Protesto em BH retoma debate sobre o passe estudantil

Contando com a participação de 46 grêmios estudantis da capital e região metropolitana, a União Colegial de Minas Gerais (UCMG) e a União Estadual dos Estudantes (UEE-MG) realizaram na manhã desta quinta-feira (02) um ato em defesa do passe estudantil

Cerca de mil estudantes se concentraram na tradicional Praça Afonso Arinos, no centro da cidade, e de lá caminharam rumo à sede da Prefeitura Municipal. Durante o percurso, os jovens distribuíram panfletos explicando os motivos do ato, recebendo apoio da população belo-horizontina.


 


Em frente à sede da Prefeitura, na Avenida Afonso Pena, um efetivo de quase cem policiais, entre militares e soldados da guarda municipal aguardava pelos manifestantes. Mesmo com a recepção sob forte aparato de segurança, o ato transcorreu com tranqüilidade e uma comissão dos estudantes reivindicou que o prefeito Márcio de Lacerda os recebesse.


 


Diálogo
A Prefeitura de Belo Horizonte deu uma importante sinalização de que está disposta a dialogar com os estudantes. Mesmo não recebendo a comissão formada pelas entidades estudantis (UNE, UBES, UEE-MG, UCMG, UMES-BH), o prefeito encaminhou o assessor especial Otílio Prado e deu início a uma negociação.


 


Na reunião ficou definido que a partir da segunda quinzena de abril, a PBH e as entidades voltam a se encontrar para discutir um projeto formulado pelos estudantes e outro pelo governo municipal.


 


O presidente da UCMG, Flavio Nascimento, disse que o mais importante passo foi dado, que é a abertura do canal de negociação. “Durante todo o governo anterior, nunca fomos recebidos por ninguém, essa reunião tirou datas e responsáveis, é um grande avanço se pensarmos que a ultima vez que uma comissão de estudantes esteve com o prefeito foi há sete anos”, afirmou.


 


Para o presidente da UEE-MG, Diogo Santos, a cidade de Belo Horizonte deve pagar essa dívida com os estudantes. “Somente BH e Curitiba não possuem um sistema de benefício para seus estudantes. Aqui ainda pagamos caro por um transporte que não vale o que custa. O passe vai promover uma transformação na vida da juventude que muitas vezes não freqüenta atividades culturais e mesmo não vai a aula por falta de dinheiro para o ônibus”, criticou. Para Diogo, o importante agora é se concentrar na elaboração do plano que será apresentado. O estudante disse que uma comissão foi formada para estudar o processo de implementação do passe estudantil em outras cidades.


 


Prazos
Já o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Ismael Cardoso, que esteve na capital mineira especialmente para participar do ato, afirmou que os estudantes estão totalmente abertos para a negociação com o prefeito Marcio de Lacerda (PSB), porém vão manter a mobilização dos grêmios e diretórios acadêmicos.


 


“Vamos criar um comitê de defesa do passe, para debater e construir nossa proposta para a PBH. Vamos manter também durante todos estes dias nossas visitas e mobilizações em escolas. Se na segunda quinzena não avançarmos na negociação, vamos acampar na sala do prefeito”, disse o líder estudantil.


 


Presente na passeata, o deputado estadual Carlin Moura (PCdoB-MG), ex-dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE), disse que essa luta é legitima e necessária. “Conheço a história da luta pelo passe estudantil em BH, é importante que se esteja construindo um caminho de diálogo. A cidade vai ganhar com essa iniciativa democrática”, afirmou.


 


Representando a deputada federal Jô Moraes, o vice-presidente do PCdoB de Minas Gerais, Zito Vieira, defendeu mais compromisso dos governos com a juventude. “A crise está afetando de maneira drástica aqueles jovens que procuram o primeiro emprego, é preciso garantir esperança para retomarmos nosso crescimento e avançarmos nas mudanças já conquistadas”, finalizou.


 



De Belo Horizonte,
Pedro Leão