Violência contra a mulher apresenta redução de casos

Mesmo com número menor de casos de violência contra a mulher, autoridades do Centro-Sul mostram-se preocupadas

Integrantes do movimento de combate à violência contra mulheres, nesta cidade, aguardam com expectativa a vinda da nova titular da Delegacia de Defesa e Proteção da Mulher. Em face da transferência da delegada Cezarina do Vale, a delegada Cândida Brum foi nomeada, mas só deve assumir o cargo em fevereiro do próximo ano. Por enquanto, o delegado regional de Polícia Civil de Iguatu, Jurandir Costa, atende as ocorrências.


 


De acordo com estatísticas do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), referente a 2007, houve registro de quase três mil denúncias de violência contra mulheres, mas neste ano, caiu para menos de uma centena. Apesar de queda de ocorrências, representantes da Associação das Mulheres Iguatuenses (AMI) e de outras instituições sociais mostram-se preocupadas com as agressões contra a população feminina neste município do Centro-Sul.


 


A violência física e moral contra mulheres, a Lei Maria da Penha, medidas de educação, proteção e formas de conscientização foram debatidas recentemente no plenário da Câmara Municipal de Iguatu.


 


A representante da AMI, Francisca Saraiva, mostrou que a maioria das mulheres sente-se fragilizada e teme fazer o registro de ocorrências contra o marido ou companheiro. “Essa é uma questão complexa, mas que precisa ser debatida para encontrarmos melhor forma de prevenção e de proteção”.


 


Em 2007, eram quase três mil denúncias. Neste ano, caiu a menos de uma centena


 


O papel da família, dos educadores e das autoridades foi discutido. A assistente social e professora Aparecida Albuquerque defendeu a necessidade de implantação de políticas públicas de proteção para as mulheres vítimas da violência. Ela também questionou o fato de que poucos conhecem os direitos, por falta de divulgação da legislação.


 


Aparecida Albuquerque defendeu também a construção de equipamentos públicos para o abrigo de mulheres vítimas de violência. “Esse movimento não deve ser só das mulheres, mas de toda a sociedade que precisa estar conscientizada”, disse. “Os equipamentos de proteção e a Delegacia da Mulher precisam funcionar regularmente”, defendeu.


 


Problema secular



Para a professora Gorete Soares o problema da discriminação e da violência praticada contra a mulher é secular e, por isso, apresenta raízes profundas. “A violência doméstica é velada, não aparece nas estatísticas e é mais dolorosa”, observou. “Esse problema precisa ser tratado desde a Educação Fundamental”.


 


Gorete Soares observou que, quando há violência doméstica entre o casal, a situação é dramática para a mulher que precisa permanecer sob o mesmo teto que o agressor. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Natália Feitosa, tratou da questão da violência praticada contra as agricultoras do campo, que sofrem forte discriminação e marginalidade. “A lei na prática ainda não protege”, disse. “Na zona rural ainda há um longo caminho a ser percorrido”.


 


Francisca Saraiva defendeu a criação de um Juizado de Proteção e Defesa da Mulher para a região Centro-Sul. “Precisamos fazer uma campanha nesse sentido”, disse. “Nos fins de semana, a Delegacia da Mulher não funciona e consideramos isso um erro”. Para o vereador Marciano Macedo, as mudanças sociais são lentas.


 


“A Justiça e a Polícia não garantem proteção e, por isso, muitas mulheres sofrem caladas e não registram queixa contra os agressores”, disse ele.


 


A assistente social do Creas, Daniela Braga, também observou que há medo e falta conscientização entre as mulheres. “A redução das denúncias nos chama a atenção”, disse. “Temos um trabalho de acompanhamento da família e das vítimas de violência, abusos e maus tratos”, frisou.


 


“O papel do Centro de Referência da Mulher que defendemos é a garantia de proteção e assistência, e não de punição dos agressores, trabalho que deverá ser feito pela Justiça”, concluiu Daniela.


 


PROTEÇÃO


 


“Queremos um juizado especializado de proteção à Mulher e Delegacia nos fins de semana”.
Francisca Saraiva
Diretora da AMI


 


“Esse movimento que fazemos não deve ser só das mulheres, mas de toda a sociedade”.
Aparecida Albuquerque
Assistente social


 


“Temos um trabalho de acompanhamento da família e das mulheres vítimas de violência”.
Daniella Braga
Assistente social do Creas


 


Mais informações:
Centro Especializado de Assistência Social, (88) 3581.6486 / Disk Denúncia 0800 2803734 / Delegacia de Defesa da Mulher, (88) 3581.0428