Stiglitz destaca ponto de vista de países pobres
O norte-americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001, se mostrou satisfeito com as resoluções que sairão da assembleia da ONU sobre a crise econômica mundial. Ex-economista-chefe do Banco Mundial (BM), disse que o encontro realizado na s
Publicado 26/06/2009 13:12
''Já sabemos que problemas desta magnitude não são resolvidos em uma reunião de três dias'', disse o economista da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, em entrevista coletiva. Aproximadamente 140 delegações terão falado na cúpula até amanhã, quando será escrito um documento final. O texto exporá as causas da crise, assim como medidas para resolvê-la e mitigar seus efeitos, particularmente entre as nações mais pobres.
Embora reflita as reformas da arquitetura financeira internacional que um grupo de analistas liderado por Stiglitz propôs em um relatório divulgado ainda no mês de março na Assembleia Geral da ONU, o texto não as adota completamente. A comissão do Prêmio Nobel defende substituir o dólar como moeda de comércio internacional e substituir o G20 por um novo Conselho Econômico Global, que inclua os interesses de todas as economias do planeta.
Além disso, aposta em impor restrições internacionais que evitem um aumento incontrolável dos bancos e a adoção de limites nas transações bancárias aos paraísos fiscais. Stiglitz disse que estas propostas ficaram diluídas no documento final, mas ressaltou que está contente pelo fato de ter se chegado a um consenso sobre as causas da crise e as medidas a serem feitas.
Para ele, é bom saber que o documento final menciona que alguns países favorecem a criação de um ''novo sistema de reserva global'', que ofereça apoio financeiro aos países em desenvolvimento e não seja dominado pelas economias mais ricas, como ocorre no Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre os autores do relatório está ainda o ex-ministro Rubens Ricupero.
Desabafo
Ao participar de mesa-redonda, Stiglitz disse que a comissão destacou a necessidade de criação de uma instituição “mais rápida para distribuição de fundos” e que atue por outros mecanismos. O acadêmico considera uma “ironia” fazer do FMI o organismo responsável em dar respostas para a crise. A política de pressão do Fundo, critica, “contribuiu para a crise e espalhamento dela”.
Além de parte importante de financiamentos concedidos pelo FMI ter condicionalidades para a liberação, a “eficiência deles permanece controversa”, salientou Stiglitz. A instituição alternativa ao fundo, citada pelo professor da Columbia University, liberaria recursos por concessão, e não por financiamentos. “Não queremos outra crise de dívidas”, observa. Stiglitz.
Segundo ele, há consenso entre os membros da ONU sobre a necessidade de reforma das instituições de Bretton Woods, observando ainda existir a preocupação de que mudança na divisão de cotas não represente “mudança substancial para as decisões mais importantes”. Já o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez um desabafo a falta de unidade dos membros do organização a respeito da reforma de instituições multilaterais.“Essa não é uma causa para uma pessoa, um país ou grupo de nações. É um desafio para todos”, afirmou.
Com agências