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Luis Nassif: Estratégias contra a crise

Ainda é cedo para avaliar como será 2009 na economia brasileira. Em grande parte o resultado será conseqüência da maior ou menor rapidez com que as autoridades econômicas tratem de algumas problemas atuais da crise. No plano global, há uma crise financ

Primeira onda – a crise do subprime e do sistema bancário internacional. Razoavelmente superada. Faltam ainda providências para induzir o sistema bancário a voltar a emprestar. Alguns analistas sugerem que o caminho seria os diversos Bancos Centrais se tornarem co-avalistas do risco de empréstimo.



Segunda onda – em curso, é a chamada desalavancagem dos fundos hedge. Ou seja, fundos especulativos desfazendo-se de seus ativos. Foi esse movimento que provocou a mega-onda que derrubou bolsas de todo o mundo e jogou o yen nas alturas. No caso do yen, com os fundos se desfazendo dos empréstimos que tomavam no Japão, para especular em outras países. Já se passou pelo epicentro dela. Poderá dar alguns solavancos, mas caminha para se acalmar.



Terceira onda – as crises das economias nacionais. Para prevenir, o FED (BC americano) fez troca de moedas com quatro países – Brasil, México, Cingapura e Coréia – e está preparando para atuar com mais dez. Além disso, o FMI reduziu a burocracia para poder amparar países com problemas externos. Ainda não está sob controle.



No caso brasileiro, os desafios são da seguinte ordem:



Desafio 1 – restabelecimento do crédito



O Banco Central reduziu o depósito compulsório dos bancos, mas o dinheiro não fluiu para as empresas; fez leilão de hedge cambial, mas o crédito está se abrindo muito lentamente para os exportadores. Isso se deve ao receio dos bancos em relação às empresas. Não se sabe ainda, nesse terremoto global, a situação de cada empresa ou setor.



O BC terá que ser mais atuante, colocando penalidades nos bancos que não emprestarem e tratar de ir para a linha de frente.
Esse é o desafio maior.



Desafio 2 – criar fatos concretos que melhorem as expectativas dos empresários



O Copom (Comitê de Política Monetária) perdeu uma excelente oportunidade de virar as expectativas. Se tivesse reduzido a taxa Selic, ainda que em módico 0,25 ponto percentual, poderia reverter as expectativas rapidamente.



Outras preocupações do governo devem ser a de evitar o máximo possível volatilidade no câmbio, na Bolsa de Valores e nos títulos externos brasileiros. É hora de ressuscitar a antiga mesa de operações do BC para atuar firmemente nessas frentes.



Outro ponto relevante é o anúncio do programa de investimentos para 2009 no âmbito do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). As grandes estatais estão com recursos em caixa, assim como as grandes empresas privadas brasileiras.



O governo deveria se reunir com essas empresas, somar os investimentos que serão efetuados, analisar as condições objetivas para que não sejam frustrados e anunciar em grande estilo para a opinião pública.