Comissão debate alternativas contra superlotações em hospitais terciários
O debate sobre a superlotação nas emergências dos hospitais terciários de Fortaleza, realizado pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa na tarde desta quarta-feira (04/03), lotou o auditório Deputado Antônio Gomes de Freitas. A iniciativa foi do p
Publicado 05/03/2009 09:21 | Editado 04/03/2020 16:35
Durante a discussão, vários pontos foram defendidos pelos gestores dos hospitais terciários, como a diminuição da demanda de pacientes do interior do Estado para a Capital, o investimento nos setores primário e secundário de saúde e o fortalecimento das relações com a rede conveniada de apoio.
Para Granja, o transporte de pacientes de outros municípios para os hospitais de Fortaleza é causado, em grande parte, pela desarticulação no setor de saúde. Ele acrescentou que a rede conveniada poderia atender os pacientes que chegam à Capital, no entanto há reclamações de atraso no pagamento por parte da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
O diretor do Instituto Doutor José Frota, Wandenberg Rodrigues, colocou que a taxa de ocupação do hospital só aumenta a cada ano – em 2005 a taxa era de 84,8% e, em janeiro de 2009, de 94%. “Se chegar a 98% será o que chamamos de colapso”. Segundo ele, uma média de 35 pessoas é internada por dia, e a média diária de transferência é de seis pessoas.
No Hospital Geral de Fortaleza os corredores também estão lotados: segundo a diretora, Níobe Furtado, uma média de 30 a 50 pacientes ocupa as macas. “A superlotação está desvirtuando o papel de hospital terciário do HGF”, enfatizou. Conforme a diretora, o hospital recebe 725 pacientes por mês oriundos do Interior, e 50% das consultas são de pacientes da Regional II, por falta de postos de saúde no local. Muitos casos, segundo ela, poderiam ter sido resolvidos anteriormente pela rede secundária de saúde, já que são causados por hipertensão e diabetes.
O deputado Heitor Férrer (PDT) classificou de “caos intenso” a situação da superlotação dos hospitais. “Onde está o problema, de quem é a culpa, há quanto tempo acontece isso, a sociedade não quer saber. Ela quer saber a solução”, pontuou.
Já para o secretário-adjunto da Secretaria de Saúde do Estado, Arruda Bastos, a atual situação não pode ser considerada como um “caos” e sim como uma “crise”. Ele reforçou os investimentos realizados pelo Governo Cid Gomes no setor, como a construção de dois hospitais no interior do Estado, 20 policlínicas e 16 Centros de Especialidades Odontológicas (Ceos), que deverão ser entregues até o final de 2010.
O secretário interino da Secretaria de Saúde do Município de Fortaleza, Alexandre Mont'Alverne, constatou um aumento de 4% da demanda de pacientes do Interior para a Capital no final de 2008. No entanto, o secretário também relatou redução em alguns casos. “O IJF chegou, até antes do carnaval, a ter 140 pacientes na urgência, e conseguiu reduzir para 80. Também houve redução de 25% de pessoas que buscaram a emergência da rede secundária de Fortaleza”.
Para a promotora de Justiça e Defesa da Saúde Pública, Isabel Porto, um dos motivos das superlotações é a falta de controle e avaliação dos gestores dos hospitais. Ela cobrou o cumprimento da lei 8.689, que obriga aos hospitais terciários a prestação de contas trimestral em audiências públicas nas assembléias legislativas e câmaras municipais.
A audiência pública foi transmitida por meio de videoconferência para os municípios de Brejo Santo, Beberibe, Quixeramobim, Aracati, Itaiçaba, Piquet Carneiro e Juazeiro do Norte. Além de Granja e Heitor Férrer, estiveram presentes os deputados Lula Morais (PCdoB), Welington Landim (PSB), Roberto Cláudio (PHS), Nelson Martins (PT) e Dedé Teixeira (PT).
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social da AL