Otimismo na campanha de Flávio

O jornalista Walter Rodrigues analisa a sucessão municipal em São Luís e destaca o clima de otimismo existente na campanha de Flávio Dino a prefeito pela Coligação Unidade Popular formada pelo PCdoB e PT.

Embora a campanha de Flávio Dino ainda não tenha realizado metade do seu potencial — que pode levá-lo ao segundo turno desta eleição — há otimismo entre os partidos que lideram a coligação PCdoB/PT em São Luís.
Uma das razões é que a campanha se desenrola internamente com entusiasmo e alegria e, não menos importante, sem brigas nem anátemas recíprocos. O que não chega a ser comum no PT do Maranhão (no PCdoB é proibido brigar ou pelo menos alardear que está brigando).
A outra razão, mais prática, é que ambos os partidos estão certos de que o dinamismo atual da campanha praticamente assegura que tanto petistas quanto comunistas elegerão vereadores. Pelo menos um para cada um.
Numa campanha em que 10 coligações disputam o poder, fazer dois ou três vereadores não é nada fácil.
Nos anos 90, o PT chegou a ter dois dos 21 vereadores da capital. Atualmente não tem nenhum. O PCdoB nunca teve.
O único vereador de perfil moderadamente esquerdista, hoje, na Câmara de São Luís, é Joberval Bertoldo, do PCB. Que entretanto não faz oposição nem ao governador nem ao prefeito da capital, ambos do PDT, e apóia o candidato pedetista Clodomir Paz.

Antes assim
O presidente do diretório regional do PT, deputado federal Domingos Dutra, está alheio à campanha de São Luís. Mas ainda assim vem sendo elogiado até pelos adversários internos. Porque também não atrapalha.
Já o ex-candidato a senador Bira do Pindaré, fenômeno eleitoral de 2006 (bateu os ex-governadores Castelo e Cafeteira em São Luís), engajou-se discreta mas efetivamente na campanha de Flávio e de candidatos à vereança.

Segundo turno
Flávio Dino tem a maior militância espontânea da cidade e é o candidato mais facilmente identificável com Lula, “pai dos pobres” de São Luís.
Goza de boa reputação na classe média ilustrada —apesar de restrições por sua aliança com oligarquias do interior — e é tido geralmente como pessoa capaz de fazer o que pretende.
Falta-lhe ainda, entretanto, ser tão conhecido das “massas” quanto Cleber Verde (PRB), Clodomir Paz (PDT) e Raimundo Cutrim (DEM).
Segundo as pesquisas, esses três disputam com Flávio o direito de enfrentar João Castelo (PSDB) no segundo turno. Se houver segundo turno e se Castelo não for eliminado antes pela Justiça Eleitoral.
De certo modo, Flávio é o candidato mais perigoso numa disputa cara-a-cara com Castelo. Seria PT contra PSDB, Lula contra o anti-Lula, o novo contra o velho, o ex-líder estudantil contra o espancador de estudantes.
Pois ninguém esquece que Castelo, governador dinâmico e empreguista, comprou o discurso repressivo da ditadura e mandou a polícia acabar no cassetete o movimento dos estudantes pela meia passagem nos ônibus (1979).
(extraído do Blogue do Colunão, do jornalista Wálter Rodrigues)