Vergonha: jornais “aumentam” de 6 para 6,3% proposta de reajuste

Categoria reage em assembléia, nesta quinta-feira (18/12), às 19 horas, no Sindbar

Às vésperas do Natal e dois dias depois de oferecer a correção da inflação para os salários dos gráficos (com data-base em 1º de janeiro de 2009), o presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Ceará (Sindjornal), Mauro Sales, apresentou a vergonhosa proposta patronal: “aumentar” de 6% para 6,3% o índice de reajuste salarial oferecido aos jornalistas de impresso do Estado (com data-base em 1º de setembro de 2008). A inflação dos doze meses que antecedem a data-base dos jornalistas chegou a 7,15%.


 


Dois pesos e duas medidas


 


Logo na segunda rodada de negociação da campanha salarial dos gráficos, os jornais ofereceram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para a categoria. Já com os jornalistas, cujas negociações se arrastam há meses, o tratamento é diferenciado. Na última reunião, ocorrida em 12 de dezembro, os patrões mantiveram a proposta de achatamento salarial, redução de direitos e recusa de todas as novas cláusulas reivindicadas pela categoria. Na véspera, dia 11, os trabalhadores do comércio em Fortaleza e na Região Metropolitana conquistaram reajuste de 9%.


 


A questão não é financeira, é política


 


Na avaliação da diretoria do Sindjorce, a diferença de postura dos patrões nas negociações com gráficos e jornalistas é apenas uma das provas de que o discurso da crise dos jornais no Ceará não se sustenta. “A questão não é econômica, é política. Os jornais querem impor uma perda política à categoria porque os jornalistas estão organizados, paralisando as redações e protestando contra a intransigência dos seus donos. Eles não aceitam isso”, afirma a presidente do Sindjorce, Déborah Lima.


 


Reação tem data marcada


 


Após o fim da reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), no dia 12 de dezembro, uma comissão de diretores do Sindjorce vestidos com as camisas da campanha salarial visitou as redações do O Povo e do Diário do Nordeste para dar os informes da negociação. Num discurso inflamado, a presidente do Sindjorce convocou a categoria a reagir à proposta patronal, comparecendo a assembléia na quinta-feira, dia 18 de dezembro, às 18h30min, no Sindbar.


 


Não nos dobraremos


 


“Não vamos nos dobrar às imposições do patronato nem permitir que os jornalistas de impresso sejam humilhados com um reajuste indigno. A resposta aos patrões será dada pela categoria na assembléia de quinta-feira”, disse Déborah.


 


Aumento de patrimônio


 


As mesmas empresas que se negam a oferecer reajuste digno aos jornalistas tiveram um considerável aumento de patrimônio nos últimos anos. Com um lucro de R$ 1,78 milhão, o Jornal O Povo teve um aumento de patrimônio líquido de 10,70% em 2007. No mesmo período, só o patrimônio líquido do Diário do Nordeste cresceu nada menos que R$ 2,5 milhões. Sem nenhum novo aporte de recursos, houve incremento de 9,32% no patrimônio da empresa. Por que será então que os donos destes jornais se recusam a dividir o bolo da riqueza com os jornalistas?


 


Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissinais no Estado do Ceará