Sem eleições em Brasília, PCdoB participa da disputa no entorno
O Distrito Federal é a única unidade da federação onde não são realizadas eleições municipais. Mas no entorno do DF, composto de 42 municípios – 29 de Goiás e 13 de Minas Gerais, que reúne uma população em torno de 1,5 milhão de habitantes – há disputa
Publicado 29/09/2008 16:17
Alan Bueno, secretário geral do PCdoB-DF, explica que muitas dessas cidades dependem dos serviços públicos do DF, como transporte, saúde e educação. “Para resolver esses problemas, tem que fazer uma política do DF relacionado com a grande demanda do entorno”, afirma, acrescentando que “é preciso participar das eleições dessas cidades para elaborar planos de desenvolvimento integrado, discutir com eles as bandeiras de luta dessas populações.”
O PCdoB do DF e de Goiás fazem essa articulação política e apoiam várias candidaturas majoritárias nas principais cidades, além de terem lançado candidatos próprios à Câmara de Vereadores. Muitas candidaturas foram construídas em conjunto entre PCdoB, PDT e PSB, reproduzindo a nível local o Bloco de Esquerda que atua na Câmara dos Deputados.
“Esse é um processo em construção”, avalia Alan Bueno, para quem a idéia de sintonia com os municípios do entorno está passando por um amadurecimento político, que pode produzir êxito nas eleições e, com mandatos representativos, pode se fortalecer.
Chances de vitória
Na reta final da campanha, os dirigentes do PCdoB tem visitado os municípios do entorno para garantir a eleição dos seus candidatos. “A maioria dos candidatos são presidentes do Partido no município e tem chances concretas de vencer”, diz Alan, citando o exemplo de Joaquim do Monte, em Valparaíso (GO), que já foi vereador e é o presidente do Partido no município. Lá, o PCdoB tem ainda outros três candidatos a vereador – João Grandão, Tião da Padaria e Márcia Lemos – e apoiam Lêda Borges, do PSDB, para a Prefeitura.
Das 49 cidades do entorno, ele destaca a situação eleitoral em sete delas, onde o Partido possui candidaturas próprias à vereador. Ele fala também sobre o esforço que está sendo feito pelo Partido, nesta semana que antecede às eleições, para ajudar na campanha de Chaparral, que concorre à reeleição em Barra do Garça, município de Goiás; e de Fábio Torkasky, candidato à vereador em Goiânia.
Das cidades mais importantes do entorno, Alan Bueno enumera Águas Lindas de Goiás, onde o PCdoB trabalha para eleição de Hildo do Candango (PSB) à Prefeitura da cidade e para os candidatos a vereador Gilmar Saggiaro, presidente do Partido, que já concorreu da última vez e foi muito bem votado; a comerciante Maria Darci e o professor José Pereira.
Na Cidade Ocidental (GO), os comunistas apoiam Alex José, do PR, candidato a prefeito, e o presidente do Partido no município, Carlos Magno, na disputa para vereador.
Em Padre Bernardo, Planaltina e Santo Antônio do Descoberto – todas em Goiás – o PCdoB tem candidatos com boas chances de conquistar uma vaga na Câmara dos Vereadores e está envolvido nas campanha para prefeito.
Cidades-dormitórios
Esses municípios são conhecidos como cidades-dormitórios, porque grande parte da população economicamente ativa se desloca todos os dias para trabalhar no Plano Piloto, centro habitacional, administrativo e comercial de Brasília, e retorna para suas casas no fim do expediente.
Para Alan Bueno, os grandes problemas nessas áreas são o desemprego e a violência. No DF, existem cerca de 30% de desempregados, enquanto em Brasília só tem 5%, o que demonstra a desigualdade nessas áreas, explica o dirigente comunista, lembrando que as altas taxas de desemprego geram violência. O entorno é uma das áreas mais violentas do país, o que coloca Brasília na posição de 10a cidade mais violenta do Brasil.
Águas Lindas (GO), a 50 quilômetros de Brasília, com pouco mais de 130 mil habitantes, está entre os dez mais violentos do país. Formosa (GO), localizada a 90 quilômetros de Brasília, é outro exemplo do que diz Alan Bueno. A população de pouco mais de 90 mil habitantes reclama da falta de oportunidades no município. O estudante Raian Bastos de Assis, em entrevista a uma rádio local, declarou que “precisamos de mais empregos para os jovens”, acrescentando que a cidade precisa também de mais cursos profissionalizantes.
De Brasília
Márcia Xavier