Aécio já aceita Serra, com Itamar na vice em chapa SP-MG
O namoro entre os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) vai de vento em popa e nesta semana ganhou contornos mais nítidos: haverá prévias para escolher o candidato presidencial, como quer o mineiro, porém mais adiante, entre dezembro
Publicado 29/04/2009 22:25
“O que tenho certeza é que, pela afinidade que temos hoje, pelo respeito mútuo que nos une, o presidente Itamar e eu estaremos juntos em 2010, independente da posição que ele tome”, disse Aécio nesta quarta-feira (29), antes de embarcar para a França e depois de uma conversa telefônica com o ex-presidente.
Itamar “no momento certo”
“O presidente Itamar é um dos homens mais respeitados do Brasil e é um homem que tem condições de ser presidente da República, o que inclusive já foi, e ocupar qualquer outro cargo. Caberá a ele, no momento certo, tomar sua definição”, agregou Aécio.
O ex-presidente foi convidado a se filiar ao PPS, que deseja “compor” o “bloco oposicionista” e recuperar-se de uma trajetória descendente. Peemedebista histórico, hoje com 78 anos e sem partido, Itamar já fez um movimento semelhante em 1989, quando entrou no PRN de Fernando Collor de Mello e foi vice deste na primeira eleição presidencial pós-ditadura. Isto o levou a assumir a Presidência com o impeachment de Collor, em 1992.
Agora, o nome do ex-presidente é lembrado para selar um acordo de pacificação do PSDB, dividido desde 2006 entre dois projetos presidenciais conflitantes. O próprio Itamar parece não ter se decidido, e Aécio não explicitou apoio à chapa com o Itamar na vice, que equivaleria a uma confissão de desistência. Porém os dois presidenciáveis concorrentes acertaram os contornos de um acordo de paz tucano, ao jantarem juntos em Belo Horizonte nesta segunda-feira.
“Juntos em 2010”
Após o jantar, o governador mineiro era todo cordura no tratamento do ex-rival. “O menos importante em toda essa discussão é aquilo que muitas vezes parece a setores da imprensa como relevante, que existe uma disputa entre Serra e Aécio. Serra e Aécio estarão juntos em 2010. De que forma: daquela forma que for mais adequada para o enfrentamento do governo para vencermos as eleições”, disse Aécio.
“Nós temos conversado muito ultimamente e o clima é de absoluta afinidade. Estamos avançando, sim, na construção de uma agenda comum, devemos estar juntos, como eu sempre defendi, em algumas regiões do país nesses próximos meses. Caberá à direção nacional do partido, ao presidente Sérgio Guerra, definir quando isso ocorrerá”, disse ainda o governador mineiro.
Mudança de conteúdo
No entendimento, Serra admitiu a realização de prévias no partido, insistentemente defendida por Aécio. Aceitou também uma agenda de viagens dos dois pelo país. Aécio, em contrapartida, concordou que as prévias fiquem para mais tarde, talvez até para fevereiro, a sete meses da eleição.
Porém a mudança maior foi no conteúdo das prévias. Antes, Aécio prometia fezer delas uma tribuna de seu inconformismo com a hegemonia de São Paulo no partido. Argumentava que Serra em 2010 seria a sexta candidatura paulista do PSDB, em todas as eleições presidenciaispós-ditadura. Agora, prepara-se para prévias que ceem um “start” na pré-campanha de Serra 2010, dar ” visibilidade ao partido, é uma forma adequada, correta”, enquanto ele aguarda na “fila”.
Os primeiros sinais de que os dois presidenciáveis tucanos não se engalfinhariam até o fim surgiram ainda em fevereiro, quando o ex-presidente Fernando henrique Cardoso passou a se movimentar claramente em favor de Serra. E ganharam um tom de alvoroço a partir deste fim de semana, quando a ministra Dilma Rousseff, candidata declarada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que está em tratamento para combater um câncer no sistema linfático.
Ao menos em público, os oposicionistas lamentam a doença da ministra-chefe da Casa Civil. Porém o deputado federal Geraldo Thadeu (PPS-MG) chegou a declarar para a imprensa que Dilma devia se afastar para tratamento: “Ela extraiu um tumor maligno e são quatro ou cinco meses de quimioterapia, em que as resistências baixam bastante, o que faz com que a pessoa perca a capacidade de trabalho”, comentou.
A outra torcida é para que a enfermidade estimule, ao menos nos bastidores, o aparecimento de petistas desejosos aparecer como alternativa a Dilma. Numerosos “analistas políticos” já apareceram na mídia estimulando a possibilidade.