Deputadas mantêm luta por mais espaço de poder na Câmara

As parlamentares consideram positiva também a decisão do novo Presidente da Casa e incluir uma mulher nas reuniões do Colégio de Líderes, mas todas, sem exceção, enfatizam que a vontade e a necessidade política é que as mulheres tenham lugar na Mesa Diretora.

Elas se mostram dispostas a lutar para que seja votada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que garante um lugar na Mesa Diretora às mulheres, “com direito a voz e voto”, enfatizam.

As mulheres defendem também um espaço de debate e reclamações da sociedade, que permita uma interlocução privilegiada das mulheres com parlamentares e a Câmara.

Proposta alternativa

A proposta de criação de Procuradoria Feminina serviu como ponto de partida para uma discussão sobre a criação de uma instância de poder das mulheres na Casa. Para Alice Portugal, a Procuradoria dá ideia de uma atuação mais interna da Casa e nós queremos acessar a sociedade, defendendo a proposta de criação de Liderança aos moldes das lideranças dos partidos, ou comissão permanente, a exemplo das comissões técnicas, que possuem estrutura física e poder político para atuar.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) faz a mesma avaliação. Ela alerta para o risco de a Procuradoria Parlamentar Feminina ficar isolada em meio aos demais espaços da Casa. “Esse espaço é muito importante para as mulheres, mas não pode se transformar em um gueto”, acrescentando que “as lutas das mulheres não podem ser tratadas separadamente, elas devem fazer parte do dia-a-dia do Congresso e do País”.

Muito pouco

Para a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), ao anunciar a criação de uma Procuradoria Parlamentar Feminina e a presença de uma mulher nas reuniões do Colégio de Líderes, Temer deu o primeiro passo para que as mulheres ocupem seu lugar de direito nos espaços de poder da Câmara, mas lamenta a ausência de uma mulher na Mesa Diretora, que é um posto oficial.

“O presidente Michel Temer cumpre um acordo firmado com as mulheres, que é um grande passo para a inclusão feminina nas decisões políticas da Câmara. No entanto, isso é muito pouco perto do que as 46 parlamentares mulheres desta Casa representam perante à sociedade, onde as mulheres somam mais da metade da população. Infelizmente somos excluídas nesta Casa. Não temos sequer uma líder partidária do sexo feminino”,

Fátima lamentou que as mulheres tenham ficado de fora dos cargos da Mesa Diretora da Câmara, escolhidos juntamente com o novo presidente. “É lamentável que mais uma vez, quando da escolha da nova composição da Mesa, as mulheres continuem alijadas na representação de gênero no legislativo. Isso precisa mudar”, afirmou a petista.

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências