Antônio Capistrano: Hugo Chávez e América Latina

Tenho acompanhado com muito interesse a trajetória do presidente Chávez e, a sua proposta de Revolução Bolivariana. O presidente Chávez marca um novo momento político na América Latina. O fracasso do neoliberalismo e a crise do capitalismo mundial abriram

A década de 90 do século 20 foi terrível para o movimento socialista, a direita apregoava o fim da história, o fim do socialismo. A derrocada da União Soviética dava margem a essa interpretação, mas isso não ocorreu, apesar da propaganda norte-americana e européia. O socialismo continuou vivo e se renovando, a crise do socialismo serviu como lição e hoje os partidos de esquerda se fortalecem em todo o mundo, claro que houve um desânimo por parte das forças de esquerda, alguns deram uma quinada para a direita outros renegaram o seu passado, mas muitos continuaram firmes com os seus princípios, defendendo a sua utopia, acreditando no socialismo.


 


Nas Américas, Cuba continua resistindo a todo tipo de pressão efetuado pelo governo ianque. As conquistas sociais da Revolução Cubana continuam garantidas e servindo de exemplo, apesar de um bloqueio econômico imoral e do esfacelamento dos países socialistas do leste europeu. Só um povo politicamente consciente tem a capacidade de resistência como tem o povo cubano. Mesmo sem grandes recursos naturais o governo socialista de Cuba continua a oferecer ao seu povo condições digna de vida, sem luxo, sem consumismo, mas digna.


 


Na Ásia, a China dá um show de competência, mostrando a força do socialismo na transformação de um país que tinha imensas desigualdades, fazendo crescimento econômico com desenvolvimento social. Hoje a China é uma potência respeitada pelo seu poder econômica, militar, cientifico e tecnológico, sem esquecer a sua presença marcante no esporte e nas manifestações culturais.


 


O Vietnã, outro país socialista, orgulho da luta popular, orgulho dos militantes de esquerda, o bravo povo vietnamita conquistou a sua independência derrotando a maior potência militar do mundo, hoje é um país unificado, em pleno desenvolvimento.


 


A heróica Coréia do Norte continua enfrentando agressões das forças reacionárias, vem sofrendo desde o fim da segunda guerra mundial todo tipo de pressão, resistiu. Hoje, a Coréia do Norte está vivendo um novo momento, que a mídia controlada por interesses capitalista teima em esconder.


 


É dentro desde contexto que surge a figura do presidente Hugo Chávez, líder popular e carismático, ele é o pioneiro desse novo momento na América Latina. Chávez é coronel, não um coronel das quarteladas, tão característico dos tempos passados, mas um novo líder, com uma nova mensagem, a sua palavra é de união, pregando a Revolução Bolivariana e o socialismo como solução para os graves problemas sociais e econômicos deixados pelo colonialismo e aprofundados pelo neoliberalismo.


 


Hugo Chávez passou a ser considerado inimigo preferencial da direita, não só venezuelana, mas de toda a direita latino-americana, ele é o alvo principal dos ataques norte-americano. A grande mídia, que controla a informação, faz uma massiva campanha com o objetivo de desestabilizá-lo. A elite venezuelana tentou um golpe, militar e midiatico, com o apoio da rede televisiva RCTV (a Globo de lá) e do governo Bush, mas o povo reagiu, foi para as ruas defender o seu presidente derrotando os golpistas e mantendo Chávez no governo. Ele teve a coragem de enfrentar os poderosos, inclusive os que controlavam a poderosa mídia no seu país.


 


Chávez disse em uma entrevista, “nada se muda sem choque” e é verdade. Outra frase que mostrar a sua visão correta da luta popular e socialista na defesa dos excluídos, “nessa luta é impossível evitar o confronto com a direita”. O seu governo vem se caracterizando como um dos mais democráticos da história da América Latina. Ele, em 10 anos de governo, já realizou 15 consultas populares, é o povo participando das decisões do país, isso é democracia, embora a grande mídia exista em taxá-lo de pretenso ditador.


 


A Revista Carta Capital, em fevereiro de 2006, publicou uma entrevista com o presidente venezuelano realizada, no Palácio Miraflores, pelos jornalistas Mauricio Dias e Mino Carta. Na abertura da entrevista eles fazem uma discrição do presidente Chávez, que diz: “O presidente venezuelano demonstra saber a que veio. No contato direto, surpreende, a diferença com a imagem das fotos. Menos corpulento. Ele é um índio sólido, quase sempre sorridente. Afável, elegante no trato, fluente na palavra, comedido no uso da retórica”. Imagem totalmente diferente da imagem colocada na grande mídia pelos interesses imperialistas.


 


A Venezuela vive hoje um novo momento, com reflexos em toda América Latina. Chávez na Presidência da Venezuela foi o inicio do fim do neoliberalismo no nosso continente, depois veio o Brasil com Lula, a Bolívia com Evo Morales, o Equador com Correia, o Chile com Michelle Bachelet, o Paraguai com Fernando Lupo, a Nicarágua com a volta de Daniel Ortega e agora, El Salvador com Mauricio Funes.


 


Queiram ou não os “profetas” do fim do socialismo, quem fracassou foi o neoliberalismo, quem tem fracassado é o capitalismo, hoje o mundo volta a ter esperança, o socialismo está vivo.


 


por Antônio Capistrano – ex-reitor da Uern e filiado ao PCdoB