PCdoB quer Bloco de Esquerda e se prepara para 2010

A direção estadual do PCdoB esteve reunida durante este final de semana para fazer o balanço da atuação do partido no ano de 2008, em especial quanto ao seu desempenho nas eleições. O encontro, que também debateu a crise mundial e seus efeitos no país

Balanço positivo



Em 2008, o PCdoB definiu como estratégia nacional a postura mais “protagonista” na eleição. Em Porto Alegre apresentou candidatura própria, com a deputada Manuela D'ávila, que ficou em terceiro lugar no pleito – com 15% dos votos, o que foi saudado como o grande destaque da atuação do PCdoB no ano que se encerra. Na avaliação do partido, foi o PCdoB e a frente que construiu para a disputa – a maior dentre as coligações – o “fato novo da eleição”. Diz o documento apresentado no encontro: “nosso partido participou da eleição de forma inédita. Aplicou com êxito a nova orientação política do Comitê Central que indicava a necessidade de uma tática eleitoral ousada e, fruto dela, pela primeira vez, participou da disputa pela prefeitura de Porto Alegre com uma candidatura competitiva.”


 



“Conseguimos apresentar um projeto para Porto Alegre e uma perspectiva nova de esquerda, comprometida com o desenvolvimento, a amplitude e o diálogo com a sociedade e as demais forças políticas. O partido saiu reforçado deste  processo e como uma referência política importante na capital e no RS”, afirmou o presidente estadual, Adalberto Frasson.


 


 


Resultados



O PCdoB comemorou o crescimento obtido em 2008. Participou das eleições em 100 municipios e cresceu em mais de 100% no número de vereadores eleitos- conquistou 22, enquanto que em 2004 elegera 10. Compôs coligações vitoriosas em 43 municípios e ainda conquistou a vice-prefeitura de Santa Rosa.


 



Segundo Frasson, o partido apresentou expressiva quantidade de lideranças que disputaram a eleição proporcional (273 candidatos a vereador) e em chapas majoritárias (quatro candidatos a prefeito e oito a vice-prefeito). Este processo, na opinião dos comunistas, projetou inúmeras referências públicas novas – o que constitui no balanço um saldo de oportunidades para o próximo período. “Todo este balanço revela um saldo de oportunidades para a construção partidária, que queremos consolidar no ano que vem e materializá-las em candidaturas competitivas em 2010”, afirmou Frasson.


 



“Diante desta nova realidade decorrente da participação exitosa do partido na disputa eleitoral e do enfrentamento da crise do capitalismo, abre-se um importante espaço para o crescimento e fotalecimento do PCdoB no Estado, com a superação das deficiências reveladas na disputa eleitoral. Por isso, a atividade dos comunistas em 2009 deverá buscar colher os frutos do que foi semeado em 2008, preparando melhor o partido para os embates da luta social e política – criando as condições para um desempenho vitorioso nas eleições de 2010”, orienta o documento.


 



Perda do espaço na Câmara da capital



Teve atenção especial nos debates o resultado da eleição proporcional em Porto Alegre. O partido, apesar do desempenho destacado na majoritária, não conseguiu vaga na Câmara – a coligação elegeu três vereadores, e o PCdoB, que somou mais de 40 mil votos, acabou ficando com as cinco primeiras suplências. O documento pontua: “a não eleição de nenhum dos candidatos do partido significou perda importante, que precisa ser examinada e dela é necessário que tiremos ensinamentos.” Destacou-se, entretanto, como fator positivo, a projeção das novas lideranças que compuseram a chapa comunista em Porto Alegre, que revelaram grande potencial e disposição para a construção partidária.


 


 



Esquerda renovada no RS



Ao analisar o cenário político resultante do pleito, a avaliação indica para o fortalecimento dos dos dois principais partidos que polarizam a política gaúcha nos últimos  anos: o PMDB e o PT. Já o partido do governo estadual, o PSDB, praticamente não figurou na eleição – o que revelou, em certa medida, as dificuldades políticas enfrentadas pela governadora Yeda até este momento.


 


 


Sobre a futura disputa pelo governo do Estado a indicação é de reforçar a construção do Bloco de Esquerda (PSB/PDT/PCdoB) como uma alternativa política do RS. Quanto às próximas eleições proporcionais o PCdoB pretende buscar a ampliação da sua representação na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa. Para isso pretende lançar nominatas em chapas próprias.


 



Esta indicação deverá estar combinada com o fortalecimento orgânico do partido, com trabalho de filiação de lideranças eleitorais progressistas – que podem encontrar no partido o espaço necessário e uma alternativa avançada para darem consequência a um projeto transformador da sociedade. Outra prioridade será o maior enraizamento do partido junto aos movimentos sociais e às comunidades, com destaque especial para a construção e consolidação da CTB.


 



O partido deverá, igualmente, dedicar atenção à participação nos governos eleitos, com secretários e gestores públicos que possam implementar políticas com a marca do partido e o compromisso com o fortalecimento dos vínculos dos comunistas com o povo e suas demandas.


 


 


Novo patamar



A última reunião do CE RS de 2008 foi marcada pela constatação de que ocorreu um avanço significativo na vida partidária  em função da aplicação da nova tática mais ousada, determinada para este momento da luta política. O PCdoB ter chegado a 15% do eleitorado da capital gaúcha e a revelação de inúmeras lideranças no Estado coloca – na opinião dos dirigentes – o partido num outro nível no cenário político do RS. “Temos que aproveitar os êxitos obtidos para aprofundar o rumo das mudanças no nosso país e recuperar  uma perspectiva mais avançada para o Rio Grande. Os desafios são grandes, entretanto, saímos destas últimas batalhas muito mais reforçados para alcançarmos vitórias ainda mais significativas”, concluiu Frasson.


 


 


Clomar Porto