Sônia Latge: a CTB no Fórum Social Mundial
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) iniciou em julho desse ano a discussão política e de organização para garantir sua participação no Fórum Social Mundial 2009, que acontece de 27 de janeiro a 1° de fevereiro em Belém, no
Publicado 31/10/2008 17:46
Ao refletir sobre os seus objetivos, a diretoria da Central considerou fundamental pautar sua presença através de um projeto que em seus aspectos político-sindicais, logísticos e financeiros deixasse a marca classista e de defesa da do Trabalho, da Soberania dos Países, da Paz Mundial e da luta pelo Socialismo.
Em sua primeira participação no FSM 2009, a CTB pretende também , dar continuidade às atividades conjunta do Forum Nuestra América trabalhando em total articulação com a Federação Sindical Mundial e respeito à autonomia das organizações internacional e latino-americanas, de modo a estar associando as ações políticas e logísticas com os países membros desse fórum.
Do ponto de vista conjuntural desnecessário dizer que o Fórum Social Mundial volta ao Brasil num momento onde as tensões internacionais estão se agudizando é impossível ignorar a crise do sistema financeiro e, sua repercussão no setor produtivo das economias globais. Sem dúvida que viveremos anos difíceis a partir de 2009, isso sem contar que já está em curso uma nova corrida imperialista entre as grandes potências que se movem para garantir a segurança energética e alimentar de seus povos. A crise força ainda mais a concorrência das corporações e instituições financeiras pelo controle cada vez mais restrito das fontes econômicas e das decisões do Sistema Monetário Internacional.
Assim, não podemos ter ilusões. A volta do FSM ao Brasil representa não só um reconhecimento (e isso existe) da extraordinária capacidade de mobilização e organização já demonstrada pelas organizações estatais (largo senso) e do movimento social brasileiro, nas 3 extraordinárias edições realizadas em Porto Alegre, como será também palco de um grande desafio para as nações e sua gente que lutam pelo desenvolvimento sustentável, soberano e integrado da região amazônica.
A CTB reconhece que a conjuntura mundial aponta para mudanças na correlação de forças e caminha para sofrer modificações geopolíticas irreversíveis, onde os países centrais, em particular o G8, representantes do capitalismo financista global, terão que continuar enfrentando graves crises que resultam ora em mudanças políticas importantes (tais como a desmoralização do governo Bush Filho e a recente crise da Geórgia onde toda a Otan acabou se vergando ao poderio russo) mas que também servem para realimentam velhas práticas hegemonistas coercitivas e que são bastante preocupantes para os homens e mulheres cidadãos do mundo.
Reconhecemos que durante o FSM, na bela Belém do Pará, o recrudescimento do debate sobre a internacionalização do controle das regiões de reservas de água doce e recursos naturais do planeta (com centro na região amazônica) estará elevado à máxima potência. Pretendemos entrar nesse debate de forma ampla, articulando-nos com o movimento sindical da América Latina. Temas como: os problemas criados para o trânsito da força de trabalho nos países de nosso continente; a reativação da 4º Frota da Marinha Americana para “controle da zona do Atlântico Sul“ o que, já está provocando uma mudança nas relações diplomáticas e militares dos EUA com a maior parte dos países da América Latina e a questão do desenvolvimento com soberania energética e alimentar estarão pautadas nas atividades auto-gerenciadas da CTB.
Já nos debates da comissão organizadora mundial e grupos de trabalho local dessa edição do FSM 2009, onde a CTB paraense tem papel de destaque, ficou claro que a luta já existente nos anos anteriores, entre os setores preservacionistas versus desenvolvimentistas tomou ferozes dimensões e que aquelas organizações internacionais que se apropriam da discussão da defesa e preservação do meio ambiente para defender a internacionalização da floresta amazônica virão com toda sua força para derrotar a política dos países cujas fronteiras que estão localizadas na região de desenvolvimento sustentável da região.
A CTB se coloca ainda mais adiante dessas políticas, pois sabe que, sem controle social e, de fato, um compromisso inequívoco com a preservação intergeracional, ainda pode existir muitos problemas nos países amazônicos para garantir toda a diversidade do ecossistema e das culturas humanas locais, sem abrir mão de pensar o desenvolvimento de sua população e seu controle soberano.
Portanto, entendemos oportuna a pauta do FSM 2009 sobre essa questão. Apenas não deixaremos de identificar, denunciar e repudiar toda e qualquer apropriação desse debate que pretenda relativizar ou mesmo atacar a soberania dos países “donos” da região amazônica.
Desta forma, a presença física e das bandeiras da CTB em Belém do Pará se fazem urgentes. Já nesse momento estamos em discussão com as entidades sindicais mundiais com as quais dialogamos quer na Federação Sindical Mundial, quer no Fórum Nuestra América, além de todas as nossas interlocuções nacionais (CMS, UNE, Conam, UBM, Unegro e outras) e internacionais de nossa Central.
Diante e tal desafio é desnecessário dizer da importância das direções estaduais da CTB se juntarem à direção nacional para organizar nossa participação nacional em grande estilo, criando um espaço próprio e receptivo a todos os participantes, apresentando eventos de representatividade internacional e grande profundidade de análise.
*Sônia Latge é do Sintergia (RJ) e Secretária de Políticas Sociais e Previdência da CTB.