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Estudantes fazem atos contra fim do diploma de jornalismo

Estudantes de jornalismo e sindicatos de São Paulo, Campinas e Brasília participaram, nesta segunda-feira (22), de duas manifestações contra a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de acabar com a obrigatoriedade do diploma de graduação para o

Cerca de 120 estudantes, segundo a Polícia Militar, reuniram-se às 10h30, em São Paulo, em frente a um hotel onde o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, estaria ao meio-dia para fazer palestra a empresários.

A maioria dos manifestantes usava um nariz de palhaço. Muitos estavam de avental e de chapéu de cozinheiro, além de levarem panelas e colheres de pau. Alguns estudantes se reuniram em círculo para ''cozinhar'' para o ministro, que chegou a comparar jornalistas a cozinheiros ao apresentar seu voto, no plenário do STF, na semana passada.

Mesmo não cursando jornalismo, a estudante de rádio e TV Stefanie Trindade foi à região da Paulista para protestar contra a decisão. ''Sou solidária aos jornalistas porque acho um absurdo e um desrespeito (o fim da obrigatoriedade do diploma) com aqueles que estudaram e têm um diploma'', explicou.

''Não quero desmerecer os profissionais que exercem a profissão sem ter estudado, como se eles não fossem competentes. Mas muita gente passa quatro anos na faculdade em busca de um futuro melhor e isso agora não tem mais valor? Não acho correto'', argumentou Stefanie.

Para o estudante de jornalismo Marco Mesquita, a decisão do STF não é adequada porque cada jornalista tem seu modo de ver e apurar as notícias. ''A faculdade é fundamental para ensinar o modo mais ético'', disse.

A estudante Camila da Silva foi protestar por achar que a medida não afeta apenas aos jornalistas. ''É uma questão de cultura. Com a desobrigação, menos pessoas vão querer cursar uma faculdade e o país terá menos cultura.''

Brasília


A capital federal também foi palco de protestos contra a decisão do STF. Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Romário Schettino, a determinação confunde prática jornalística com emissão de opiniões. A manifestação reuniu estudantes, jornalistas e sindicatos ligados à categoria, em frente ao Supremo.

“Jornalismo não é emitir opinião. Jornalismo é apuração”, disse Schettino aos pouco mais de cem manifestantes. “De forma nenhuma a prática jornalística fere a liberdade de expressão, até porque sempre houve e sempre haverá, nos veículos, espaço para esse tipo de manifestação. O que nós jornalistas fazemos é apurar fatos e, seguindo critérios técnicos, identificar aqueles que são mais relevantes para a sociedade”, completou.

Segundo Schettino, o sindicato vai às ruas com o objetivo de debater a questão e apresentar uma nova proposta de regulamentação da profissão. Mas ele lembra que a prerrogativa para a apresentação da proposta precisa ser do Executivo.

“O ministro do Trabalho já tem em mãos um projeto elaborado pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). Vamos lutar para implementá-lo, cientes de que esse tipo de proposta é de competência do Executivo, e que a apresentação de novas leis pelos parlamentares poderá ser considerada inconstitucional”, argumentou.

Com Agência Brasil e CBN