Colunista ironiza ministério e ofende comunidade LGBT
Artigo publicado no jornal Tribuna Feirense, da cidade de Feira de Santana (BA), causou reação do Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual (GLICH), que atua em defesa dos Direitos Humanos e Cidadania plena do Público LGBT (Lésbicas, Gays
Publicado 06/02/2009 22:06
No texto, intitulado “Após camisinha, Bolsa-Vaselina do Governo”, o articulista Franklin Maxado repudia a campanha do Ministério da Saúde que disponibilizará lubrificantes nos postos de saúde, a exemplo da distribuição de camisinhas.
“O Ministério da Saúde, sensibilizado com as dores dos gays, bixas, viados, baitolas, quariras, travestis, frescos, xibungos, bonecas, maricas, transexuais e que outros nomes deem ao terceiro sexo, acaba de comprar mais de um milhão e meio de reais em saquinhos plásticos com vaselina para distribuir nos postos de saúde”, escreveu.
Ao final do texto, o articulista sugeriu, ainda, que os sachês com lubrificantes fossem distribuídos também às mulheres, pois, em caso de violência sexual, o desconforto seria menor e seriam evitados “maiores danos”.
A GLICH reagiu imediatamente ao texto de Maxado pedindo a publicação de carta-resposta, assinada pelo vice-presidente da instituição, Fábio Ribeiro, ao jornal Tribuna Feirense. Para a organização, as declarações do articulista foram preconceituosas e servem de subsídio para que ele seja processado.
Ribeiro declarou ao Portal Imprensa que ficou chocado com a atitude do articulista. Surpresa ainda maior, segundo ele, posto que, Maxado participou, como espectador, de eventos promovidos pela GLICH. “A gente não esperava isso dele, ainda mais porque ele frequentou vários eventos da gente”. Ele completou dizendo que, caso Maxado não publique um pedido de retratação pública, a instituição moverá ação contra o articulista.
O editor-chefe do jornal Tribuna Feirense disse que o diário não tem responsabilidade sobre os artigos publicados, uma vez que o espaço é cedido aos colunistas para que eles expressem opiniões pessoais, que não correspondem ao posicionamento do jornal. Já sobre a controvérsia gerada pelo artigo de Maxado, o editor-chefe diz não repudiá-la. “Qual o jornal que não quer polêmica? Se for pra escrever o que todo mundo vê, aí eu não quero, mas se eu concordo com o que ele escreveu, isso é outra coisa”, declarou.
Reincidência
Não é primeira vez que a medida do governo federal, de distribuir sachês com lubrificante, recebe críticas. No final do ano passado, o jornalista Hugo Studart publicou artigo atacando o projeto do Ministério da Saúde. No texto “Abaixo a ditadura gay, o Bolsa-Boiola e o KY do Temporão”, Studart diz que o ministro da saúde José Gomes Temporão teria “enlouquecido” e “confundido a defesa da liberdade de opção sexual com boa administração do dinheiro público”.
O jornalista questionou a campanha do ministério argumentando que a distribuição de lubrificantes não é capaz de evitar a contaminação pelo vírus da aids. “Afinal, desde quando se previne aids ajudando os gays a praticar uma penetração anal mais prazerosa?”.
Em seguida, Studart defendeu-se da acusação de homofobia dizendo que seu artigo tinha como objetivo criticar a gestão do ministro da Saúde. “E não me venham com a falácia de suposta homofobia. Estamos aqui discutindo tão-somente a boa gestão do dinheiro dos nossos impostos”.
Studart aproveitou a oportunidade, ainda, para questionar o programa do SUS de mudança de sexo para travestis. “Falta dinheiro para transplantes. Falta dinheiro para cirurgias plásticas corretivas, como para crianças queimadas”, salientou.
Finaliza o texto dizendo que a “incompetência” de Temporão é a responsável por suas atitudes, além de afirmar que o ministro estaria “sucumbindo ao lobby do Movimento GLS”.
Da Redação, com informações do Portal Imprensa