Cariri recebe Mostra Sesc Cariri de Cultura

A partir de amanhã, as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda acolhem A Décima Edição da Mostra Sesc Cariri de Cultura. O evento tem abre com o show de Paulinho Boca. ele faz homenagem aos novos baianos

No próximo ano, o grupo musical Novos Baianos comemora 40 anos de sua formação. Iniciado em 1969, eles lançaram o primeiro disco É ferro na boneca no ano seguinte. Com o repertório deste trabalho, Paulinho Boca – ex-integrante da banda – se apresenta amanhã, na abertura da 10ª Mostra Sesc Cariri de Cultura. O show é antecedido pelo som do pernambucano, radicado em São Paulo, Buguinho Dub. Ele traz sua Vitrola Adubada e faz uma farra com um som dub, mixado ao vivo.


 


No palco, Paulinho Boca mistura dois shows. Apresenta boa parte do novíssimo Paulinho Boca canta Novos Baianos e acrescenta o repertório anterior de A Bossa do Boca – 100 anos de música no Brasil.


 


É a primeira vez que baiano faz apresentação do seu show em homenagem aos Novos Baianos. A vontade de produzi-lo veio ano passado quando o disco Acabou Chorare, de 1972, foi eleito pela revista Rolling Stones como o disco mais importante da história da música brasileira. “O Moraes Moreira escreveu um livro em cordel. O Luiz Galvão também lançou um livro. Eu então pensei: vou homenagear da forma como eu sei. Vou cantar”, informa.


 


Por coincidência, a TVE o convidou, logo após a eleição, para fazer uma especial de fim de ano. Ele então preparou o show com o repertório dos Novos Baianos. Com as imagens do programa, Paulinho pretende lançar, em janeiro próximo, o DVD do show e rodar pelo Brasil. “Sempre quando eu me apresento, os jovens pedem as músicas. Isso me emociona. Outro dia, em Natal, uma garota de 13 anos pediu para eu cantar Eu sou o caso deles. Isso é a coisa mais importante para qualquer artista. Se há um interesse dos mais jovens é porque nossas músicas foram feitas com muita verdade. Ela perdura e fica para sempre”, orgulha-se.


 


O músico destaca o período do auge da banda, na década de 70, em plena ditadura militar. “Passamos momentos maravilhosos. Gloriosamente sofridos. Sofremos muitos preconceitos. Fomos tratados como uma nova coca-cola baiana. Fomos presos algumas vezes, porque tínhamos cabelos grandes e falávamos de liberdade”, comenta.


 


Com a expectativa de animar o público do Cariri, inclusive dos mais jovens que nem sequer eram nascidos no auge do grupo, o cantor Paulinho Boca divide o palco com Buguinha Dub. Este apresenta a sua Vitrola Adubada. Vitrola mesmo, com o vinil, ainda do tempo dos Novos Baianos, nas décadas de 60 e 70. Com uma parafernália de tecnologia analógica, o pernambucano faz uma espécie de discotecagem, mas realiza a mixagem das músicas ao vivo. “É como se fosse o processo de mixagem de um disco, os sons gravados separadamente são inseridos na hora da execução”, explica. Assim, Buguinho “cria” as músicas ao vivo. O estilo é ainda novo no Brasil, com influências principalmente da Jamaica, embora o repertório seja só de músicas brasileiras. O nome vitrola adubada não aparece à toa. Ele mescla canções independentes, principalmente das bandas com as quais ele trabalhou na produção. Nação Zumbi, Cordel do Fogo Encantado, Mundo Livre são alguns dos grupos presentes na noite de amanhã.


 


Vasta programação



Apesar de abertura da mostra ser musical, na próxima semana, o Cariri assiste à uma diversidade de linguagens artísticas. Cinema, dança, teatro, música e artes visuais estarão pulverizadas em três cidades da região, garantindo uma extensa programação. As atrações cênicas iniciam no domingo, com inúmeras peças e espetáculos de danças. Boa parte já esteve no Ceará, participando do projeto Palco Giratório.


 


A peça Donzela Guerreira, da companhia paulista Mundo Rodá, vem pela primeira vez e se apresenta domingo no Crato e quarta em Nova Olinda. No palco, dois atores contam a famosa história da mulher que se veste de homem para ir à guerra e acaba se apaixonando por um outro guerreiro. “A gente fez uma imensa pesquisa, procurando as várias personagens desse tipo. Inclusive o romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Desta narrativa, a gente aproveita também a figura do narrador, que conta a história da donzela e, aos poucos vai se inserindo. A gente foi montando as cenas em parte e aos poucos concluímos a peça”, explica Juliana Pardo, atriz.


 


Donzela Guerreira é uma montagem nova, concluída em fevereiro deste ano e ainda inicia sua trajetória pelo Brasil. O espetáculo toma com referência a pesquisa feita pelos dois atores sobre as manifestações populares brasileiras. Outro ponto forte está na direção de Jesser de Souza, do grupo Lume, com o qual a companhia manteve um diálogo constante na montagem.


 


Serviço:



10ª Mostra Sesc Cariri de Cultura. Abertura amanhã, às 23 horas, com shows de Paulinho Boca e Buguinha Dub. As atividades da mostra seguem até o dia 15 de novembro nas cidades do Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda. A programação completa pode ser conferida no endereço eletrônico http://mostracariri.wordpress.com/.


 


E-MAIS


 


>>Além dos shows de Paulinho Boca e Buguinha Dub, a Mostra trará apresentações do músico Curumim e das bandas Cordel do Fogo Encantado, Cidadão Instigado e Totonho e os Cabras. No total, são mais de 150 atrações culturais, em oito dias, com a participação de 17 estados brasileiros;


 


>> Outro destaque da 10ª Mostra Sesc Cariri de Cultura é inauguração do teatro Patativa do Assaré. A solenidade acontece hoje, às 20 horas, com a performance Assaré de Juazeiro, do ator Ricardo Guilherme, seguida do show da dupla Dinho Lima Flor e Rodrigo Mercadante, com poemas de Patativa. A noite ainda terá a apresentação do filme Patativa do Assaré – Ave Poesia, de Rosemberg Cariri. O Teatro fica instalado no prédio do SESC Juazeiro (Rua da Matriz, 227 – Centro), reformado em 2006. O espaço contará com a maior biblioteca de cordel do país.


 


>> Quem não puder viajar para a região do Cariri para conferir a 10ª Mostra de Cultura não precisa ficar triste. Após o seu término, Fortaleza recebe uma edição especial com uma programação compacta. Mesmo sendo menor, serão cinco dias de intensa programação. De 17 a 21 de novembro, dividido em vários pontos da cidade os fortalezenses poderão conferir o que houve de melhor no Cariri, com direito a oficinas, espetáculos e shows;