Nova medição congela Brasil no grupo de alto IDH
O Brasil conservou a 70ª colocação na nova forma de classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Brasil voltou a crescer em 2006, mas num ritm
Publicado 18/12/2008 17:44
O número de países cujo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ultrapassou 0,800 continua crescendo. Quando foram analisados dados de 2004, havia 63 países neste seleto grupo. No relatório do ano passado (dados de 2005), o número subiu para 70. Agora são 75.
Equador tem IDH alto
No relatório deste ano, seis países ingressaram no grupo de alto IDH: Venezuela, Equador, Santa Lúcia e Cazaquistão, Sérvia e Montenegro, os dois últimos novatos no ranking como um todo. Por outro lado, Tonga caiu de alto para médio IDH.
Para o Pnud, a Venezuela foi beneficiada pela valorização do petróleo, que permitiu ao governo Chávez baratear a venda de alimentos. O relatório diz que países produtores de petróleo subiram no ranking, tanto devido ao impacto desse setor na economia dos respectivos países quanto por causa da atualização do valor do dólar.
O Equador também subiu da 89.ª para 72ª, com o mesmo IDH que o Brasil (0,807). O Chile, que, a exemplo do Brasil, não mudou de posição, é o país sul-americano em melhor situação, em 40º lugar. A Argentina perdeu oito posições no ranking, caiu da 38ª para a 46ª, enquanto a Venezuela saltou 13 e o Equador, 17.
Cuba e México melhoram índices
Entre os países americanos, Cuba melhhorou em três posições sua classificação(da 51ª para a 48ª) e o México subiu uma (da 52ª para a 51ª). Já os Estados Unidos caíram três posições.
Apesar da queda no ranking, os Estados Unidos continuam com alto IDH (0,950). Quanto mais próximo de 1, maior o índice de desenvolvimento humano de um país. Os EUA caíram da 12ª posição para a 15ª.
O gasto com a ocupação militar do Iraque e do Afeganistão podem estar entre as causas da queda, segundo o PNUD.
A Argentina caiu oito posições, mas continua com alto IDH, bem à frente do Brasil. O país vizinho foi da 38ª posição para a 46ª. Segundo o economista Flavio Comim, coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional do PNUD, mudanças na metodologia de análise dos dados fizeram com que 70 países caíssem no ranking e outros 60 subissem.
Nova medição
A China, que integra o grupo de países com médio desenvolvimento humano, ficou mais distante de passar para a “primeira divisão” das nações com maior IDH. O país caiu sete pontos no ranking – foi do 84º lugar para o 91º.
O ranking de cada ano leva em consideração dados socioeconômicos coletados dois anos antes. Assim, o índice divulgado agora é referente a dados de 2006 e não reflete o impacto da crise econômica mundial nos 179 países pesquisados.
De 2005 para 2006, o aumento no IDH do Brasil de 0,802 para 0,807, na escala até 1, o que deixa o país pelo segundo ano seguido no grupo de nações de alto desenvolvimento humano (acima de 0,800). O Brasil melhorou nos três indicadores que compõem o IDH: expectativa de vida, educação e renda por pessoa. O único revés ocorreu na taxa de matrículas, um subitem do indicador de educação (o outro é a alfabetização).
O IDH dos anos anteriores foi recalculado por causa de atualização na tabela usada para definir o PIB per capita, o que contribuiu para elevar o IDH brasileiro. Originalmente, em 2005, o IDH do Brasil era 0,800. O Pnud começa a discutir também outras alterações no índice, que completará 20 anos em 2010.
Com os novos dados, o Pnud concluiu que o Brasil já poderia ter entrado no grupo de alto desenvolvimento humano em 2004. Os relatórios do Pnud têm dois anos de defasagem entre a data de lançamento e o ano-base a que se referem as informações. No período de 1990 a 2006, o Brasil foi país que mais avançou, num grupo de dez nações latino-americanas
Novo cálculo
A grande novidade no cálculo do IDH este ano foi o recálculo dos PIBs internacionais, feito pelo Banco Mundial e OCDE, devido a um estudo internacional (International Comparison Program – ICP) que atualizou os preços comparativos internacionais em mais de 146 países.
Até o ano passado, para efeito de comparação de PIBs entre países eram usados preços de 1993. Esse grande estudo atualizou os preços para 2005, levando a inclusão de países que não participavam dessa análise como a China. Com isso o PIB de 70 países caiu e o de 60 países subiu.
Entre os países que mais ganharam com isso estão, Burkina Faso (3), Madagascar (4), Niger (3) e Senegal (4). Os que mais perderam foram Tonga (-25), China e Samoa (-14), Cabo Verde (-13), República Dominicana e Filipinas (-11), Lesoto e Ilhas Maurício (-10).