A polícia da web intimida a troca de informações
O caso dos piratas suecos do site Pirate Bay trouxe à tona o assunto da distribuição ilegal de informações digitais e as discussões sobre limites para a troca de arquivos na internet.
Por Felipe Marra Mendonça, para CartaCapital
Publicado 17/05/2009 20:06
Um relatório da empresa BayTSP (www.baytsp.com) confirma o que era esperado: o uso de arquivos torrent, que facilitam a transmissão de grandes volumes de dados pela rede, move a maior parte da pirataria on-line.
A companhia é especializada em agir como uma espécie de rastreador do mundo cibernético, a mando das grandes empresas de entretenimento, acompanhando a rota do conteúdo legal até cair nas mãos dos piratas.
A BayTSP também assume um lado “capanga”, quando envia notificações para diferentes provedores ou sites pedindo a retirada de conteúdos teoricamente ilegais, como gravadoras que não querem vídeos de seus artistas colocados no YouTube.
É curioso pensar que as gravadoras não gostam do que essencialmente é uma divulgação gratuita do seu produto e, sobretudo, que a indústria enxergue em seus consumidores uma classe de criminosos, até prova em contrário.
O interessante do estudo divulgado pela BayTSP é o ranking dos países campeões em trocas de arquivos supostamente ilícitos. Os três primeiros são Espanha, Itália e França, que a companhia diz terem leis fracas de proteção ao direito autoral.
O Brasil, que em 2007 estava em nono lugar, agora se encontra na sexta posição, talvez como resultado do crescimento das redes de banda larga no País. O resto da lista é composto de Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Polônia, Israel e Canadá.
O relatório também nota o crescimento de sites de distribuição legal de conteúdos, principalmente vídeos, como o portal da rede americana ABC e do ComedyCentral.com.
Também cresceram lojas virtuais como a iTunes Store e a Amazon Video on Demand, que oferecem uma proposta atraente para os consumidores que prefeririam pagar pelo conteúdo legal: um preço razoável, altas velocidades e conteúdo variado.
O último ponto é importante, pois o material normalmente disponível em sites como o Pirate Bay, com velocidade razoável, se limita aos últimos lançamentos ou às séries mais populares, nem sempre o que o consumidor final procura para o seu entretenimento.
O que não deve ser feito para solucionar o problema é a ideia proposta pela indústria do entretenimento na terça-feira 12, em Londres.
Ela sustenta que a política de enviar notificações aos suspeitos de cometer infrações não é suficiente para coibir a pirataria e quer que os provedores de acesso comecem a desconectar usuários que quebrem de forma repetida os direitos autorais ao distribuir músicas, por exemplo.
A tese é que os internautas só respeitariam as notificações se elas fossem acompanhadas de uma ameaça real de desconexão em caso de reincidência.
Os provedores de internet responderam que a melhor alternativa é um sistema mais simples de licenciamento e mais facilidades para a compra de conteúdo legal.
Não existe ainda um consenso sobre o modelo perfeito para coibir a pirataria digital, mas é um alento pensar que, pouco a pouco, fica provado que o consumidor não é o culpado pela situação atual.