Micheletti fraqueja e já prepara sua saída de Honduras
O presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, “solicitou imunidade e um destino tranquilo fora de Honduras para abandonar o poder”, em sua reunião nesta sexta-feira (3) entre o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), o chile
Publicado 03/07/2009 19:37
Conforme o jornalista Juan Carlos Rivera Torres, que assina a matéria de Honduras, Micheletti “esqueceu-se por completo” da hipótese de eleições antecipadas sob o governo golpista, que horas antes tentara insistentemente vender à comunidade internacional. “Esta atitude de debilidade mostra que a situação política desenhada pelo golpistas nos veículos de comunicação está longe de se achar sob controle”, comenta o jornal espanhol de centro-esquerda.
General Orellana: “Foi golpe”
Diversas fontes ouvidas pelo correspondente salientaram que a inquietação começa a se instalar em setores do exército. O ex- ministro da Defesa Edmundo Orellana – cuja renúncia no sábado, juntamente com a demissão do chefe das Forças Armadas, general Romeo Vasquez, serviu como um gatilho para o golpe – pediu retorno ao poder presidente constitucional, Manuel Zelaya.
Orellana era apresentado pelos golpistas como um herói, por ter resistido ao projeto de Zelaya de consultar o povo sobre uma Constituinte. Agora o general divulgou uma carta afirmando que, com as decisões tomadas pelo Congresso, a Corte Suprema e o Exército, “violou-se a Constituição da República e perpetrou-se um golpe de Estado”. Ele recapitula os episódios da crise na semana passada, mantendo sua posição, mas insiste que nada disso faculta ao Congresso destituir um presidente da República.
Na opinião dos adeptos do retorno de Mel Zelaya, entre eles o secretário-geral da OEA, Micheletti, sendo um presidente de fato, não tem respaldo constitucional para convocar eleições. “Não vou para negociar nada, nada que não seja a saída de Micheletti”, disse Insulza logo antes de subir no avião que o levou a Tegucigalpa.
Horas que correm como minutos
“As horas começam a correr como minutos para o governo golpista”, descreve o correspondente Juan Carlos Rivera Torres. Hoje expira o ultimato fixado pela OEA para o regresso de Zelaya à sede presidencial. Enquanto isso os movimentos sociais continuam a manifestar-se nas ruas das principais cidades, como San Pedro Sula, Tegucigalpa e La Ceiba.
Nos arredores da Casa Presidencial, a sede do governo, na capital, cerca de 20 mil pessoas, na estimativa do Público, exigiram nesta sexta-feira o regresso do presidente hondurenho e o fim da quartelada.
San Pedro Sula, a segunda maior cidade hondurenha, começa a se tornara capital social da repressão, devido à quase ausência de imprensa internacional. Ali, 10 mil seguidores de Zelaya foram duramente dispersados pelas Forças Armadas. Fontes não oficiais afirmam que houve 78 feridos, alguns por tiros. A carga foi desproporcional.
Agora, a dúvida que permanece em Honduras é qual via será usada por Zelaya e a comissão internacional que o acompanhará, liderada pelos presidentes Cristina Kirchner, da Argentina, e Rafael Correa, do Equador. Micheletti advertiu que, se Zelaya retornar, Honduras pode viver um banho de sangue. Fontes próximas ao presidente constitucional indicaram ao Público que o retorno é iminente, e que o presidente “poderia entrar através de um ponto não resguardado da fronteira”. O governo imposto intensificou ontem com mais soldados a linha fronteiriça com a Nicarágua e El Salvador.
Com informações do Público