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ONU quer saber “o que precisa mudar” no Brasil para vida melhorar

Um levantamento que está sendo realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), das Organizações das Nações Unidas (ONU), quer saber dos brasileiros o que é preciso mudar no país para que suas vidas melhorem de verdade.


A Campanha “Brasil ponto a ponto”, que colherá respostas até 15 de abril próximo, por meio de uma página na internet, busca ouvir um milhão de pessoas. Com base nas respostas, será escolhido o tema para o próximo Relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro, a ser divulgado em fevereiro de 2010.


 
Além de respostas escritas, que podem ser remetidas a outras pessoas, também podem ser enviados vídeos. “O objetivo é gerar debate e estimular a discussão pública na população. A gente quer saber o que é importante na vida das pessoas”, disse o coordenador do relatório brasileiro do PNUD, Flavio Comim.



Índice de Desenvolvimento Humano



Segundo Comim, as respostas da população também poderão servir como base para sugestões sobre o formato de cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – que é uma forma de comparar o bem-estar da população de um país com outras nações.


 
Em dezembro de 2008, o PNUD informou que o Brasil ficou na 70ª colocação, a mesma obtida no levantamento anterior, divulgado em 2007, e foi ultrapassado pela Venezuela. Com isso, permaneceu no grupo de nações classificadas com alto índice de desenvolvimento humano, mas não subiu posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).


 
O ranking com 179 países considera dados socioeconômicos de dois anos antes da divulgação do relatório. Pelos dados do PNUD, o Brasil teve uma melhora na avaliação – passou de 0,802 pontos no IDH para 0,807. Países com avaliação igual ou superior a 0,800 são considerados de alto índice de desenvolvimento humano. Quanto mais próximo de 1, melhor o índice.


 
Como é calculado o IDH



O IDH, que completa 20 anos de existência em 2010, é calculado com base em três “dimensões”: Saúde (expectativa de vida); Conhecimento (alfabetização e taxa de matrículas) e Padrão de Vida (renda, calculada pelo sistema de paridade de poder de compra). Para estas três variáveis, é atribuída igual medida, ou seja, 1/3 do peso total para cada.


 
De acordo com Comim, do PNUD, especialistas entendem, porém, que essa forma de cálculo poderia ser “melhorada”. “Existe um interesse, nesse momento [2010] em que o IDH completa 20 anos, em saber o que pode acontecer nos próximos 20 anos e há sugestões sobre melhorar esse cálculo”, afirmou ele.


 
Segundo o coordenador, as respostas da população à pesquisa do PNUD também poderão ser usadas como base para sugestões sobre o melhoramento do formato de cálculo do IDH. “Podem sugerir, por exemplo, que se aumente o número de 'dimensões', ou que essas 'dimensões' incorporem mais itens de avaliação”, explicou Comim.


 
Ele avaliou ainda que as conclusões da pesquisa podem estimular melhoria nos serviços ofertados à população. “As respostas podem estimular mudanças. A população é o agente principal das mudanças. Os governos vêm atrás. Não vão na frente”, disse o coordenador do relatório.


 
Levantamento preliminar



Antes de iniciar a pesquisa com a população, o PNUD fez um levantamento preliminar, fazendo a mesma pergunta, nas 20 cidades com IDH mais baixo do Brasil.
 
Também foram feitas audiências públicas em sete capitais do país, nas quais a pesquisa também foi realizada, além da consulta a alunos de 4009 cursos de pós-graduação, entre outros. Foi colhida uma amostra de 2,5 mil respostas em novembro e dezembro de 2008.


 
Segundo Comim, ao serem questionados sobre o que seria preciso mudar no Brasil para que sua vida melhorasse, os entrevistados citaram três temas principais neste levantamento preliminar: educação, desigualdade social e falta de acesso à políticas públicas.


 
“No campo da educação, citaram que a escola deveria ser mais ligada à formação de valores sociais. Sobre a desigualdade, os entrevistados se referiram mais à necessidade de respeito ao próximo. De saber como viver em sociedade. A corrupção também foi lembrada no que se refere à falta de acesso às políticas públicas”, disse o coordenador.



Fonte: G1