Como exemplo de censura, Pugliesi citou os casos do jornal Folha de São Paulo e da revista Veja, “multados simplesmente por publicar uma entrevista com a ex-prefeita Marta Suplicy”, completou.
O deputado federal Rodrigo Rocha Loures também saiu em solidariedade a Requião. Ele disse que tem se manifestado, em várias oportunidades, a posição de defesa intransigente dos dispositivos constitucionais que asseguram a todos os cidadãos a livre manifestação do pensamento, a livre expressão de comunicação e o livre acesso à informação. “Estes e outros preceitos dos Direitos e Garantias Fundamentais dos cidadãos, inscritos no art. 5º da nossa Carta Política, são cláusulas pétreas que integram também as constituições das democracias mais representativas do nosso planeta”, defendeu o parlamentar.
O presidente estadual do PCdoB, Milton Alves, disse que a decisão do Ministério Público de proibir o chefe do executivo paranaense de usar a televisão estatal, por meio de pesadas multas, é um atentado contra a democracia brasileira. Para ele, há uma clara tentativa de intimidar o governador. “Essa raiva contra Requião tem relação direta com os conservadores que querem tirar a TV Educativa do ar. É a única emissora do país que combate a agenda neoliberal e destoa do pensamento único. Portanto, a multa de R$ 200 mil é para intimidar o governador, tentar calá-lo”, criticou.
O líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB) se solidarizou ao governador Roberto Requião que, segundo ele, vive uma espécie de cerco montado, sob censura, multado, proibido de criticar adversários, de exercer seu direito de liberdade de expressão. “Requião é um homem que tem compromisso com o povo e, mais uma vez, tentam calar o governador através de censura e multa”. O parlamentar disse que historicamente setores conservadores tentam fazer com que aqueles que têm as opiniões mais avançadas não possam manifestá-las. “E é isso que acontece com o governador Requião e que não tem cabimento em pleno estado democrático de direito”
Rafael Clabonde, presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) disse que as duas emissoras e os noticiosos do Governo do Paraná são verdadeiros porta-vozes dos movimentos sociais no Estado. “Não temos espaço na grande mídia. A grande imprensa defende os transgênicos, os pedágios, os donos das empresas de ônibus, os juros dos grandes bancos, o ensino privado e ainda sataniza os trabalhadores rurais, entre outros movimentos. Somente na TV, na rádio, na agência estadual de notícias temos vez e voz”, afirmou ele.