Política Pública

Lendo sobre Planejamento Estratégico Municipal, encontrei a seguinte definição de cidades, atribuída ao teatrólogo Aristófanes: “as cidades são as pessoas”. “Cidades nada mais são do que grupos de pessoas que se reúnem em um determinado espaço físico para

Diante disso, me reporto às características de uma Política Pública que deve ser de Integração, ou seja, uma política onde integre grupos de minorias raciais, religiosas e sociais, de forma a abranger a todos, sem a perpetuação ou acirramento de exclusões sociais e preconceitos.



Ao se elaborar o Planejamento Estratégico Municipal, deve-se focar o povo como objetivo final, o bem estar e proteção de todos, mas sobretudo atacando a exclusão, as vulnerabilidades e os riscos sociais e preservando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos com resolução de problemas tais como o sistema de transporte coletivo minimizando o tempo de viagem, aumentando o conforto e desestimulando o uso dos veículos individuais para deslocamento, distribuir os locais de trabalho e de moradia adequadamente possibilitando maior agilidade e conforto no deslocamento do (a) trabalhador (a) o que propicia mais tempo junto à família e aos amigos.



Parece óbvio, mas nos dias atuais nos defrontamos com ações governamentais onde o preconceito é fator mobilizador da máquina pública, defendendo interesses que não os da população como um todo e sim de grupos econômicos conservadores.



De acordo com Denis Alcides Rezende, 2005:07, o município não deve perseguir apenas objetivos de maximização da utilidade econômica, pois o mesmo lida com grupos humanos que vivem em associação, seus objetivos são mais amplos e envolvem a justiça, a equidade e o equilíbrio social, político e ambiental, temas que extrapolam a racionalidade econômica strictu senso.



Nas últimas semanas voltou-se a falar sobre a construção de um muro para evitar o crescimento de uma determinada favela. Ora então o município do Rio de Janeiro está nos dizendo que sua política setorial de habitação é construção de muro? Não se tem no planejamento estratégico municipal proposta que ataque o déficit habitacional? A prefeitura quer repetir a remoção de favelas como a da catacumba no Leblon, jogando os moradores em regiões longe de seus locais de trabalho, com péssimas condições de transporte, habitação, sem áreas de lazer e demais estruturas necessárias para o bom convívio humano?



Usa-se como argumento a remoção da favela da catacumba como atitude que salvou a bela paisagem da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois bem, então quer dizer que pode-se jogar o problema para locais como Vila Kennedy, Cidade de Deus, Guaporé-Quitungo, Nova Sepetiba, etc…? Sim, lá não teremos especulação imobiliária e não teremos uma população com poder econômico (dinheiro) para usar sua força e intervir na elaboração das políticas públicas, usando instrumentos políticos, administrativos e jurídicos em defesa de seus direitos.



Só para registrar, o terreno onde existia a Catacumba foi ocupado por uma chácara durante todo século 19 e a posse foi transferida aos escravos que ali trabalhavam pela sua antiga proprietária, a Baronesa da Lagoa Rodrigo de Freitas – (http://www.favelatemmemoria.com.br).



Instrumentos como audiências públicas devem ser usados para que o Poder Público venha desenvolver suas propostas nas diversas áreas setoriais e assim evitar muros excludentes e achatamento da camada popular. É atual a necessidade de fortalecimento dos movimentos sociais e através dos mesmos influir no rumo da máquina pública, a Prefeitura do Rio de Janeiro não pode ter medo de dialogar com o povo, construir conjuntamente seu orçamento e suas políticas públicas, DESCONSTRUIR MUROS do preconceito e da exclusão social, é preciso que se abra canal de diálogo com o (a)s trabalhadore (a)s que moram em comunidades e não simplesmente isolá-los em nome de pretensa defesa da natureza ou meio ambiente.    



* Membro militante do PCdoB-Distrital Méier (RJ).