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Chávez reduz salários do alto escalão e anúncios em jornais

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou neste sábado (22) um pacote de medidas econômicas para reduzir gastos públicos. O objetivo é combater os efeitos da crise global e da queda dos preços do petróleo — principal produto econômico do país.

As restrições à importação de bens de luxo e o aumento de 9% para 12% da alíquota Imposto sobre Valor Agregado (IVA), versão local do ICMS, são algumas das medidas. Chávez disse que está trabalhando com um “cenário intermediário” da crise e descartou reajustes mais fortes, como a desvalorização da moeda local, o bolívar forte, e o aumento do preço da gasolina — cujo valor (R$ 0,10) é o mais baixo do mundo.


 


O pacote também promoveu um enxugamento de órgãos do Estado que inclui a redução de gastos em publicidade. “Às vezes vejo páginas e páginas de publicidade (estatal) nos jornais da burguesia”, disse o presidente. “Estamos alimentando o inimigo.”


 


Chávez anunciou ainda uma elevação de 20% no salário mínimo (de US$ 372) até setembro e uma redução na remuneração de altos funcionários do governo. Ele disse que estados e municípios também devem enxugar suas contas e reduzir salários do alto escalão, com cortes em gastos “luxuosos” do governo, como compra de carros e viagens ao exterior.


 


Com as novas medidas, a estimativa de gastos do governo prevista no orçamento de 2009 será reduzida em 6,7%, o equivalente a R$ 11,6 bilhões. O orçamento — que fazia previsões para a arrecadação com base no barril de petróleo a US$ 60 — foi revisto. Agora a previsão para o barril é de US$ 40 — pouco mais que o preço médio dos últimos três meses, de US$ 37. Na sexta-feira, o preço do barril venezuelano fechou em US$ 43,51.


 


Negando que a crise já tenha afetado a economia real de seu país, Chávez fez questão marcar a diferença entre seu “conjunto de medidas” e os “pacotes neoliberais” adotados pelos presidentes Carlos Andrés Pérez, em 1989, e Rafael Caldera, em 1996. “Na Venezuela, ninguém sentiu uma mínima brisa ou impacto direto dessa crise global que já leva mais de um ano”, afirmou.


 


“Essas medidas econômicas fortalecerão a economia para continuarmos a avançar na mesma direção”, disse o presidente, em cadeia nacional de rádio e TV, referindo-se a seu socialismo bolivariano. “É uma crise do sistema capitalista — mas no marco do capitalismo não tem solução. A crise capitalista vai fortalecer essa revolução, e nós vamos vencer.”