PSB retoma campanha de Ciro para escapar do 'adesismo'
Pressionado de um lado pelo PT, que não quer concorrência à esquerda, e de outro pelo PMDB, que se credenciou como candidato a vice numa chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o PSB está articulando uma agenda Ciro Gomes 2009 para
Publicado 06/02/2009 21:16
A avaliação do PSB é que a realidade imposta pela eleição da Câmara sugere que o governo e o PT não têm dificuldades para fazer uma aliança pelo centro, com o PMDB, enquanto a oposição não terá problema algum em se articular à direita, com o Democratas. A expectativa tanto da situação quanto da oposição seria a adesão de partidos como o PSB. É essa lógica que os socialistas querem quebrar com a candidatura própria.
''A ideia é fortalecer, reenergizar a candidatura Ciro, fazer uma agenda para ele andar pelo país em 2009'', disse o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES). Um dos primeiros eventos seria no dia 7 de março, quando o próprio Casagrande pretende reunir cerca de 2 mil pessoas em Vitória, como faz anualmente, para prestar contas de suas atividades no Congresso.
Casagrande diz que há ''uma escassez de candidaturas'' e que o PSB não pode descartar o nome do deputado Ciro Gomes (CE), que sempre aparece bem posicionado nas pesquisas. O PSB deve patrocinar uma série de seminários, em todo o país, nos quais Ciro será a atração principal.
O líder no Senado, no entanto, sugere que o PSB tem outras opções ao PT, um aliado tradicional, no mercado eleitoral: ''Dialogamos bem com o PT e não temos nada contra os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG)'', diz Casagrande, referindo-se aos dois potenciais candidatos do PSDB à Presidência. Em Belo Horizonte, aliás, o PSB participou da conjugação que Aécio fez com o PT para eleger o prefeito de BH.
Terceiro colocado na eleição para a Câmara, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) recomenda prudência. ''Temos que examinar tudo friamente'', diz. ''Cumprimos nosso papel: o bloco não poderia ficar a reboque de uma aliança feita à nossa revelia. Não fomos convidados nem consultados sobre essa aliança que o PT fez com o PMDB''.
Por esse motivo, segundo Aldo Rebelo é que ''nós (os partidos que integram o bloco) achamos que deveríamos demarcar o terreno com uma candidatura própria, para sinalizar não a nossa insatisfação, mas a nossa independência dessa situação'', afirma o deputado.
Na opinião de Aldo, sua candidatura cumpriu um papel: ''Demonstramos que há um campo que não está vinculado nem à articulação do PT com o PMDB nem à articulação da oposição'' Analisar as consequências disso tudo, segundo ele, é algo que demanda tempo. ''Não é do dia para a noite'', diz.
As comissões executivas de todos os partidos que integram o Bloco de Esquerda devem participar de uma reunião do grupo marcada para os próximos dias. Incluindo o PDT, os partidos que integram o Bloco, somados, obtiveram o segundo melhor resultado nas eleições municipais de 2008. Foram eleitos 797 prefeitos, pelas cinco siglas, ou seja 14,2% do total. À frente do PSDB, que elegeu 786 prefeitos, e abaixo apenas do PMDB, com 1,2 mil prefeitos (21,7% do total), de acordo com levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Com informações do jornal Valor Econômico